PRA VOCÊ PENSAR – O soldado cidadão e a RAM

PRA VOCÊ PENSAR – O soldado cidadão e a RAM.

Aspectos interessantes da RAM (Revolução dos Assuntos Militares) – (RMA – Revolution in Military Affairs).

Fonte: https://sociedademilitar.com

    Todos os militares, independente de serem praças ou oficiais estão em meio a essa revolução. O conceito de RAM corresponde à idéia de que as questões militares devem, a partir das inovações tecnológicas e sociais recentes, ser planejadas e executadas sob novos e revolucionários conceitos. As inovações, ao contrario do que poderia se acreditar, não são somente na área da tecnologia e informática. Inter-relacionamentos, políticas sociais voltadas para os familiares dos militares e intelectualização da tropa são alguns dos quesitos que passam por amplas transformações em todo o planeta, o país que se deixar ficar para trás nessas questões corre sério risco de se tornar obsoleto em relação à defesa.

   A Estratégia nacional de defesa, projeto elaborado em 2008, já prevê em seu escopo algumas modernizações interessantes, como a maior participação de militares de baixo escalão nas decisões atinentes as operações em curso.

   A idéia de uma “revolução” nas questões militares foi formulada pela primeira vez nos meios militares soviéticos nos anos 70. A expressão traduzia certo culto ideológico de inspiração marxista-leninista. Porém, na verdade os equipamentos militares e a própria estratégia militar estão sempre em evolução, entendemos que a grande revolução se dá realmente na área sociológica e política.

   Antes da Revolução Francesa a imensa maioria das guerras era realizada por exércitos pouco interessados ou informados acerca das questões político-sociais que motivavam os embates. Predominavam os soldados semi-profissionais – ora camponeses ora guerreiros – congregados em exércitos, em relações quase sempre coercitivas, para resolver questões causadas por reis interessados em ampliar seus domínios, príncipes desejosos de sua emancipação ou burgueses voltados para questões comerciais, como os que financiaram as grandes navegações. Essas questões muito raramente chegavam a ser compreendidas pelos soldados ou marinheiros que de fato eram quem participava das sanguinárias batalhas.

   Após a dita revolução, que lançou as bases do atual Estado moderno, os dados ideológicos e sociais da guerra foram drasticamente modificados, foi introduzida a ideologia e o nacionalismo na equação da guerra. No bojo da Revolução Francesa veio a Revolução Industrial, e esta traz as condições financeiras, administrativas, culturais e tecnológicas que vão alterar para sempre a condução da guerra.  Muito mais do que as espingardas que a Revolução Industrial trouxe para as mãos dos soldados, foi a mudança de mentalidade a verdadeira revolução na arte da guerra. Chegou o tempo do soldado-cidadão. É um profissional da guerra, mas muito mais do que isso, ele é engajado politicamente, ele luta por um ideal e quando sai de casa para a batalha sua família se despede com orgulho. Diz-se que esse ingrediente ideológico é o principal motivador dos soldados atualmente.

   Assim aconteceu na segunda grande guerra mundial, na guerra do Vietnam e nas incursões americanas no golfo pérsico. Os americanos tem se mostrado mestres em enviar homens realmente engajados de corpo e espírito nas guerras que travam, há sempre um combustível motivacional nas questões, o último deles foi extinguir as armas de destruição em massa que Saddam supostamente escondia no Iraque.

   Em se tratando de Brasil como poderíamos tratar essa nova questão do soldado engajado? Nossos soldados têm seus líderes como ícones ideológicos? A conduta do administrador público brasileiro, que é realmente quem define as questões político-estratégicas que terminarão ou não em um combate de fato, se mostra condizente com a ideologia e visão de mundo do soldado brasileiro?

 

   As Forças armadas, segundo pesquisas recentes, estão entre as instituições com maior credibilidade, e seus componentes – com raríssimas exceções – são hígidos, honestos e patriotas. Pode-se perceber isso claramente nesses dias, que tem servido como uma verdadeira prova de submissão aos princípios basilares, hierarquia e disciplina. Mesmo em uma época em que podemos dizer que o militar – principalmente o graduado – está com a moral baixa por conta das enormes privações financeiras que tem passado junto com sua família, não se tem notícia de nenhum motim, nenhum ato de desobediência ou quaisquer manifestações de indisciplina.

   Como, diante da situação atual, poder-se-ia, num momento de caos social, compactibilizar o soldado com seus líderes políticos, os donos da burocracia estatal? O soldado brasileiro iria combater confiante de que realmente está lutando por conta de uma decisão coerente e lícita ou surgiria em sua mente dúvidas de que pode haver algo que destoa dos ideais que jurou defender?

       O militar de hoje não opera somente uma lança, ou um fuzil, ele opera armamentos capazes de destruir centenas, ou milhares de pessoas ao mesmo tempo, e essa condição exige comprometimento e responsabilidade cada vez maiores.

   E se entrassemos em guerra hoje, como se comportaria o soldado brasileiro? 

Fonte: https://sociedademilitar.com

 

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Sociedade Militar