Obama quer declarar guerra ao Estado Islâmico. Ele deveria armar os curdos?

Obama quer declarar guerra ao Estado Islâmico. Por que não armar os curdos?

Sabemos que os curdos tem se empenhado em combater o ISIS, mesmo com capacidade bélica menor e soldados inexperientes, como os voluntários que combatem no grupo YPG. Muitos conheceram o grupo pela internet, e fizeram o primeiro contato por meio do site Leões de Kobany (Veja aqui).

Essa semana Barack Obama anunciou sua intenção de destruir o Estado Islâmico, a sociedade norte-americana vem cobrando isso já há algum tempo.

As últimas atrocidades do Estado islâmico provocaram revolta global. A Decapitação dos dois japoneses inocentes, Haruna Yukawa e Kenji Goto, já era um crime detestável. Porém, no início da semana passada os terroristas decidiram que deveriam chocar mais ainda o mundo, e atearam fogo no piloto jordaniano, Moaz al-Kasasbeh, em uma gaiola. Há poucos dias anunciaram que uma refém norte-americana foi morta em um bombardeio realizado por jordanianos.

Obama aparentemente se irritou. “É um brutal culto a morte”, disse.

Essa semana, Ashton Carter, auxiliar de OBAMA, disse que a estratégia dos Estados Unidos deve ser procurar infligir uma “derrota duradoura” no ISIS. Mas a ação deverá envolver “parceiros no terreno.” Nesse momento ele estava se referindo a Jordânia. País cujo povo hoje padece de sede de vingança contar o ISIS pela morte cruel do jovem piloto capturado.

Mas, soa meio estranho o fato dos EUA não mencionarem os grupos que são praticamente os únicos que tem enfrentado o ISIS em campo, inclusive obtendo vitórias significativas contra estes.

Os curdos, com seu exército improvisado, que admite mulheres e estrangeiros, conseguiram no mês passado empurrar o ISIS para fora da cidade de Kobani, que é uma cidade estratégica e bastante desejada pelos terroristas do Estado Islâmico. Os curdos, que contam com pouquíssimo equipamentos, já perderam cerca de mil soldados em sua empreitada corajosa de resistência. Um dos mortos foi um general.

No ano passado, quando o Estado Islâmico surpreendeu o mundo, atacando através da fronteira síria e capturando Mosul, a segunda maior cidade do Iraque, os Estados Unidos e outros membros da coalizão anti-ISIS imediatamente anunciaram planos para reforçar os curdos, oferecendo apoio aéreo e transferências de armas. O apoio aéreo realmente aconteceu, e isso fez uma diferença enorme. 

O Pentágono começou um programa para treinar tropas curdas no mês passado. Washington também está estacionado mais aeronaves de busca e salvamento em território curdo para ajudar a campanha aérea da coalizão. Mas, a entrega de armas tem sido exageradamente modesta, no valor de apenas alguns milhares de caixas de munição, fuzis e lançadores de foguetes, que em grande parte são fornecidos pelos alemães e aliados da OTAN na Europa Oriental, não pelos EUA.

É interessante notar, a propósito, que os curdos estão entre os aliados mais fiéis e eficazes de Washington no Oriente Médio. 

As forças americanas não perderam um membro de suas tropas em território curdo durante os mais de oito anos da Guerra do Iraque. Os curdos são esmagadoramente pró-americanos, eles são em sua maioria muçulmanos sunitas e são inimigos persistentes do jihadismo fanático e assassino. 

Por que os Estados Unidos então são tão lentos para investir em ajudar os curdos? A resposta, como sempre, é política: Os Estados Unidos não querem ver o Iraque se dividir, por isso são relutantes em dar poder demais aos curdos no Norte. Por esta razão, os EUA ainda concede à Bagdá o direito de veto sobre as transferências de armas para os curdos.

Robson A.D. Silva — Revista Sociedade Militar

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