Reajustes de salário para os MILITARES, reunião em Brasília, militares e política. Aniversário de João Cândido. Sim, ele merece ser lembrado.

Reajustes de salário para os MILITARES, reunião em Brasília, militares e política. Aniversário de João Cândido. Sim, ele merece ser lembrado.

A despeito de algumas categoria no país acreditarem que João Cândido não merece ser homenageado, gostaríamos aqui de lembrar seu aniversário nesse final de junho. João Cândido nasceu em 24 de junho de 1880.

“rubras cascatas (SANGUE) jorravam nas costas dos homens entre cantos e chibatas, inundando o coração do pessoal do porão, que e exemplo do feiticeiro gritava então… Glória a todas as lutas inglórias …”

O “pessoal do porão” continua a ser esmagado? Existe ainda várias categorias de seres humanos nas forças armadas, umas privilegiadas e outras não? Nesses tempos de combate por melhorias salariais, representação política e reuniões em Brasília ficam as perguntas para vossa meditação. Lembrando que nessa terça-feira (30/06) várias categorias de militares têm encontro marcado em frente ao Congresso Nacional, o que parece ser a abertura de um movimento inédito no Brasil, em que militares, agindo de forma legal e racional, podem decidir o próprio futuro (Veja Aqui).

Fiquem com um trecho do livro “Militares pela Cidadania” .

… Um texto do Almirante Helio Leôncio Martins (2005) revela a ótica que parece predominar até hoje na Marinha do Brasil acerca da Revolta da Chibata. Leôncio transcreve sem qualquer pudor a visão que tarda a ser eliminada da mentalidade do oficial brasileiro. …

(…) sub-homens recrutados à força nos níveis mais baixos da humanidade. (…) manter aquelas feras disciplinadas, sem o que mesmo a sobrevivência do navio era duvidosa, só se conseguia com tratamento impiedoso, do qual o uso da chibata era o mais suave. Isto aconteceu durante séculos, em toda a epopéia dos Descobrimentos, nas guerras nelsonianas, entre as nações mais civilizadas. (MARTINS.2005)

Como em oposição prévia à essa visão, Rui Barbosa fez a seguinte colocação no Congresso Brasileiro, acerca do levante da marujada em novembro de 1910:    (…) emprego do tagante, da chibata, aplicada sobre o dorso humano, não tende senão a desviar o homem e a prepará-lo para as surpresas mais terríveis contra a sociedade e a ordem (…) acostumando a não chibatar os seus comandados, habitua-se a medir o que pedem; (…) a escravidão começa por aviltar o senhor, antes de desmoralizar e aviltar, o escravo.

João Candido, o líder da revolta, “anistiado”, foi preso em 13 de dezembro de 1910; e em 24 do mesmo mês foi transferido para o presídio da ilha das cobras e encarcerado com mais dezessete militares numa cela cheia de cal, desta cela só saíram duas pessoas vivas, João Cândido e João Avelino. Segundo Morel o restante das praças envolvidas na revolta foi embarcado no navio Satélite, em porões recém descarregados de açúcar bruto. O navio partiu do Rio de Janeiro em 25 de dezembro de 1910, com destino a Santo Antonio do Madeira, em plena selva amazônica.  O jornal “Folha do Norte” noticiou a passagem do Navio por Belém do Pará: “O Satélite traz 250 ladrões, 180 facínoras e desordeiros, 120 cáftens, 250 marinheiros revoltosos e 44 meretrizes.”

Aos homens que empreenderam o movimento, conhecido como a Revolta da Chibata, que hoje é símbolo da luta das classes desfavorecidas por liberdade e igualdade, foi relegado um destino cruel, o de serem escravos do Capitão Rondon e de seringueiros, que conforme o relatório do comandante do Satélite, iam pedindo os homens pelas margens do Rio Amazonas. Para que novamente fossem lançados em condições sub-humanas.

Se existem controvérsias acerca da liderança de João Cândido na Revolta da Chibata, para nós se tornam irrelevantes, na medida em que se prestam somente a desviar o olhar da verdadeira questão, os ideais do movimento: liberdade, igualdade e fraternidade, os mesmos que à época eram propagados pelos positivistas brasileiros. Tomemos então João Cândido como um símbolo do militar brasileiro, do povo, pobre, mestiço e audacioso, que frequentemente demonstra coragem e abnegação ao lutar contra um sistema extremamente tradicional e segregacionista.

O marujo, conhecido como Almirante Negro, título que até hoje soa como uma espécie de blasfêmia na Marinha, impôs-se corajosamente como ser humano, condição que infelizmente não era reconhecida pelos seus superiores e pelas autoridades constituídas…

O autor da canção previu exactamente o que hoje acontece. Cândido é saudado pela sociedade, e reconhecido como herói pelo que fez. Salve o Almirante Negro e todos aqueles que tem coragem de empreender “lutas inglórias”. Não esqueceremos jamais.

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Sociedade Militar