Imprensa exalta Paris, mas esconde terror na NIGÉRIA. Negros e Cristãos valem menos?

Imprensa exalta Paris, mas esconde terror na NIGÉRIA.

Robson A.D. Silva – Revista Sociedade Militar.

Mais de um milhão de pessoas e 40 líderes mundiais lotaram as ruas de Paris no domingo, em solidariedade depois de dois ataques terroristas que ceifaram 17 vidas inocentes na semana passada. No dia anterior, num local longiquo, mais de 3.000 quilômetros ao sul, uma menina que tinha em torno de 10 anos de idade aproximou-se da entrada de um mercado lotado em Maiduguri, cidade com cerca de 1 milhão de habitantes em Borno Estado da Nigéria. Quando um guarda a revistava, ela detonou os explosivos amarrados a seu corpo, matando-se e pelo menos a outras 19 pessoas. Dezenas de outras pessoas ficaram feridas.

O atentado suicida provocou pouca cobertura em comparação com os acontecimentos em Paris, que dominaram as manchetes desde a quarta-feira passadaPor que o abate de pessoas na França recebe mais atenção do que a morte de aproximadamente o mesmo número de nigerianos? Esse é o tipo de pergunta que poderia resultar em acusações de indiferença, racismo e preconceito religioso da mídia. Contudo, o contraste entre os ataques em Paris e o atentado suicida em Maiduguri, na verdade, revela coisas muito mais terríveis: a própria devastação e falência de alguns estados em pleno séc. XXI, que tem recebido menos atenção de organismos internacionais como a ONU, e a força que alguns grupos têm para conduzir a mídia a publicar o que lhes convém.

A Nigéria tem uma população de mais de 170 milhões de pessoas. Estes, assim como qualquer cidadão do mundo, tem o direito de receber a proteção de organismos internacionais.

Sabe-se que em uma onda de violência contra cristãos na África. Por que a imprensa internacional se omite em relação a isso? Só na Nigéria desde outubro já são mais de 200 igrejas destruídas. Por que o PAPA não menciona o assunto? Por que os grandes líderes evangélicos do Brasil e do mundo não tocam nessa questão e exigem providências da ONU.

Publicamos aqui um artigo sobre a escalada da violência contra cristãos.

Em janeiro de 2014 uma autoridade expressiva da ONU se manifestou condenando a Nigéria, mas não citou o terrorismo, os cristãos ou os cidadãos massacrados. O assunto foi nova lei nigeriana que criminaliza a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT), assim como as organizações, atividades e pessoas que os apoiem. A norma foi classificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como “draconiana”. A comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, se disse alarmada.

Por que isso aconteceu? Simplesmente por que a comunidade LGBT se posicionou e insistiu para que a ONU se manifestasse.

Enquanto isso o Boko Haram está empreendendo uma guerra implacável em todo nordeste da Nigéria, país mais populoso da África. Na quarta-feira, os guerrilheiros do grupo realizaram um cerco a Baga, uma cidade que tem resistido aos mesmos. O grupo colocou fogo em edifícios e matou muitos moradores de forma indiscriminada. Centenas de pessoas fugiram para o Lago Chade e tentaram nadar até uma ilha próxima. Muitos se afogaram ao longo do caminho. Aqueles que não fugiram estão agora estão abandonados, sem comida e abrigo e não têm defesa contra o enxame de mosquitos da malária. O número de mortos em Baga ultrapassa 2.000. Alguns falam que 20.000 pessoas estão desalojadas.

Há informações que atestam que os militares lotados na cidade fugiram quando receberam informações sobre a aproximação do Boko Haram.

O VOX (Veja aqui) e The New York Times são alguns dos poucos que tocam no assunto, a história desse cerco mortal apareceu na edição impressa de sábado passado do NYT.

Como os ataques na França ofuscaram completamente as atrocidades na Nigéria?

Uma explicação dada seria a dificuldade de cobrir as localidades perigosas e com esse tipo de guerra, onde não se respeita convenções internacionais.  Exactamente o que ocorre no nordeste do estado de Borno da Nigéria, onde o Boko Haram reina. Uma dinâmica semelhante existe na Síria, onde a guerra civil já custou cerca de 200.000 vidas , uma vez que entrou em erupção em 2011, após os movimentos insurgentes terem recebido amplo apoio da mídia internacional. Agora, relativamente poucos jornalistas estão lá para testemunhar os acontecimentos.

A principal diferença entre a França e a Nigéria é que um país tem um governo que toma providências em momentos de necessidade e o outro não. Os franceses podem não ser muito afeiçoados ao presidente François Hollande, seus índices de aprovação em novembro chegaram a somente 12 por cento, mas ele respondeu aos ataques terroristas individuais de seu país com muita determinação.

Não é assim da Nigéria de Goodluck Jonathan. Desde que assumiu a presidência em 2010, Jonathan tem feito pouco para conter o Boko Haram. O grupo surgiu em 2002 e consolidou o controle sobre uma área gigantesca. E está ganhando terreno. Perversamente, ao que parece, a violência na África para nós se tornou rotineira, por isso nos desinteressamos, o que a tornou pouco lucrativa para os grandes veículos de mídia.

Seria o momento dos líderes mundiais darem as mãos e empreenderem uma caminhada?

Robson A.D. Silva – Revista Sociedade Militar.

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