Do DNA das “mentiras” para a arte de “sofismar” !!!

 Gerson Paulo – Em Revista Sociedade Milita

“Os intelectuais têm condições de denunciar as mentiras dos governos e de analisar suas ações, suas causas e suas intenções escondidas. É responsabilidade dos intelectuais dizer a verdade e denunciar as mentiras” (Noam Chomsky). 

Essas reflexões de Chomsky vêm bem de encontro as ações da CUT e do “exército do Stedile”, que incentivados pelo ex-presidente Lula, têm promovido manifestações de rua em defesa do governo de Dilma Rousseff, do PT e da Petrobras, ao que tudo indica, para tentar salvar o fracassado projeto ideológico que vai chafurdando-se num imenso mar de mentiras. Percebe-se claramente que esses movimentos sindicais e sociais são cultivados e financiados pelo governo da “foice e martelo” para emprego onde e quando lhe convier, sem preocupação com questões éticas, morais e legais de manutenção da lei e da ordem. 

Os palacianos, que não são nada bobos, quiçá inocentes, já perceberam o equívoco cometido ao pensar que a “fingida lua-de-mel” do Partido das Trambicagens com a população brasileira se perpetuaria “ad eterno”. Com um governo paralisado e corroído pela incompetência assustadora de seus integrantes, ainda sim a soberba oficial continua a desfilar pelo eixo monumental de Brasília. 

Não é preciso dose extra de massa cinzenta para perceber que Lula, o PT e os seus truculentos movimentos sindicais e sociais, diante dos seguidos escândalos de corrupção e do possível fracasso do governo de Dilma Rousseff, desesperados com o futuro de seu projeto ideológico, vêem ficar cada vez mais comprometida uma “vitória eleitoral em 2018”. 

Os “companheiros” estão com um grave problema diante de si: como seguir sustentando a mentira de um projeto ideológico em que não foi calculada a pesada carga que ela (a mentira) põe em cima de si? Certamente que para esse questionamento os “companheiros” têm uma resposta medíocre: “Teremos de continuar inventando uma infinidade de mentiras para sustentar a primeira”. O problema é que eles não previram, ou se esqueceram de que se pode enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos o tempo todo. E aí? Como sair desse imbróglio? 

Lula, o gênio do mau, especializado em malandragem, encontrou uma saída para o imbróglio: o “sofisma”. Perfeito: das “mentiras” para o “sofisma”. Embuste, ardil, armadilha, artifício,artimanha, cavilação, estratagema, chicana, como prefere Joaquim Barbosa, engano, sagacidade, mirosca, astúcia, intrujice etc.. Essas são as ferramentas de que se vale o governo dos companheiros para continuar avançando com seu projeto de poder. 

Para que o leitor consiga compreender a extensão das mentiras petistas é preciso saber o que é sofisma nas suas entrelinhas. Pois é, acabei de ler um excelente livro que, inclusive, recomendo a todos os amigos, “A Arte dos Sofistas”, de Esdras Gregório (2008), em que o autor, de forma bem cristalina, leciona que sofisma nada mais é do que partir de um “raciocínio errado” que se apresenta como “verdadeiro”. Em outros termos, trata-se de um raciocínio vicioso, “aparentemente correto”, concebido com a intenção de “induzir outrem a erro”. 

É fácil compreender esse raciocínio quando mergulharmos na obra de Gil Vicente, “A Farça de Inês Pereira”, que é um clássico da literatura portuguesa, onde os “farsantes tornam a peça uma preciosidade literária”. Trata-se de uma interessante obra do século XVI em que a personagem Inês Pereira, uma ambiciosa pequeno-burguesa, que despreza a vida rústica do campo, sonha em conseguir sua ascensão social através do casamento.

Ela idealiza o noivo como sendo um moço bem educado, cavalheiro, que soubesse cantar e dançar, enfim, que fosse um fidalgo capaz de lhe dar uma vida feliz. Brás da Mata, escudeiro, representante de uma camada social decadente, aparece como um dos personagens da obra, que, procurando imitar os trejeitos de seus superiores aristocratas, vai à casa de Inês, acompanhado de seu “pseudo criado”, o Moço, que antes já haviam combinado contar uma série de mentiras para enganar a moça e conseguirem dar o “golpe do baú”. Já na fazenda de Inês, Brás da Mata age conforme ela queria: trata-a de modo distinto com belas palavras, pega a viola canta e dança. Ele a pede em casamento. Ela, muito feliz, informa à mãe que havia encontrado o homem da sua vida, elogiando Mata de todas as formas. 

Resumindo, os dois se casam e a mãe presenteia os noivos com um bom pedaço de terras. Logo após, Mata começa, então, a revelar sua verdadeira face ao impor uma série de regras a moça, dentre as quais que a mesma fique trancada o dia inteiro em casa, proibindo-a até mesmo de olhar pela janela e de ir à missa. Pouco tempo depois, ao partir para a guerra, Mata ordena a seus conservos que vigie Inês, pois ela agora é sua escrava e deve ficar trancada a chaves dentro de casa. Trancada e não podendo mais nada fazer além de costurar, Inês lamenta e sua sorte e deseja a morte do marido sofista para poder mudar o seu destino. 

Percebeu a sutileza da malfadada história proposta na obra literária de Gil Vicente? Tudo isso, meus amigos, não passa de “retórica”. Retórica? Sim, não expliquei? A arte de fazer, de convencer pelo discurso − nos ensina Gregório (2008, cap. 4, p. 51-52) −, que é o meio mais objetivo de tornar conhecido um conceito, uma crença religiosa, uma proposta, seja pessoal ou política. O discurso, por si só, é uma arte, nos encanta, emociona. Têm seus contornos, seus ritmos, sua poesia e seus traços estéticos […] com suas introduções, teses e argumentações, ele tem suas gradações até chegar ao seu apogeu, ao seu momento de maior arrebatamento e de maior esplendor.

O lulopotismo, por exemplo, é a “arte das artes”. Retórica, permitam-me ser mais preciso, é a principal ferramenta de que se vale o político para tornar conhecidas suas propostas. Os sofistas, professores de retórica, leciona Gregório, desenvolveram a “arte sobre a arte” a arte de convencer, “não pela verdade” que utiliza o recurso como um meio, mas pela própria capacidade de discursar.

Ou seja, em outros termos, a arte dos sofistas é sofismar, que nada mais é que a habilidade de ganhar uma causa, não pela “verdade interna”, mas pela eloquência e carisma do orador. Sofismar, em apertada síntese, é a capacidade de “manipular informações” e “conhecimentos” com um objetivo definido: o êxito do discurso.Permita-nos transportar essa obra literária para a nossa realidade política, cujo título inspirador pode ser “A Farça dos Companheiros”. Em um ato de malandragem explícita, o que não é novidade no “modus operandi” dos companheiros, o PT divulgou um manifesto em que tenta convencer, sem sucesso, a opinião pública de que a legenda, tadinha, é vítima da intolerância da chamada “elite golpista”, como se eles não fossem os maiores elitistas do País, basta lembrar que Lula saiu bilionário ao término de seu governo. 

Ainda segundo esse manifesto, partindo de uma “premissa embusteira”, destaca que essa tal “elite golpista” não suportando que, pela quarta vez consecutiva, o projeto “democrático” dos companheiros tenha sido vitorioso nas urnas, bem como o fato de o PT ter tirado da miséria extrema 36 milhões de brasileiros em “tão pouco tempo”, por conta disso tenta criminalizar o “criminoso” (o PT).

Ocorre, porém, que desta vez, a verdade não demorou dois ou três dias para vir a tona logo no início de mais um governo petista, se não anotemos: quem “afirmava que as contas públicas não apresentava desequilíbrios, foi forçado a engolir que o déficit total foi de 25 bilhões, o maior desde 1998 (sendo que a meta era de um superávit de R$ 99 bilhões); quem jurava de pés juntos que as tarifas de energia elétrica e de telefones, bem como o preço da gasolina, estavam no “lugar certo”, teve que admitir que os mesmos, nem de longe, refletiam a realidade inexorável do mercado e que os ajustes seriam consideráveis; quem negou que a economia estava em recessão, assim que foi anunciada a taxa de crescimento do PIB em 2014, foi forçado a engolir as mentiras […]; enfim, quem se jactanciava de ter eliminado a miséria teve que absolver os novos dados mostrando que, pela primeira vez em dez anos, o número de brasileiros vivendo em estado de extrema miséria voltou a subir” (Rev. do Clube Militar, nº 455, p. 14/15). Lembremos da advertência de Chomsky, “Os intelectuais têm condições de denunciar as mentiras dos governos e de analisar suas ações, suas causas e suas intenções escondidas”.

Estamos em pleno século tecnológico e a arte de sofismar continua de vento em polpa. Os sofistas dominam a nossa política, mas isso tem explicação: os seres humanos não mudam, não mudaram e nunca mudarão. Os meios tecnológicos, esses sim, estão em constante mutação. É como registrou Jiri Kylián, “É fácil mentir com as palavras, mas não com o corpo. Repare nos políticos”. Sem comentários, cirúrgico.

 Todas essas considerações aqui depositadas fomentam a seguinte indagação: será que todos nós, 200 milhões de brasileiros, estamos realmente nos afogando em um rio transbordante de miséria moral, governado por uma minoria de seres inferiores sem o mínimo de ética e escrúpulos? A resposta é muito simples de ser enfrentada, é quase que uma relação dialética, mais ou menos assim: se é verdade que sofisma é a arte de apresentar aquilo que é “errado” como “verdadeiro”, logo, isso nos leva a acertada conclusão que todos nós, brasileiros, temos espíritos sofistas, na medida em que transformamos “errados” em “certos”, “maus” em “bons”, “cortesãs” em “damas”, “petralhas” em “moçinhos”, “políticos” em “honestos”, “promessas” em “esperança”.Friedrich Nietzsche foi conciso e cirúrgico: 

“O ESTADO É A MENTIRA; MENTE EM TODAS AS LÍNGUAS DO BEM E DO MAL, EM TUDO O QUE DIZ MENTE, E TUDO O QUE POSSUI ROUBA”.

 A nossa democracia tem umas nuances que merecem sérias indagações de consciência: 

Aceitaremos o belo pacote Anti-Corrupção proposto pelo “larápio”? Aceitaremos a reforma eleitoral proposta pelo “fraudador”? Aceitaremos a sedutora proposta de reforma política proposta pelo “corruptor”?

Agora trancada e não podendo fazer mais nada, Inês Pereira (leia-se, sociedade brasileira) lamenta e sua sorte e deseja a morte do marido sofista (o governo) para poder mudar o seu destino. Que pena Inês Pereira, agora é tarde! Esquecestes que “a mentira é apenas uma grande história em que alguém arruína com uma verdade” (Barney Stinson). 

QUE DEUS ILUMINE A NAÇÃO BRASILEIRA COM A VERDADE !!!

Gerson Paulo – Em: Revista Sociedade Militar

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Sociedade Militar