Abstração. Multidão acampa no Vão do Masp e em Copacabana. Eles exigem um processo de Impeachment.

Esse material foi publicado em Revista Verde e amarelo. Um retrato interessante de um possível desenrolar dos atos previstos para as próximas semanas.

Multidão acampa no Vão do Masp e em Copacabana. Eles exigem um processo de Impeachment.

A indignação chegou ao limite? Parece que sim. Pelo menos para cerca de 3.000 pessoas que permanecem acampadas na praia de Copacabana desde o dia 15 de março, dia em que ocorreu no local uma manifestação pedindo o impeachment de Dilma Roussef. Eles decidiram acampar em frente ao Copacabana Palace, hotel mais famoso do Brasil, o que deve lhes dar visibilidade internacional. Outro grupo de igual tamanho está nas proximidades do MASP. A população que passa pelos locais não para de expressar seu apoio. A todo momento param automóveis que entregam biscoitos, refrigerantes e quentinhas.

Há informações de que ônibus com mais manifestantes já partiram de cidades do interior para se juntar ao grupo que está na Avenida paulista. Baseados nas provas obtidas pela operação Lava jato, eles acreditam que a responsabilidade de Dilma Roussef tem que ser apurada rapidamente, e exigem a abertura de um processo de IMPEACHMENT contra a Presidente da República.  

A partir de hoje (18/03), os dois grupos prometem diariamente sair em passeata e caminhar por um percurso de cerca de 2 quilômetros, retornando depois para o acampamento, o que deve aumentar os engarrafamentos no já caótico trânsito das duas grandes cidades.

Diferente do que ocorreu em 2013, quando a maioria dos manifestantes eram jovens, os grupos que realizam o protesto são bastante diversificados em relação a faixa etária. Observa-se desde pessoas idosas a crianças nos acampamentos. Há também família inteiras, como a de Silas e Paula, que acampam com seus dois filhos, um de 8 e outro de 12 anos.

Conversamos com os dois. Vejam abaixo.

Silas tem 44 anos e Paula 42. Ele é bancário e ela é professora universitária.

Revista Verde e Amarelo: O que os levou a participar desse protesto?

Manifestante Paula: Não agüentamos mais ficar calados diante do que está acontecendo. O Brasil está sendo literalmente roubado, o futuro de nossos filhos seriamente comprometido e não há perspectiva nenhuma de que isso vá mudar se a sociedade não for para as ruas. Disse Paula.

Revista Verde e Amarelo: Vocês acreditam que um congresso com maioria governista pode realmente endossar esse pleito e abrir um processo de Impeachment?

Manifestante Silas: Cara, eu trabalho em um banco. Sei muito bem que quando a equipe é muito grande não há como esconder falcatruas. Se todos se calam é porque tem medo ou interesse. Eu acredito sim no IMPEACHMENT, disse Silas. Toda a sociedade já percebeu que no mínimo a presidente se omitiu. Se esteve no conselho da Petrobrás conhece a fundo o que ocorre na empresa onde os diretores são apadrinhados políticos. Se alega que não sabia de nada então é outro motivo. Não há escapatória. Houve má gestão, seja participando, seja se omitindo, ou seja sendo incompetente. Queremos o Brasil livre dessa gente.

Revista Verde e Amarelo: Mas, se Dilma sair deve assumir outro político governista. Temer, no caso.

Manifestante Silas: Sim, é verdade. Mas, acreditamos na democracia. Quando Dilma cair a vitória da sociedade organizada será tão esmagadora e significativa que aquele que assumir o lugar, seja Temer, seja Cunha ou outro qualquer, não se atreverá a continuar a mesma política que está em andamento. Se continuar vai cair também, e mais rápido ainda, pois já teremos mais experiência ainda em mobilizações populares. Disse.

A secretaria de segurança de São Paulo estuda direcionar os manifestantes para outro local, que poderia ser o parque dos ciclistas ou mesmo o Ibirapuera. Mas, ainda antes de serem procurados, lideranças já avisaram que pretendem permanecer no local.

Um dos lideres da manifestação na Paulista, que não quis se identificar, disse que há gente de todas as idades, inclusive manifestantes com mais de 70 anos. Avisou que ha em meio aos manifestantes vários membros de serviços de segurança, e que não serão tolerados vândalos ou potenciais infiltrados, que serão expulsos e, se insistirem, entregues à polícia. Avisou também que foi decretado um de toque de silencio, que determina que depois da meia noite não pode haver mais rádios ligados ou qualquer som que incomode a vizinhança.

No Rio foi montado um posto da polícia militar bem no centro do acampamento, que é bem organizado e tem até banheiros químicos, custeados por uma coleta realizada nos sinais de trânsito das proximidades. O acampamento carioca conta até com uma capela ecumênica, onde são realizados cultos e missas todas as noites. “Acreditamos que a palavra de Deus ajuda a manter nossa fé e a tranquilidade para tomar as decisões corretas, Com Deus a nossa frente somos mais fortes, vamos resgatar nosso país”, disse Don Inácio, o sacerdote responsável pela iniciativa.

Procuradas, as autoridades cariocas ainda não comentaram a situação.

Robson A.D.Slva – Abstração original em Revista Verde e Amarelo. Situação hipotética.

Deixe um comentário
Compartilhe
Publicado por
Sociedade Militar