Forças Armadas

Rússia teria oferecido ajuda para DILMA e Maduro

“… há uma mudança significativa na preferência política … para a direita, para a mais neoliberal” Disse o Chanceler Russo.

Dezenas de blogs e sites da grande rede replicaram em polvorosa a informação de que Vladimir Putin teria oferecido ajuda aos chefes de estado latino-americanos que se sentem ameaçados pela influencia norte-americana.

Realizamos rigorosa verificação em busca de informações sobre a questão. Apurou-se que nada de concreto foi dito oficialmente por autoridades russas que configurasse uma mínima possibilidade de ameaça à soberania dos países de nossa região que atualmente passam por situação política turbulenta, como Brasil, Argentina e Venezuela.

Na segunda-feira, 16 de maio, o Chanceler Russo Sergei Ryabkov declarou que a Rússia está disposta a ajudar a América Latina a firmar-se contra supostas intervenções dos EUA em assuntos políticos. Contudo, em nenhum momento falou-se em ajuda militar ou intromissão em questões internas, como o processo de impeachment contra Dilma Roussef.

Ryabkov disse: “Estamos vendo uma onda de intensificação da política externa dos Estados Unidos da America na região, até mesmo em tentativas de interferir nos assuntos internos dos Estados soberanos da região… Decidir qual a política externa de escolha é um direito soberano e até mesmo a obrigação do Estado.”

O chanceler disse que a Rússia está disposta a oferecer ajuda diplomática e que percebe-se uma tendencia à direita no que diz respeito à preferência política. “estabelecer uma interação construtiva com os representantes autorizados de todos os segmentos das forças políticas na região… É claro que há uma mudança significativa na preferência política não só para o centro, mas também para a direita, para a mais neoliberal”.

Avaliação

Diante das atenções atualmente voltadas para dois importantes fronts, Oriente Médio e Leste Europeu, não há qualquer possibilidade de PUTIN se intrometer em um conflito – que por enquanto é apenas político – em uma região tão distante quanto a América Latina. 

Esperamos que, em linguajar bastante acessível, esse texto se preste a desmistificar falácias que têm atrapalhado bastante o processo em curso no Brasil.

Alguns jornais Europeus mencionam o incômodo causado em membros da chancelaria russa pelo fato de Michel temer e equipe sequer mencionar o BRICS ou seus membros como parceiros do Brasil. Contudo, tudo indica que a preocupação russa está mais ligada a questões ideológicas e de influência à longo prazo. Moscou tem muito poucas relações comerciais na região, com exceção da Venezuela.

O incômodo maior se daria pelo fato dos EUA, sob a ótica russa, ter obtido êxito em derrubar regimes que ideologicamente se contrapunham a sua visão de mundo. Os russos acreditam que as mudanças de regime na Síria, Ukrania e Brasil estão dentro do mesmo projeto totalizador norte-americano.

Joshua Tartakovsky, um analista de política externa russo diz: “Mais cedo ou mais tarde, os entusiastas americanos dos planos de mudança de regime irão atrás de todos os regimes que possam desafiar o domínio americano. Em primeiro lugar, eles vão fazer isso no hemisfério ocidental, mas não vai demorar muito para vir para a Rússia, China e Índia também. 

Como a Revista Sociedade Militar a cada dia se consagra como referência em assuntos relacionados à política, geopolítica e forças armadas é natural que todos os dias nossa caixa de entrada esteja cheia de questionamentos relacionados aos assuntos aqui tratados.

Pretendemos discutir aqui temas que em sua grande maioria são misteriosos para o grande público, haja vista que instituições de estado do BRASIL, diferente do que ocorre nos EUA, por exemplo, não estão habituadas a discutir com a sociedade os problemas relacionados à defesa nacional, política e geopolítica. 

Na semana que se seguiu a condução coercitiva do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva muitas pessoas questionaram sobre a possibilidade de China e Rússia intervirem no Brasil em apoio à DILMA ROUSSEF.

A Rússia atualmente é comandada por Vladimir PUTIN. Putin é descrito como um ex-espião comunista. De fato, o atual primeiro-ministro russo foi chefe de KGB e da agencia que a sucedeu, a FSB. Alega-se que PUTIN tem como referencial intelectual o senhor Alexander Dugin. Dugin é apologista da existência de um conflito entre Eurásia e ocidente e por isso há quem acredite que a RUSSIA pode a qualquer momento atacar os EUA.

Dugin, apesar de ainda antes da queda da URSS ter-se integrado ao partido COMUNISTA da Federação Russa, mostra-se bem mais nacionalista do que marxista. O teórico alega que o liberalismo norte-americano aos poucos vai destruindo todas as fronteiras, princípios morais e costumes de cada sociedade.

Lembrando ao leitor que marxismo implica rejeição ao nacionalismo. A rejeição à símbolos nacionais como a bandeira e o hino pode ser notada por qualquer pessoa que observe o comportamento de partidos de esquerda no Brasil.

Como louva tanto o czarismo quanto o estalinismo, pode-se crer, em resumo, que o teórico e seu discípulo são ultra-nacionalistas e defendem uma espécie de imperialismo russo. Seu eurasianismo é interpretado como pretensão de tornar seu país um grande império, o líder regional. Ha uma frase bastante intrigante, não se sabe o autor, repetida entre governantes de países da Europa, ela diz: “Quem controla a Europa Oriental governa o MUNDO”.

Nota-se que o país de PUTIN deseja sim se mostrar ao mundo ocidental, o próprio investimento na mídia oficial Sputnik em vários idiomas é uma prova disso. Ha sim relações comerciais com países como Brasil e Venezuela.

Manter relacionamentos comerciais não significa se tornar aliado na área de defesa.

Se PUTIN se aventurasse pelo ATLÂNTICO teria que concentrar todas as suas forças por aqui, lutando contra inimigos muito mais organizados e em um campo de batalha desconhecido. No que diz respeito a projeção de forças isso é tarefa atualmente quase inexeqüível – mesmo para a RUSSIA – a não ser que abandone  todas as suas empreitadas no Irá, Síria, Chipre e outros fronts mais próximos, onde ainda não concretizou o seu projeto de dominação. Em círculos especializados essa discussão seria considerada infantil.

Putin  interferiu recentemente no conflito da Síria justamente por considerar o Oriente Médio como parte de seus domínios e mais, por acreditar que, se as coisas continuassem da maneira em que permaneciam, a desorganização causada pelo ISIS e outros insurgentes poderia avançar pelo território turco, chegando até a fronteira com a Rússia. Putin tem ainda extremo interesse em manter sob seu domínio o porto de Tartous como um posto avançado no Mediterrâneo.

Portanto, chega de divulgar falácias sobre bases russas, espiões infiltrados no Ministério da Defesa e aviões despejando militares de forças especiais russas ou venezuelanas. Já desmistificamos isso em vários textos e deixamos bem claro que só interessa aos inimigos da verdadeira democracia que a sociedade seja mantida ignorante e apegada a lendas urbanas replicadas por sites sensacionalistas.

É inconcebível que PUTIN, um estrategista bem preparado, coloque seu projeto de poder em risco apenas para defender políticos moribundos e sem qualquer status internacional, incapazes de qualquer contrapartida política ou militar, como Dilma Roussef e Nicolás Maduro.

O único interesse da Rússia nesse tipo de gente está em estabelecer acordos comerciais

Em Breve um artigo sobre a CHINA e a total impossibilidade lógica de se intrometer em nosso jogo político. Um de nossos articulistas, Paulo Duarte Brado, no momento se encontra em Taiwan a convite do governo local, em um trabalho de pesquisa sobre as disputas marítimas no mar da China.

VEJA nesse LINK: o VERDADEIRO discurso de PUTIN no BRASIL, que foi traduzido FALSAMENTE. De onde se tirou a idéia da BASE RUSSA na AMAZÔNIA

Robson A.DSilva – Militar – Cientista Social  – Escreve para Revista Sociedade Militar

Deixe um comentário
Compartilhe
Publicado por
Sociedade Militar