Generais. Afinal, o que pensam sobre os pedidos de intervenção militar?

Essa semana os militantes intervencionistas aproveitaram uma cerimônia em Brasília para entregar em mãos os pedidos de intervenção militar.

Não entramos aqui no mérito do pleito dos intervencionistas. Como MÍDIA não cabe à Revista Sociedade Militar nesse momento discutir isso. Cabe-nos apenas informar sob uma perspectiva diferente da usada pela maior parte da mídia.

Percebeu-se que, mesmo com os militantes sendo assediados por fiscais do Governo do DF, a mensagem intervencionista, graças ao esforço da equipe que permanece acampada por meses em Brasília, mais uma vez alcançou os militares das Forças Armadas. As próprias declarações dos generais da ATIVA e RESERVA mostram que os pedidos de INTERVENÇÃO já chegaram ao seu destino, como desejavam os MILITANTES INTERVENCIONISTAS.

Aqui está o panfleto distribuído aos militares.

Imagem de facebook em Cruzada pela Liberdade

Afinal

O que pensam os GENERAIS sobre a situação atual e os pedidos de INTERVENÇÃO MILITAR?

*Republicação adaptada a pedido de leitor.

Revista Sociedade Militar 

General Villas Bôas – Comandante do Exército Brasileiro.

Seis MILITARES de alta patente. Dois da ativa e quatro da reserva.

Declarações ambíguas, polêmicas e que deixam margem a especulação saem da boca, ou pena, desses militares de alta patente. Uma analise criteriosa de seus textos e discursos poderia nos levar a entender qual o pensamento predominante nos altos escalões das Forças Armadas?

O General Villas Bôas entrou para o Exército em 1967. Três anos após a intervenção militar de 1964.  Quando ingressou nas Forças Armadas na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, Eduardo Dias da Costa Villas Bôas tinha apenas 16 anos de idade. Foi promovido a oficial general em 2003, ele fez parte da primeira leva de militares promovidos ao “generalato” por Luis Inácio Lula da Silva. 

Em relação ao que se chama de Intervenção Militar, o militar que atualmente comanda o Exército deu algumas declarações que podem levar à conclusão de que é contra a intromissão dos Militares em assuntos políticos.

Até queria saber como se faz uma intervenção militar constitucional. Isso não existe. Não interpreto isso como desejo de volta do governo militar, mas como a volta dos valores que as instituições militares representam. 

Algumas postagens em redes sociais dizem que Villas Bôas teria declarado de forma técnica que seria realizada uma intervenção militar (transcrição abaixo). A maioria dos interpretes não pensa assim. Ao que parece o general diz que os Brasileiros podem resolver de forma independente o problema político que enfrentam.

O General disse: “O Brasil é um país maduro com instituições consolidadas e funcionando, temos um sistema de pesos e contrapesos que dispensa a sociedade brasileira de ser tutelada, nos cabe cumprir o que está escrito na constituição… Nossas missões estão muito bem explícitas … garantir para a manutenção da estabilidade, como não causar instabilidade de forma alguma e conseguiremos isso mantendo isenção e eqüidistância de todos os atores

Villas Bôas disse também:

Há uma atenção do Exército. Eu me pergunto: o que o Exército vai fazer? O Exército vai cumprir o que a Constituição estabelece. Não cabe a nós sermos protagonistas neste processo. Hoje o Brasil tem instituições muito bem estruturadas, sólidas, funcionando perfeitamente, cumprindo suas tarefas, que dispensam a sociedade de ser tutelada. Não cabem atalhos no caminho.”

General Paulo Chagas – Militar da RESERVA REMUNERADA

Declarações do General Paulo Chagas já foram interpretadas como favoráveis a uma ação mais enérgica por parte dos militares. Contudo, em outros momentos o militar tem descartado a hipótese.

Em março de 2014 ele disse:  “Os militares em reserva se têm somados aos civis que enxergam em uma atitude das Forças Armadas a tábua da salvação para a Pátria ameaçada, quando não são eles próprios os alvos do clamor daqueles que já identificam nas imagens dramáticas da capital venezuelana a cor fúnebre do nosso destino.

No momento atual, a causa da democracia não dispensa o concurso de ninguém. Seria portanto uma importante contribuição se todos os civis que têm as Forças Armadas como última razão da liberdade e a garantia dos fundamentos constitucionais pusessem suas opiniões a público, em artigos, manifestações, textos, “cartas do leitor” e outros recursos do gênero e não apenas em comentários restritos à leitura dos poucos profissionais da mídia que ainda ousam remar contra a correnteza ou dos escribas de mídias sociais que, mesmo comprometidos com a causa, têm apenas seu limitado e débil sopro para tentar enfunar as velas da embarcação.

Em Novembro de 2014: “Sou General de Brigada da reserva. Deixar bem claro meu pensamento… Refiro-me as manifestações populares e a intervenção militar. Acredito e apóio manifestações populares, desde que ordeiras… Não aceito e nem me permito dar apoio a manifestações que incluem baderna, vandalismo ou que pretendam estimular pessoas , grupos ou autoridades a descumprirem as normas constitucionais.”

Em outubro de 2015 – “Dizer que as instituições, aparelhadas como estão, de nada valem – que de nada adianta obedecer as leis e preservar a ordem pública – é fazer o jogo do inimigo. Imaginar que, com um golpe militar, prendendo e fuzilando a todos que se colocarem contra a “democracia”, vamos resolver os problemas do Brasil é retroceder aos tempos retratados nos filmes de faroeste, em que a Cavalaria chegava para salvar as caravanas atacadas pelos índios selvagens!”

Essa semana Paulo Chagas disse: “Tenho falado, seguidamente, que o caos nos livrará dessa onda socialista que assola a América Latina, desde a criação do Foro de São Paulo.”

Paulo Chagas publicou texto recente sobre esse assunto, deixando claro que acredita que a sociedade tem que pedagogicamente padecer nas mãos da esquerda, aqui está.

General MOURÃO. Militar da ATIVA

O General Mourão, ex-comandante Militar do Sul, exonerado após a Comissão de Defesa Nacional do Senado enviar documento ao Ministério da Defesa questionando suas declarações, expressou algumas opiniões que se espalharam por todo o país, levando os intervencionistas a o elegerem como símbolo de sua luta homenageando-o com um boneco inflável de mais de 10 metros de altura. Que se saiba, em nenhum momento o general utilizou o termo intervenção militar. Contudo, fez declarações duras e verdadeiras sobre a classe política do Brasil.

Em palestra realizada em setembro desse ano o general disse: “a maioria dos políticos de hoje parecem privados de atributos intelectuais próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de apresentar grandes ilusões” e  “a mera substituição da PR [presidente da República] não trará mudança significativa no ‘status quo'” e que “a vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e corrupção”.

No mês seguinte o General fez outra palestra, onde disse que “Neste momento de crise, toda consciência autônoma, livre e de bons costumes precisa despertar para a luta patriótica, contribuindo para o retorno da auto-estima nacional, do orgulho de ser brasileiro e da esperança no futuro

Questionado em grande veículo de imprensa o General declarou que o termo LUTA PATRIÓTICA foi usado em sentido figurado:

 “Em relação à palestra proferida no CPOR, ressalto que tratou-se de um evento privado, onde buscou-se apresentar, de forma didática, um panorama da situação vivida no mundo, para depois tratar do cenário nacional.  Luta patriótica é simplesmente não nos omitirmos, estarmos conscientes da realidade que nos cerca e, principalmente, que o Brasil só será aquele que sonhamos por meio do trabalho, da dedicação, da honestidade de propósitos e da constante busca do conhecimento.
Luta patriótica: esforço e empenho de todos os patriotas no sentido de sobrepujar a crise“.

General Pimentel. Presidente do Clube Militar – Reserva Remunerada

O Clube Militar foi palco de vários episódios e discussões acaloradas sobre a situação política do Brasil. A gestão do General Pimentel parece ter resgatado um pouco do antigo protagonismo do Clube. Sob a gestão de Pimentel foi criada a campanha pela Moralidade Nacional com a realização da várias palestras e publicações de textos pelo CM.

Em entrevista a revista Isto é o General disse: “É fato notório que não temos governo… Essa história de que o povo brasileiro é pacífico, que não é dado a situações conflituosas e penosas, isso tem um limite… Temo que a paciência da população se esgote e que exija a intervenção de forças repressivas.

Em outro momento o General declarou, discorrendo sobre palavras proferidas por petistas:

Seja que manifestação de força ilegal for, nos remeterá a um quadro que pode se tornar insustentável à Democracia construída com o sangue e o suor de tantos brasileiros. Lembram de 1964? E aí? Aceitaríamos o caos ou um outro Poder constituído convocaria a Força Legal que dispomos?

Pimentel deixa claro que se o país entrar numa situação de caos generalizado é possível que as forças armadas tenham que assumir o controle se, nas suas palavras, forem convocadas por poder constituído.

Já em entrevista ao portal TERRA o referido general disse, sobre intervenção, que: “Garanto que isso não tem nada a ver conosco. Os militares não pensam nisso. Temos uma posição legalista. Aqueles que pedem isso nas ruas são pessoas exaltadas…”.

Em outro momento, em texto duro, o general PIMENTEL lança uma crítica contra aqueles que dizem que as instituições funcionam normalmente.

“Sou imune, sou impune, estou acima da lei”, escarnecem com inominável cinismo. Perderam o respeito. Os interesses do Brasil, as necessidades das massas, o compromisso assumido com seus representados, nada significam para eles. E ainda há quem queira convencer-nos que nossas instituições funcionam dentro de um quadro de normalidade.

General VALMIR Fonseca. Militar da Reserva Remunerada.

Um texto recente do General Valmir, publicado aqui na Revista Sociedade Militar, chama a atenção para a possibilidade dos Militares estrelados se prepararem para um embate. O general fala até em ensaios de julgamento da “canalha petista”.

Vejam:

Aqui na caverna, temos acalorados debates, todos convictos de que o povo será capaz de rechaçar as ações dos comunistas e que as Forças Armadas estarão prontas para defender o futuro da Nação. Apesar da convicção dos habitantes da caverna, pelo sim pelo não, todos fizemos um juramento de que lutaremos até o último tacape para defender a democracia nacional.

Efetivamente, cerca de dez trogloditas já saíram em campo e estão infiltrados em diversos movimentos pró – comunismo para colher informações e, se possível, na hora adequada, sabotá – los. Nas proximidades da caverna foram montados alvos para o treinamento de arco e flecha, bonecos para treino de tacapes e de outras atividades que por sigilo vamos omitir.

Por vezes, treinamos como um tribunal na sua atividade de julgamento da canalha petista, e deliberamos que será necessária também uma depuração no universo da política, que no Brasil abriga um antro de aproveitadores da população.

Para aqueles que julgam que o lulo – petismo acobertado pelo máximo poder, pelo seu total domínio nos recursos do tesouro nacional, pela ocupação dos cargos mais importantes da enorme administração e burocracia nacional um dia aceitará a sua derrota através da política democrática, podem desistir.  O Petismo ainda inundará esta terra de sangue e terrorismo. Quem viver verá.

Em outro momento, também nas páginas da Revista Sociedade Militar (AQUI), Valmir Figueiredo disse:

“Infelizmente, é difícil para aqueles que conhecem a verdadeirafibra nacional, esperar que o populacho assuma qualquer postura de grandeza para acabar com os canalhas que nos gerenciam… Se alguém perguntar, o que será de nós, após o final da atual crise econômica, política e moral, respondemos:  – Se houver uma intervenção militar, só Deus sabe;     – Se não houver, continuaremos subordinados de um bando de desclassificados.”

Valmir também disse: “Hoje, não vemos nenhuma hipótese de expulsão do petismo do País pela via democrática, a não ser pela força das armas, mas para tanto, seria necessária a existência de grupos, classes, categorias que se posicionassem contra o desgoverno, porém, infelizmente, tais entidades, não existem.”

General Augusto HELENO.

Heleno recentemente rejeitou a indicação de seu nome para candidato a presidência do país e criticou militares que se envolvem em política. Sobre isso, disse: “É um absurdo. Quando os militares tiverem vínculo com algum partido político estaremos perdidos. Essa ideia é absurda.”

Sobre intervenção MILITAR, a opinião do general foi expressa em vários momentos.

Em um deles disse:

Não há salvadores da pátria. O problema do país é acertarmos em termos de escolha. É algo de formação das pessoas, de muito longo prazo. Nossa democracia está consolidada, mas me preocupa o fato de que a juventude em geral, o que inclui seus melhores quadros, está muito afastada da participação na política. Há muita gente que tem condições intelectuais e de formação e pode contribuir para o país mas não é cooptada pela política. A estrutura atual é perversa, e precisa ser mudada em profundidade Alguém que pense assim e esteja a meu favor quer, na verdade, me empurrar para o buraco.”

“Ter essa postura é afrontar tudo o que foi conquistado em muitos anos. O único caminho para o país — está comprovado — é a democracia. É inimaginável se controlar a liberdade das pessoas. O único caminho de fortalecimento e desenvolvimento para o Brasil é a democracia.”

Conclusão


Aparentemente, com exceção do primeiro, todos os generais acima listados apresentam em algum momento posicionamentos ambíguos, ora pró e ora contra uma ação enérgica das Forças Armadas. Isso é perfeitamente natural. Suas mentes oscilam entre a mente de um cidadão, eleitor pai família e a mente de militar profissional.

A mente de cidadão comum é naturalmente imediatista, normalmente enxerga o objetivo final, que é ver-se o mais rapidamente possível livre esses parasitas que habitam o Planalto Central.

A mente de um profissional das armas tem de traçar todo o caminho até o objetivo, avaliar estratégias, duração, consequências etc.

Qualquer militar profissional, independente de posto ou graduação, tem noção da possível duração e estragos – a curto e longo prazo – que podem ser causados por uma guerra intestina e manutenção ou não de um estado totalitário durante o período conflituoso. O militar brasileiro, ao contrário de militantes de diversas matizes ideológicas, não tem desprezo pela sociedade. Cada família, cada indivíduo, independente de seu poder aquisitivo, raça, religião ou visão política, é igualmente importante. 

Dos Militares acima listados, o último – o General Valmir – parece o mais convicto que a quadrilha que ora domina esse país dificilmente abandonará os palácios de forma pacífica.

Como disse o mesmo: “Quem viver verá”.

Veja o texto: Consequências de uma INTERVENÇÃO MILITAR

Revista Sociedade Militar

 

Deixe um comentário
Compartilhe
Publicado por
Sociedade Militar