Última parcela do REAJUSTE DOS MILITARES será creditada no próximo pagamento. E agora, quem poderá nos defender?

Em 2013, depois de muita luta, mobilização pela internet, colocação de faixas nas ruas, manifestação em Copacabana, abaixo assinado de 300 mil militares no site do Senado, e até um sargento do Exército saltando da Ponte Rio Niterói, o reajuste estabelecido pelo governo foi decepcionante para a família militar, e não chegou a cobrir as perdas inflacionárias.

O pagamento da diferença referente aos famosos 28.86% também até hoje não saiu e não tem data certa pra acontecer.

Mais uma vez a tropa, cada vez mais aplicada em ações até então estranhas ao ofício das armas, como matar mosquitos e limpar encostas de favelas, ficou extremamente insatisfeita com seus Comandantes, que não demonstraram nenhuma força na negociação do reajuste de seus subordinados. Muitos acreditam que os comandantes deveriam ter demonstrado de forma incisiva e pública a insatisfação com o tratamento dado pelo governo federal às Forças Armadas. 

Esse é um dos motivos pelos quais Enzo, Saito e Moura neto são duramente criticados por muitos membros das forças armadas, principalmente os da reserva, que tem mais liberdade para expor publicamente o pensamento.

Muitos acreditam que os mesmos exerceram o comando por um tempo excepcionalmente longo não por que seriam competentes, mas justamente por evitar qualquer indisposição com a presidente Dilma Roussef.

Nos últimos anos os militares tem demonstrado excepcional repulsa ao governo do Partido dos Trabalhadores.  Os militares brasileiros em especial, diferente de seus congêneres da Venezuela e Bolívia, em geral não simpatizam com teorias esquerdistas, bolivarianas etc.

As praças das forças armadas brasileiras nos últimos anos adquiriram um padrão intelectual comparável ao da oficialidade em questões exteriores às forças armadas. E isso, ao contrário de se tornar um motivo de desagregação, é exactamente o contrário. Militares “crescidos” intelectualmente são muito menos susceptíveis à influencia do populismo de governantes típicos da esquerda latino-americana, e têm ciência da importância que as Forças Armadas possuem na dissuasão contra eventuais atentados contra a soberania de nosso país, sejam estes de origem externa ou interna.

Um exemplo disso é o veemente repúdio à ideia da chamada “pátria grande” e à cidadania sul-americana, planejados por Hugo Chaves. Luis Inácio e seus companheiros.

Voltando a questão salarial. Tudo indica que o evidente ranço que a esquerda possui contra os militares não só do passado, mas também da ativa, já que estes, ainda que nascidos ou alistados após o período em que os militares conduziram o país, também insistem em repudiar as teorias esquerdistas, é um dos principais fatores do esmagamento do poder aquisitivo da família militar.

Em países como a Venezuela os governantes tem realmente comprado o apoio dos militares. Incentivos para aquisição de moradia, aumentos seguidos de salário e mudanças nos planos de carreira fazem com que aos poucos os militares tendam a simpatizar com o Chavismo. Em outubro passado Nicolás Maduro concedeu um reajuste de 45% nos salários dos Militares da Venezuela. Algumas bases militares venezuelanas possuem grandes mercados fartos com produtos e carne subsidiada pelo governo e ate empréstimos com juros baixos, proporcionados pelo BANFAB (Banco das Forças Armadas Bolivarianas).

Os militares brasileiros vivem uma situação atípica e corajosa. Vivem sob o jugo de uma comandante – em – chefe que os têm como “torturadores” e inimigos ideológicos e mesmo assim não dão nenhuma mostra de que vão amolecer o discurso de oposição à esquerda.

Questões importantes.

No Brasil a inflação corroeu rapidamente a pequena fração de poder aquisitivo recuperado pelo reajuste particionado para os militares. Estes, inevitavelmente, devem entrar agora em mais um período de luta por reajuste salarial.

É notório que poucas categorias profissionais ocupam tantas posições próximas ao primeiro escalão. Militares prestam serviço como escolta, seguranças, ajudantes-de-ordens, motoristas etc.

Alguns dizem que estes, por receber percentuais diferenciados que engordam seus salários, em  virtude de ocuparem cargos de confiança, devem mesmo ser estritamente profissionais, deixando de transmitir a seus chefes a insatisfação da tropa em relação à remuneração. Não deveria ser o contrário? Não deveriam aproveitar essa proximidade para transmitir o problema e convencer aqueles que estão em posições de liderança de que é necessário corrigir com percentuais justos as perdas de todos os militares das Forças Armadas?

Lembramos que em 2008 o Presidente da República recebia R$ 11,4 mil. Agora, depois do último reajuste, recebe 30,9 mil reais. Portanto, em seis anos teve o salário acrescido em quase 200%. Será que a inflação é maior para a presidente Dilma do que para os militares das Forças Armadas? 

Não queremos crer que a existência de gratificações especiais acabam servindo às lideranças como uma espécie de blindagem, que não deixa chegar até estes o lamento e insatisfação da tropa.

Os antigos comandantes, que já estavam mais que calejados no comando de suas respectivas forças, aparentemente não ousaram exigir da Presidente da República que desse aos militares o reconhecimento que merecem. Há de se avaliar se não deveriam ter, em conjunto, dito algo como: — Ou a tropa recebe um reajuste justo ou renunciamos aos nossos cargos.

Pode-se esperar que os novos comandantes, recém-empossados, façam isso?

Não é admissível que se veja como necessário o surgimento de um batalhão de esposas de militares, aos moldes de Ivone Luzardo, Kelma Costa e Miriam Stein. Estas, ainda que inexplicavelmente não reconhecidas pela categoria, como pôde-se ver nas últimas eleições, têm se exposto e se desgastado publicamente em sua luta por melhores condições para a família militar, que também é sua família.

Isso deveria ser visto com embaraço por aqueles que estão em posições de comando e, talvez entorpecidos pelas muitas regalias, parecem não mais conseguir diferenciar hierarquia e disciplina de subserviência e humilhação.

Robson A.D.Silva – Revista Sociedade Militar

Imagem de https://glauciapaiva.com.

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