Forças Armadas

MILITARES das Forças Armadas e eleições municipais. O que aconteceu?

MILITARES das Forças Armadas e eleições municipais. O que aconteceu?

Faltando 3 dias para as eleições o presidente do prestigioso Clube Militar- que congrega centenas de oficiais superiores e generais – grava vídeo solicitando os votos da categoria para um Suboficial da Aeronáutica do Rio de Janeiro. Um general de divisão, recém transferido para a reserva também indicou o mesmo militar-candidato como melhor opção no Rio. O referido suboficial é um dos principais articuladores de partido que congrega centenas de militares na cidade.

Na semana anterior um oficial superior e muitos sargentos compartilharam mensagem em redes sociais pedindo votos para a esposa de um sargento em cidade de Minas Gerais. A candidata – mesmo sem nunca ter ocupado cargo político – é considerada uma das principais articuladoras de propostas importantes para a categoria e do próprio interesse de alguns parlamentares em incluir os militares federais em suas proposições.

Diante desses fatos alguns acreditavam que a conscientização em torno da necessidade de se eleger candidatos da família militar havia crescido, que a família militar estava realmente unida e que finalmente seria iniciada a construção dos pilares para a formação da tão necessária bancada militar.

Acreditava-se que as cidades que tinham mais possibilidade de se eleger militares eram Juiz de Fora, Rio de Janeiro e alguns municípios da Baixada Fluminense no Rio, como Duque de Caxias, Nova Iguaçú e Queimados.

Além da própria família militar havia a possibilidade de se angariar muitos votos de civis, já que nota-se uma inflexão no posicionamento político da sociedade que assume certa postura contra políticos profissionais, o que os militares definitivamente nunca foram.

Espiando os amigos militares estaduais

Nas eleições municipais só no PARANÁ os policiais militares conseguiram eleger 28 representantes, entre prefeitos e vereadores. Com toda certeza serão a base para a formação de uma grande bancada militar na instância estadual já nas próximas eleições. É na instância estadual que policiais militares tem como lutar em favor da modernização das normas e por melhores condições de trabalho para a categoria. Em outros estados, como Goiás e São Paulo, muitos policiais também foram eleitos.

Retornando à conversa

Entre muitas diferenças importantes entre militares estaduais e federais percebe-se que os segundos têm associações bastante ativas, que dão cobertura e incentivam muito o engajamento em torno dos candidatos. Nas forças armadas, principalmente em escalões superiores, alguns ainda acreditam que os comandantes  – que ocupam cargos políticos – devem possuir a exclusividade de representar os comandados e assim lutar por melhorias na carreira, salários etc.

No Paraná, duas semanas antes das eleições, uma associação de policiais publicou e publicou em seu jornal o nome, número e proposta de todos os candidatos ligados aos militares da polícia paranaense. A família militar pode ali obter as informações necessárias para conhecer e escolher em nível municipal seus representantes. A estratégia foi bem sucedida, como vimos acima.

Estima-se que os MILITARES das Forças Armadas só na região metropolitana do Rio de Janeiro, dada a sua distribuição, poderiam, junto com suas famílias, eleger mais de 20 vereadores. Contudo, os resultados foram ínfimos e muito aquém do que se esperava. Em cidades como Duque de Caxias e São Gonçalo, com dezenas de milhares de membros da família militar, houve candidatos que receberam menos de 100 votos, e nenhum deles foi eleito.

Na capital do Rio de Janeiro ocorreu a mesma coisa, a família militar é gigantesca, mas os votos não foram direcionados para candidatos militares, os poucos que foram se distribuíram entre vários candidatos.

Opiniões encontradas nas redes sociais:

"é muito triste o caldeirão dos militares, uma categoria muito desunida mesmo, não enxerga meio palmo a sua frente. Como uma categoria com milhares de militares na ativa, reserva, seus dependentes e pensionistas não conseguem se organizar e eleger seus representantes?"

"… no RIO o problema é essa gente que só vota em BOLSONARO, sai ano e entra ano, seja filho ou seja pai, os caras ficam com um monte de votos e nada fazem pelos militares em lugar nenhum, e nos outros candidatos, seja sargento ou comandante, ninguém vota "

"Só quero ver se Bolsonaro vai deixar outros candidatos militares concorrer pelo PSC daqui a dois anos… Ele vai monopolizar o partido pros seus filhos… O problema do militar carioca é justamente o que se acredita ser a solução, Jair Bolsonaro"

Lideranças do Rio já articulam encontros para discutir a questão e traçar estratégias para os próximos dois anos.

Veja os resultados e número de votos recebidos por candidatos militares em todo o BRASIL

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Sociedade Militar