ObrigadoPríncipe D.Pedro. Artigo do Cel. Paulo R. R. Paiva

OBRIGADO PRÍNCIPE D.PEDRO

Nosso Príncipe nasceu em Portugal. Uma criança chegada ao Brasil, ainda com nove para dez anos, que se deixaria dominar pelo amor a esta terrabravia, cheia de encantos mil, de natureza tropical, rica, fagueira eparadisíaca. Nosso Príncipe, com o passar dos anos, desenvolveu caráter forte,eu diria tempestuoso, onde se mesclavam a indolência, a falta de escrúpulos,mas, também, uma coragem sem limites. 

Nossa alteza, alertado pelo pai, sabia que sua terra morena, mais cedo ou mais tarde, faria sua independência e ele teria que estar à frente dos acontecimentos. Os sinais estavam sendo dados, os brasileiros o queriam como seu libertador. Eis que, em São Paulo, às margens do Ipiranga, mensageiros lhe fazem chegar notícias preocupantes da metrópole portuguesa, desejosa de manter o domínio ultramarino sob sua autoridade despótica. O jovem vê que é chegada a sua hora, que foi também a nossa. 

Muitos não acreditam, mas, para os verdadeiros brasileiros que amam essa terra acima de tudo, ele proclamou, altoe bom som, desembainhando sua espada, já sob escolta de seus DRAGÕES: “Laços fora, soldados! Pelo meu sangue, pela minha honra, juro fazer a liberdade do Brasil. Independência ou morte! ”

Hoje nosso primeiro imperador não é mais cantado em prosa e verso na grande maioria das escolas deste Brasil. Apenas uma imagem deletéria se deixa passar para a juventude, nada mais nada menos do que a de um homem cheio de vícios,dominado pelas paixões, boêmio contumaz, como se isso não fosse comum entre a politicalha republicana que passou a dominar o País após uma lamentável proclamação de república, diga-se de passagem, o único desserviço prestado pelo Exército à nação. 

Mas nosso imperador, apesar destes defeitos graves, jamais, pode seracusado de falta de amor por esta terra. Com perfeita noção de que havia chegado a seu momento, em 1831, por um ato de grandeza, não titubeou em abdicar. Aqui, como seu pai o fizera, deixaria seu filho, este ao cuidado de brasileiro patriota e competente que indicaria para o futuro imperador o caminho de honra e glória, aquele que seria palmilhadoao longo de todo o 2º Império. 

Não, em absoluto, não se pode deixar semcorreção estas injustiças que se fazem ao nosso D. Pedro I. Há que se “dar a César o que é de César” ao soberano que, mesmo deixando o Brasil, ainda foi capaz de invadir Portugal à frente de um exército em 1834, para se envolver em conflito numa escala muito maior, que envolveu toda a península ibérica numa luta em que, vitorioso, liderou liberais contra aqueles que procuravam o retorno ao absolutismo.

A morte alcançaria nosso libertador, vitimado pela tuberculose, ainda em 24 de outubro de 1834. É de se perguntar porque os americanos não defenestram as memórias de um Kennedy oumesmo de um Clinton, por certo, tão ou mais vulneráveis do que o nosso Príncipe às paixões humanas. Por certo, o patriotismo dos dois norte-americanos pese muito mais na balança do que os seus

desvios de conduta. De qualquer forma, muito obrigado meu Príncipe. Seu legado imperial, por certo, significa muito mais do que o estorno republicano, máxime o que vivenciamos desde 1985.
 
                                                                                             Paulo Ricardo da Rocha Paiva
                                                                                       Coronel de Infantaria e Estado-Maior

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Sociedade Militar