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Entrevista (ficção). General da ATIVA, membro do Alto Comando e chefe do setor de inteligência – Sobre Intervenção MILITAR, Movimentos sociais, geopolítica etc.

General da ATIVA, membro do Alto Comando e chefe do setor de inteligência – Sobre Intervenção MILITAR, Movimentos sociais, geopolítica etc.

Um articulista da RSM “entrevista” um GENERAL de 4 estrelas às vésperas de ser transferido para a reserva remunerada. Mas, ainda no comando de um dos setores estratégicos mais importantes do país. O general surpreendeu ao responder perguntas polêmicas. Bastante esclarecedor. Atenção, é um texto fictício, uma bela montagem que mescla a opinião expressa por vários generais ao longo dos últimos meses em textos publicados pela Revista Sociedade Militar.

Comentários de leitores: “Ou é tão real que parece mentira?” / ” Um texto –FICÇÃO ?? o que li é a mais pura realidade , os fatos elencados estão em nosso dia – a dia , EXCELENTE TRABALHO” .

Revista Sociedade Militar – Boa noite general, agradecemos por nos receber.

General E. Hermes L. G. Pereira da Fonseca – Boa noite, o prazer é meu, temos 1 hora.

Revista Sociedade Militar – Nossa lista de questionamentos é grande então começaremos logo. O senhor é de uma linhagem longa de militares, tendo o seu pai inclusive servido como ajudante de ordens de Golbery do Couto e Silva, o conhecido bruxo, que alguns dizem que foi o cérebro por trás do sucesso da contra-revolução ocorrida há 50 anos. A pergunta é simples: O senhor acha que os militares falharam em algum ponto durante o período em que controlaram o país?

General E. Hermes L. G. Pereira da Fonseca – Sim, todos somos humanos. Forças Armadas não são instituições construídas para administrar países inteiros. Todos sabiam que haveria erros, mas ainda assim se propuseram a arriscar seus pescoços. Mas, se formos avaliar numericamente, a quantidade de acertos foi esmagadoramente maior que a quantidade de erros. Alguns dizem que poderiam ter feito isso ou aquilo. Falar daqui, dessa distância temporal, é fácil. O contexto era outro, completamente diferente.

Revista Sociedade Militar – O senhor quase respondeu acima. A conjuntura que vivemos é semelhante à dos anos 60?

General E. Hermes L. G. Pereira da Fonseca – No Brasil, em alguns pontos sim. Mas, a conjuntura mundial é completamente diferente. Enquanto aqui e em alguns poucos países – entre eles a Venezuela – ainda se governa e se toma decisões com base em filosofias marxistas, como se houvesse ainda uma guerra entre dois blocos filosófico-econômicos, no resto do planeta… o mundo real, é diferente. Lá no mundo real tudo gira em torno do dinheiro e da qualidade de vida que se pode conseguir com uma estabilidade econômica. Acordos são fechados e blocos econômicos são criados em favor da população que trabalha, que paga os impostos e o salário dos seus governantes e diplomatas, que são seus empregados. 

Não é correto negociar em nome de um país inteiro com o objetivo de tentar provar que alguém está certo em suas doutrinas utópicas, que fracassaram ao longo de um século inteiro de tentativas em vários locais do planeta. O marxismo foi introduzido na Rússia em 1917, isso já completa 100 anos em 2017. Um século de fracassos e há gente que ainda defende e – pior – eles se autodenominam progressistas! Uma pena que percamos tanto tempo nessa discussão já ultrapassada em todo o planeta. É uma lástima mesmo que isso ocorra por aqui.

Revista Sociedade Militar – Recentemente o Partido dos Trabalhadores praticamente confessou que fracassou no seu intento de influenciar de alguma forma no processo de promoção de sargentos e oficiais das Força Armadas. Por que esse plano não deu certo?

General E. Hermes L. G. Pereira da Fonseca – Essa pergunta é interessante e vou dividir a resposta em dois pontos: Primeiro. Com essa colocação o partido, que representa a esquerda no país, admite que as forças armadas são o maior impedimento contra seu plano de implantar no país filosofias antiquadas que já fracassaram seguidamente ao longo do último século.

Segundo – A intelligentsia da esquerda se esqueceu de ler mais um pouco, e também não deve ter encontrado um militar que se dispusesse a explicar como se dão as promoções.  Os regulamentos das forças armadas não permitem que se promova ou rebaixe militares ao bel prazer de generais, ou ministros. Não se leva em conta o posicionamento político para assunção de funções, missões, isso é considerado uma questão privada. O militar que no quartel faz apologia a um ou outro partido, a uma ou outra visão política, a principio é advertido, depois isolado e se não mudar acaba saindo das forças armadas e indo para o mundo civil, onde essa discussão é livre e até necessária. Isso já aconteceu, já tivemos oficiais formados na AMAN que preferiram uma carreira política.

Não há discussão política dentro dos quartéis, o que pode haver são discussões sobre possíveis cenários e conseqüências advindas de decisões políticas, e isso nos interessa sim, pois em última instância somos nós que temos que ir para a rua, como ocorre no Rio de Janeiro frequentemente.

Não há um regulamento que pudesse ser mudado para satisfazer o intento desse partido. O que define a evolução na carreira militar é um grande conjunto de dados, extremamente intrincado. Possuímos diversas normas que especificam requisitos e comportamentos para cada militar, em cada força armada e até em cada especialidade. Para garantir as promoções e o sucesso na carreira os militares tem que acumular o que alguns sociólogos chamam de capital militar, têm de se esforçar por cumprir diversos requisitos ao longo de décadas seguidas.

Revista Sociedade Militar – Esse decreto, o 8.515, que gerou grande polêmica, permitiria ao ministro promover oficiais e sargentos de acordo com seu projeto de poder?

General E. Hermes L. G. Pereira da Fonseca – É exatamente o que eu disse acima. Quando o tal decreto foi publicado a grande mídia e parte da sociedade que não conhece nada dos meandros burocrático-militares, ou seja como se dão as coisas dentro dos quartéis, se sentiram incomodados. Acreditou-se que o MINISTRO poderia promover ou transferir militares de acordo com sua vontade. Mas, observem que o alto comando assim como todos os militares das Forças Armadas, da ativa e reserva, se mantiveram serenos, justamente porque sabiam que a norma não alteraria em nada nosso quotidiano. Simplesmente mudaria de mãos a assinatura final que endossa o cumprimento dos regulamentos de promoções em datas específicas em cada força, quadro, corpo etc. Alguns amigos acreditam que a então secretária executiva, bisonhamente teria mesmo a intenção de dar ao Ministro da Defesa alguma espécie de super-poderes, que assim ele poderia promover um tenente amigo ao posto de coronel, apressando a formação de seu grupo de oficiais “com compromisso democrático e nacionalista”, como foi colocado em seu documento-lamento, recentemente divulgado. Se ela pensou assim, como disse, se equivocou.

Revista Sociedade Militar – Então porque o documento foi modificado após a polêmica?

General E. Hermes L. G. Pereira da Fonseca – Pra mim não foi modificado em nada. Acrescentaram apenas uma frase dizendo que o ministro pode delegar as funções. Pra vocês verem que foi apenas um “cala-boca” pra acalmar os reclamantes que nada entendem do assunto, está bem claro lá, se não me engano assim: O Ministro poderá delegar competência”. Poxa, se era algo tão grave assim manter nas mãos do ministro esse poder, como as pessoas se calaram depois que se acrescentou que PODERÁ delegar funções se desejar? Entende-se então que se não desejar não delegará tais funções. Nossa sociedade precisa ainda crescer muito. Aliás, quero cumprimentar a revista Sociedade Militar, vocês foram os únicos que trataram esse assunto sem sensacionalismo e com a abordagem correta.

Revista Sociedade Militar – Já que o senhor falou sobre sociedade, crescimento intelectual etc. Ninguém nega que vivemos uma espécie de caos social, a sociedade extrapola limites, professores, pais e policiais não sabem mais como agir para controlar a situação. O senhor, que foi instrutor em colégios militares e AMAN, acha que podemos reverter esse quadro.

General E. Hermes L. G. Pereira da Fonseca – Acredito que sim. Mas é um processo que demandaria pelo menos a metade do período que a esquerda levou para destruir nosso país com sua revolução cultural, que começou ainda no período militar. É possível, basta investir tempo e dinheiro nisso. Assim como conseguimos por meio da mídia fazer com que o fumo seja algo repudiado, podemos fazer com que a própria sociedade retorne à pilares fundamentais, como respeito aos mais velhos, educação, meritocracia, amor à família. Precisamos investir nisso.

Não sou religioso, mas uma frase me chama a atenção na bíblia, o respeito pelo que um profeta judeu chama de VEREDAS ANTIGAS. Nem tudo pode ser mudado, a nossa humanidade depende de alguns pilares imutáveis, que citei há pouco.

A esquerda tem como regra ser simpática a todo mundo, atender todas as demandas dos diferentes grupos com potencial de apoiá-la. A esquerda é a dona do “SIM”. E isso deu no que deu. Não vai ser possível nunca agradar a todos, o ser humano vai querer sempre mais. É preciso ter coragem para dizer NÃO. Se não dissermos NÃO para nossos filhos de 6 ou 7 anos eles quebrarão a casa toda. Precisamos impor regras de convivência. Estamos cheios de jovens que não suportam um “não” e estão quebrando tudo, acabam pegando em armas para satisfazer seus desejos. Estamos cheios de meninas-mães, filhas de outras meninas-mães, que não suportam ouvir um não e deixam seus filhos e filhas serem criados pela rua jogando a responsabilidade nas costas da sociedade.

Alguém tem que dizer BASTA, alguém tem que dizer NÃO.

Você pode me perguntar então se a criminalidade é culpa da esquerda. Eu responderia que em parte sim. Sempre existiu o crime, mas como uma patologia social ele era combatido e controlado. Hoje a criminalidade é a regra, não conseguimos mais controlar essa doença que ameaça destruir todo o organismo.

Revista Sociedade Militar – Muita gente por aí diz que há militares “melancias”, ou que simpatizam com o comunismo, ligados então à políticos de grandes partidos.

General E. Hermes L. G. Pereira da Fonseca – (gargalhadas). Meu filho, me desculpe, mas no meu ponto de vista não existem oficiais generais ou superiores comunistas. Seria muito difícil acreditar nesse tipo de coisa depois de estudar tanto, seria muita burrice! Como já te disse há pouco, fazer a cabeça de militares não é possível, pelo menos não dentro de nossas academias, de oficiais ou de graduados. Alguns podem até se fazer de comunista e de apoiador de partidos de esquerda. Mas o que esse tipo de gente quer mesmo é cargos na reserva ou favorecimento de familiares. Em todas as instituições há gente ruim, por que motivo as FA seriam diferentes? Também há por aqui  interesseiros e outros malandros. Consulte os arquivos do STM e veja quantos são condenados por ano. Obviamente o número é menor se comparado com outras instituições, talvez sejamos mais vigilantes. Mas, vocês ainda não viram nada. Espere a proximidade das próximas eleições… coisas absurdas vão acontecer.

Revista Sociedade Militar – O senhor termina o seu tempo chefiando um setor de inteligência. Perguntamos então: A esquerda tem mesmo capacidade de atirar o Brasil no caos a ponto de ser necessário o que chama-se atualmente de intervenção militar?

General E. Hermes L. G. Pereira da Fonseca – (Risos) O Villas Bôas é que sofre com essa pergunta sobre intervenção militar. Mas, eu já estava preparado pra ela.

Vamos por partes. Primeiro. Assim que se tiver certeza que a esquerda perdeu a maior parte de seu poder e influência – e note que está acontecendo tudo junto, lideranças sendo processadas e presas e presidente afastada – espera-se que muitos dos que estão “em cima do muro” vão abandonar de vez os movimentos sociais. A pressão é muito grande. A juventude está mudando a cabeça.

Tenho um neto de 19 anos, estuda em uma universidade pública do Rio, em greve por sinal. Ele me diz que o corredor das salas de ciências sociais, geografia e história, antro da juventude de esquerda, é um verdadeiro chiqueiro, paredes pichadas, cartazes com fotografias de Fidel e Chê e banheiros impregnados com cheiro de maconha. Quem quer alguma coisa na vida nem passa por ali, diz.

Ele me diz também que os diretórios estudantis estão esvaziando e que são mantidos apenas pela militância de esquerda, que os usa como se fossem quartéis generais, diz também que é uma minoria a parcela dos estudantes que participa dos atos por eles organizados. Contudo, por ser uma minoria barulhenta, sem medo de se expor ao ridículo, esse grupo aparenta ser bem maior do que é. E assim é no restante do Brasil.

Somos duas centenas de milhões, não é um grupo de algumas dezenas de milhares de militantes de movimentos sociais que vai conseguir nos parar.

Olha só, eu participo de reuniões interagências em vários lugares do país e eu te digo com conhecimento de causa, a esmagadora maioria dos líderes de serviços de segurança pública, não falo de políticos, mas de gente de carreira, está disposta a por um ponto final nessa festinha dos movimentos sociais. Não vão matar ninguém, não vão descumprir a lei, pelo contrário, estão apenas esperando um sinal para cumprir a lei rigorosamente.

Por isso eu te digo que se houver uma grande ação organizada da esquerda ela não vai durar duas semanas. Deixo escapar outra coisa para você, ainda que tentem nos impedir, estamos sim observando, temos muita gente em muitos lugares. A comunidade de inteligência é extremamente leal e unida. Temos informantes sim em lugares estratégicos e com certeza vamos saber com antecedência. Se for ocorrer uma ação organizada de grande vulto, saberemos. E se contarem com ajuda de outra nação, coisa que se comenta muito, os responsáveis serão imediatamente presos em flagrante e podem ser enquadrados na lei de segurança nacional que, pra quem não sabe, ainda está em vigor.

Quanto ao que chamam de intervenção militar. Todos nós, militares da ativa, reserva e sociedade, somos testemunhas que no Brasil ha muita gente versada em se fazer de vítima. Alguns dos políticos mais influentes de hoje usaram a frase “eu fui torturado” pra vencer na vida. Ainda que a maioria deles não tenha passado da mesa do escrivão nas delegacias.

Se as forças armadas empreendessem qualquer ação de grande vulto que extrapole os limites estabelecidos pela lei, como fechar o congresso e prender políticos, por exemplo. Aí sim a esquerda tentaria, talvez aliada à criminalidade dos grandes centros, trazer o caos. E com isso as forças de segurança teriam que endurecer, impor restrições ao ir e vir, às comunicações, e a coisa poderia crescer e durar muito mais tempo do que o necessário. Nesse caso é inevitável que seriam criados novos “heróis da democracia”.

É claro que para qualquer brasileiro decente é atraente a ideia de ver essa quadrilha toda na cadeia. A maioria dos meus companheiros de turma já está na reserva, lá eles falam com mais liberdade. E é verdade que alguns acreditam que as Forças Armadas devem tomar a iniciativa e assumir o controle do país, cercar o congresso nacional, prender Lula e outros políticos de seu time e por aí vai. Mas, quem está na ativa tem que ser mais consequente, precisamos aprender com a história, não desejamos uma espécie de replay dos anos 60 e 70, acreditamos que está na hora da sociedade protagonizar as mudanças.

Nossas normas determinam que numa crise político – estratégica as ordens devem emanar de uma autoridade legitimamente investida. Tenho que lembrar que nossa estrutura militar de crise tem a seguinte composição: Presidente da República, Ministro da Defesa,  Conselho Militar, Comandantes das Forças Armadas,  Chefe do Estado-Maior e Comandantes dos Comandos Operacionais.

Como seria então isso? Será que o supremo vai concordar que o controle do país passe para as mãos de um oficial general, destruindo a seqüência acima estabelecida? E se não concordar, fecharemos o supremo também? Se as forças de segurança estaduais não concordarem lutaremos contra elas? Algumas das polícias são subordinadas a governadores de esquerda, temos o direito de pedir que se insubordinem? Temos o direito de pedir que arrisquem seu pescoço? A coisa é muito maior do que se imagina. Somos um país continental e uma decisão desse tipo somente seria tomada em caso de ausência completa de qualquer outra alternativa.

Diferente de outros países onde há verdadeira polarização, no Brasil não existem dois grandes lados que se digladiam politicamente. Aliás, no mundo não existe mais polarização política. O que persiste ainda é a polarização com base na religião.

O que temos aqui não é polarização, temos de um lado a sociedade que deseja estudar, trabalhar e viver honestamente e de outro um microscópico grupo muito barulhento, que quer impor sua visão de mundo baseada em teorias do século dezenove. A gritaria faz com que pareçam maiores do que na verdade são. Eles não produzem nada de concreto para o país. Muitos são da área cultural, ou contra-cultural, como alguns dizem.

Não existe no Brasil a polarização religiosa ou qualquer grupo organizado capaz de subsidiar um longo período de conflito. Portanto, ainda que improvável, se for necessária a intervenção das Forças Armadas em algum momento, acreditamos que será em apenas alguns locais e por um período brevíssimo.

Não teremos tempo aqui pra discorrer sobre isso. Mas, o que nos parece é que no mundo todo se dá a falência do estado moderno da forma como conhecemos. O estado dessa maneira já possui 5 séculos. Devemos crer que esse modelo será eterno? Tentou-se algumas alternativas, “mutações”, variações, mas sobre a mesma base e parece que não prosperaram, uma delas seria o mercado comum europeu, que aboliu só um dos pilares desse estado, a moeda. Mas, ele pode estar… Na verdade está ruindo na visão de muita gente. Contudo, não sabemos ainda o que vem pela frente, talvez não vejamos.

Talvez os intervencionistas, a sua maneira, estejam nos dizendo isso. Talvez estejam nos mostrando que precisamos de um outro modelo.

Alguém disse por aí que não discutimos política no parlamento, somente economia e direito. Se não me engano foi o filósofo Olavo de Carvalho. Então talvez seja a hora de voltarmos a discutir política, de repensarmos a forma como hoje entendemos o estado. Em nossa Carta Magna consta que o povo é o soberano, que o poder emana dele. Nesse sistema que chamamos de representativo o povo está mesmo sendo representado de forma legítima e eficaz? Se a resposta for não, o que podemos fazer pra corrigir isso?

Não podemos evoluir, o modelo atual é o máximo, o ápice? Eu duvido.

Alguns falam da criação do estado pós-moderno. Mas, isso é prosa pra outro dia.

Revista Sociedade Militar – General, muita gente fala em limitar o poder das agências de inteligência. A pergunta é – se o senhor puder responder: estamos sendo espionados? Se a resposta é SIM, isso ocorre por causa da instabilidade política e rumores de ameaça à ordem pública, ou por causa de ameaça terrorista?

General E. Hermes L. G. Pereira da Fonseca – Eu diria pra você que todos somos espionados por diversos motivos, principalmente comerciais. Hoje em dia quando você faz uma busca no Google ou em outro buscador essa busca é armazenada Os sites que você acessa, vídeos que assiste, quantas vezes usa o email e outros dados, geram informações que são armazenadas e até comercializadas em grandes lotes. As empresas estão coletando informações, construindo um dossiê sobre você e ganhando dinheiro com isso. Você sabe disso e não reclama. Há milhares de câmeras espalhadas pelos grandes centros, de onde pode-se coletar inúmeros dados sobre o dia-a-dia de muita gente, e ninguém reclama disso.

Muita gente confunde as coisas, inteligência não é sinônimo de espionagem. A maior parte dos dados que usamos são obtidos de fontes públicas. Vou te dar um exemplo: em alguns países se obtém facilmente informações com as quais se constrói gráficos de venda no varejo de alguns produtos químicos. Ao observar esses gráficos ao longo de determinados períodos, notando-se variações bruscas, acende-se uma luz vermelha e, verificando a motivação da discrepância pode-se até impedir a construção de uma bomba, por exemplo.

Revista Sociedade Militar – O senhor é conhecido por não ter “papas na língua. O que o senhor acha do politicamente correto, que faz com que a mídia evite criticas movimentos e religiões que tem extremistas que executam ações criminosas, como o MST e Islamismo?

Eu não preciso ter papas na língua, já alcancei o topo da carreira, não vou ser político e não vou chegar mais a lugar algum. Já aturei muita coisa nessa vida. Portanto, falo o que acho que devo falar, quem não quiser ouvir saia da sala, ou nesse caso, não ouça a gravação.

Primeiro, acho que são duas coisas completamente diferentes. Os movimentos sociais nada tem que ver com religião. Alguns movimentos são válidos e sempre, como manifestação da opinião, devem ser permitidos. Mas, a partir do momento em que são apadrinhados pelo estado, se tornam algo perigoso, a motivação de muitos líderes passa a ser puramente financeira. Outra coisa, apadrinhados por governos eles adquirem imunidade e nesse momento se tornam especies de grupos paramilitares, que acreditam que podem impor sua vontade na base da força bruta. E mais, que devem, por questão de sobrevivência proteger o estado que os protege.

Quanto ao islamismo, eu acredito que é preciso ter coragem de dizer a verdade. Quando se trata de vidas humanas não pode haver tabus. Todo extremismo religioso é perigoso e o islâmico é o pior deles. É proibido dizer isso? Então me prendam (risos).

O cara tem vinte e poucos anos, acabou de sair da adolescência, seus pais e avós sempre lhe disseram que os sacerdotes falam por Deus e que não se pode ir contra aquilo que eles dizem. No seu livro sagrado está escrito que heróis mortos vão ter um monte de servos e virgens no paraíso. Aparece um sacerdote barbudo e lhe diz que heróis são aqueles que lutam contra os infiéis, que matam quem não professa sua religião. Pronto, eis mais um suicida. E a imprensa ainda lhe dá um nome pomposo, lobo solitário. Tinha que chamá-lo de idiota útil ou algo pior.

Infelizmente nosso tempo acabou, agradeço pela entrevista e espero ter contribuído.

Revista Sociedade Militar – General, nós é que agradecemos pela entrevista e desejamos um bom descanso na reserva.

General E. Hermes L. G. Pereira da Fonseca – Opa! Ainda estou na ativa, faltam quatro meses pra “pedir pra sair” (risos).

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