Sargento fala sobre as dificuldades atualmente impostas aos militares que desejam porte de arma para defesa própria.

Sargento fala sobre as dificuldades atualmente impostas aos militares que desejam porte de arma para defesa própria.

“Negar o porte de Arma é falta de respeito… Ampliar a possibilidade dos PRAÇAS DE CARREIRA ascenderem ao OFICIALATO.”

Entrevista com candidato primeiro sargento Rogério.

Relembrando uma ótima entrevista concedida por um homem que tinha tudo para representar bem a família militar carioca. Série Conheça seus Representantes. Sargento Rogério. 5099. Candidato a deputado federal, partido Psol. Rio de Janeiro. Revista Sociedade Militar.

Sim! Democracia representativa. Quando uma pessoa é escolhida para representar no LEGISLATIVO um grupo, uma categoria, uma parcela de pessoas dentro da sociedade. A revista Sociedade Militar entrevistou nessa terça-feira o 1º Sargento Rogério, candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro. Rogério, bem dentro daquilo que chamamos democracia representativa, tem como objetivo representar os militares das Forças Armadas, principalmente os soldados, cabos e sargentos, considerados por ele como os mais afetados pelo arrocho salarial e problemas decorridos do que chama de “uso político das Forças Armadas”.

Conversamos as margens da Bahia de Guanabara. As forças armadas são bem presentes no cenário carioca. Forte Copacabana ao fundo, Escola Naval e terceiro Comar bem em frente, do outro lado da bahia, nas proximidades do Aeroporto Santos Dumont, nos lembravam de quão grande é a família militar residente no Estado do Rio de Janeiro. Rogério foi bem franco e direto na conversa, é um homem experimentado e realmente imbuído de colocar em prática seus objetivos. O sargento foi punido pela justiça militar e afastado do exército, foi reformado pelo Conselho de Disciplina. Segundo conta, tudo começou depois de ter se candidatado ao cargo de deputado federal em 2006, quando obteve mais de 2 mil votos. Algum tempo depois foi transferido para fora do Rio de Janeiro, sendo afastado de seu domicilio eleitoral. Depois de vários anos de intensas lutas o militar conseguiu ser absolvido no Supremo Tribunal Federal, sendo então canceladas as decisões dos tribunais militares.

O candidato tem também um posicionamento interessante em relação à Justiça Militar, ele acredita que não é um sistema realmente justo, na medida em que os praças são julgados por conselhos compostos somente de oficiais. _ Se todos são leigos, não ha exigência de formação em direito, o que impede de haver praças, sub-tenentes, na banca julgadora? Pergunta. O candidato cita as várias anulações pelo Supremo Tribunal Federal de decisões de tribunais militares, acrescentando que os juizes-generais são leigos, sem formação em direito, escolhidos por sua atuação como militares, e não como operadores do direito, o que aumenta muito as chances de serem cometidas injustiças, principalmente contra praças. Essa questão Rogério sentiu na própria pele ja que foi condenado na justiça militar em decisão posteriormente anulada pelo Supremo Trib. Federal, como mencionado acima.

Em vídeo amplamente difundido na internet o sargento diz que ao invés de brigar por melhores condições para todos os militares os oficiais optam por beneficiar a si mesmos. Rogério diz que como deputado vai dar mesmo a “cara-a-tapa” e lutar contra isso.

Perguntado sobre hierárquia e disciplina, Rogério diz que como militar acredita que os princípios tem que ser preservados, mas que isso não significa tratamento desigual e desumano contra os que estão na parte inferior da carreira militar. Ele diz: “muitos sargentos falam que não existe esse apartheit entre oficiais e praças, existe sim. Existe na alimentação, existe nos PNR, existe nas transferências, no tratamento”.

“Quem mais sofre com os baixos salários das Forças Armadas são os Praças que estão sendo desvalorizados profissional e financeiramente, sendo tratados como na época do império. Lesados há anos com aumentos diferenciados e com interstícios longos e covardes. ( 28.86, GCET, MP 2001). Somente nas Forças Armadas um profissional concursado, só por ser Praça, tem que esperar 10 (dez) anos para ter sua estabilidade. O salário de um 3º Sargento hoje, deveria ser o de um 2º Tenente ( R$ 7.000.00). Os abusos de autoridade contra os Praças são imensos e institucionalizados.”

O sargento também disse para a Revista Sociedade Militar que a estabilidade garantida somente após 10 anos de serviço é uma forma de deixar os militares “na mão do sistema” e que já viu vários militares serem demitidos por causa de faltas insignificantes faltando apenas poucos meses para completarem 10 anos de serviço. “isso é uma covardia, isso é um abuso de autoridade”.

Em seu site na internet Rogério faz algumas denuncias importantes para endossar sua tese de que o sistema é mantido do jeito que está para fovorecer aqueles que estão por cima.

“… O Ex-Comandandante da 1ª Região Militar pediu reserva e logo após arrumou uma boquinha como PTTC, ganhando mais R$ 6.000,00, fora o salário de R$20.000,00, continuando morando em um excelente PNR na Urca, de frente para o mar, tendo inclusive carro com motorista.” (https://www.militarvota5099.com.br/sobre.html )

Rogério continua, e diz que negar o porte de arma é uma falta de respeito para com os militares. Ele acha que é inadmissível, no mínimo um paradoxo, um sargento atirar milhares de vezes em sua carreira, realizar serviço de policia em comunidades cariocas, como o Complexo da Maré, e depois não ter o direito a portar sua própria arma para defender a si e sua família.

Rogério também falou sobre saúde, disse que o atendimento nos hospitais militares está um verdadeiro caos, ele acredita que a verba é mal aplicada, ressalta que não há inadimplência, ja que os descontos são em folha, e avisa que uma das suas primeiras ações como deputado será solicitar uma auditoria completa nas unidades de saúde das Forças Armadas.

Aumentar a possibilidade dos praças galgarem o oficialato está entre os projetos do candidato, ele acredita que os sargentos de carreira, graduados com muito esforço e por conta própria em universidades particulares e públicas, poderiam ocupar muitas das vagas que atualmente são oferecidas para oficiais temporários, com a vantagem de os sargentos ja serem militares familiarizados com a rotina, armamentos etc. Ele acredita que há falhas na escolha desse tipo de oficiais, que não entram por meio de concurso, mas por seleção baseada em títulos, entrevistas etc., e  já chegou a fazer denúncias na justiça contra esse tipo de seleção.

Em 2006 o candidato faz sua campanha sem a ajuda de nenhum empresário ou instituição, disponibilizando o que foi possível, gastou mais de 2 mil reais do próprio bolso, o que mal dá para imprimir alguns folhetos e cartazes. Mesmo assim ele obteve mais de 2.000 votos.

Observa-se que a quantidade de votos recebidos por Rogério, comparado com os gastos, revela uma ótima aceitação, com custo por voto baixissimo, cerca de R$ 1,26. Comparando seus gastos com Leonardo Picciani, por exemplo, que foi eleito para o cargo de deputado federal na mesma eleição, e gastou pouco mais de 1 milhão de reais, recebendo 173 mil votos, tendo o custo por voto em R$ 6,34, Rogério é um campeão. Por essa ótica o candidato militar em questão é o tipo ideal para a prática de uma política que não gere “rabos presos” com financiadores, prática que hoje faz com que os mandatos acabem sendo realizados mais no sentido de retribuir os empresarios pelas doações de campanha do que para atender as necessidades dos eleitores.

Principais PROJETOS:

– Criação de Hospital das Forças Armadas na Baixada Fluminense, Zona Oeste e São Gonçalo.
– Padronização das promoções dos Sargentos, através de Lei.
– Retorno do tempo de serviço e promoção ao ir para reserva.
– Porte de arma na identidade, inclusive para os Reformados e inativos.
– Extinção da Justiça Militar.
– Extinção das Urnas eletrônicas, já que o Brasil é o único País que adota este sistema sujeito a fraudes.
– Fiscalizar as verbas destinadas as Forças Armadas, com a finalidade de reduzir a corrupção.
– Acabar com o Serviço Militar obrigatório, pois se tornou uma forma de escravidão.
– Acabar com o voto obrigatório.

Sargento Rogério foi Candidato a deputado federal, partido Psol. Rio de Janeiro. Infelizmente não foi eleito. Revista Sociedade Militar.

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Sociedade Militar