Militares russos cada vez mais agressivos. Acordos com CUBA e VENEZUELA. Armas para o BRASIL. O que pode estar por traz do acordo entre Obama e Raul Castro?

Eles estão de volta. No passado a ideologia comunista, disseminada pela antiga URSS, era uma realidade na mente de milhares de jovens brasileiros. A existência de centros de trabalho forçados como os Gulags e a morte de milhões de pessoas que ousaram resistir ao comunismo atrás da cortina de ferro não eram fator de dissuasão para os membros da luta armada no Brasil. Para eles isso fazia parte da revolução – os fins justificam os meios –  era seu lema.  Mas, graças a alguns heróis da democracia, civis e militares, eles não obtiveram êxito. Depois de alguns anos o império soviético ruiu em todo o planeta.

Mas, percebe-se que os russos voltam a ação, uma espécie de guerra fria já é bem visível aos mais observadores. A disputa pela influencia sobre países do Oriente Médio, como a Síria, é uma grande evidencia disso. Mas, a Rússia parece não estar satisfeita somente com Europa e Ásia, e parece que pretende aos poucos se aproximar da América latina.

Sua industria bélica já é presente nas forças armadas de Brasil e Venezuela, por exemplo.

Em 12 de dezembro, um jato militar russo passou perigosamente perto de um avião de passageiros da Scandinavian Airlines no espaço aéreo internacional, perto sul da Suécia. Alegadamente, a aeronave russa estava voando sem o seu transponder ativo quando os militares suecos detectaram sua presença. Os suecos notificaram o controle civil de tráfego aéreo, que rapidamente desviou o jato civil. A colisão foi evitada.

Imediatamente após o incidente de dezembro, os russos negaram que a sua aeronave estaria em qualquer lugar perto do jato de passageiros. Mas, o quase acidente nos céus da Escandinávia foi apenas o mais recente incidente em um padrão consistente de provocações russas e “quem, eu?” (negações). Em março de 2014, um avião de reconhecimento russo chegou tão perto de um avião de passageiros que partiu de Copenhage, que exigiu que os pilotos também realizassem uma manobra para evitar uma colisão.

Durante anos, os aviões russos têm realizado vôos rasantes nos países vizinhos europeus, em grande parte, sem muita atenção do público. Mas, como as relações da Rússia com os Estados Unidos e na Europa se deterioraram bastante nos últimos meses, após a anexação por Moscou da Criméia e apoio em favor dos rebeldes no leste da Ucrânia, estes incidentes nos céus parecem ter assumido maior visibilidade, ainda que no Brasil nem sejam mencionados em telejornais ou sites especializados.

No ponto de vista de analistas políticos, eles podem até mesmo anunciar um renascimento de um período similar à época da Guerra Fria.

Mas, ao que parece, a Rússia emitiu uma nova doutrina militar em 2010 que reduz sensivelmente o papel das armas nucleares. A doutrina mantém a possibilidade de uso nuclear, mas diz que a Rússia iria considerar isso em situações em que “a própria existência do Estado” está sob ameaça.

Quem pode interpretar o que seria uma ameaça a existência do estado, para o poderoso Putin?

O atual comportamento agressivo de Moscou é avaliado como uma demonstração de força por parte  do Kremlin, e talvez seja até uma tentativa de lembrar que a Rússia é uma espécie de gigante adormecido, com enorme capacidade nuclear. Uma reação exagerada seria uma resposta equivocada. Esse tipo de provocação não aparenta ser um grave perigo para a Europa Ocidental. E talvez seja algo similar ao que ditador coreano fez há pouco tempo, realizando grandes manobras militares e testes com mísseis.

As provocações não mostram sinais de diminuição. Em novembro, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu anunciou que a Rússia iria enviar bombardeiros para o Golfo do México e Caribe. Isso soou como algo dramático para a sociedade civil, mas na verdade é algo normal em se tratando de manobras militares. Em junho, por exemplo, bombardeiros russos com e caças apareceram nas proximidades do Alaska, os bombardeiros continuaram sua viagem até o sul da Califórnia.

A aproximação recente de Obama com os irmãos Castro deve ser avaliada também nesse contexto, haja vista as informações que indicam que Putin considera construir em Cuba ou Nicarágua um complexo militar capaz de receber vários navios militares.

É uma grande verdade que a ilha caribenha tem mais atrativos políticos que econômicos. O presidente Barack Obama não toma nenhuma decisão “do nada”, ele dispõe da maior rede de informações do planeta.

Talvez o aumento da influencia política que a Rússia tem seja o principal fator de preocupação a cogitar no momento. Nenhum país sensato, nem mesmo a Rússia, mergulharia seu povo numa empreitada militar sem chance de sucesso rápido.

Robson A.D. Silva — https://sociedademilitar.com.br

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Sociedade Militar