Movimento de policiais e esposa deixa FERIDAS E DESAVENÇAS entre oficiais e praças na polícia do Rio de Janeiro.
Caserna definitivamente não combina com greve e manifestação de militares. Contudo, caserna definitivamente também não combina com política e na medida em que comandantes de corporações militares são escolhidos por políticos e não por outros critérios, como antiguidade ou por um conselho formado pelos oficiais mais antigos da tropa, toda a corporação fica submissa à decisões políticas e até político-ideológicas.
Quem espera que um oficial superior da polícia vai se arriscar a desagradar o governador que pode lhe exonerar, lhe atirar no “pijama”?
Quem espera que um comandante de batalhão vai lutar pelos direitos de sua tropa se arriscando a ser visto como criador de caso e jamais escolhido para comandar a corporação?
Pois é, depois que as Forças Armadas deixaram a administração das Forças Auxiliares exclusivamente a cargo dos governos estaduais a coisa aos poucos tem desandado a ponto de muita gente já defender a unificação das polícias.
No Rio de janeiro durante a primeira semana de fevereiro a tropa chegou ao ponto de em alguns locais se dividir entre oficiais e praças. Mulheres de graduados realizando ações como esvaziar pneus de viaturas e impedir a entrada de militares nos quartéis chegaram a ser agredidas e presas. Muitos oficiais e praças acabaram também presos e / ou implicados em processos disciplinares.
Em grupos de whatsapp as esposas de militares redistribuiram a mensagem abaixo. Se for verdade em breve elas devem criar uma associação de esposas de policiais para reivindicar de forma coletiva e com privilégiso dados a associações e movimentos sociais, as reivindicações que fizeram durante essa semana.
Veja o texto.
"Atenção Atenção Atenção
Ontem, nós esposas e familiares do 25BPM, após reunião, encerramos nosso movimento de Ocupação do Batalhão e Cias. Não o fizemos porque o Governo cumpriu conosco sua obrigação, ao contrário, não entendemos que pagar o salário do mês seja atender nossas reivindicações.
Recuamos porque vimos que vários Batalhões no Rio recuaram depois de lutar bravamente, recuamos por causa da repressão descomunal que assistimos contra valorosas e aguerridas mulheres, recuamos por causa de Estados como o Rio Grande do Norte e São Paulo, que ao conseguir suas pautas não entrariam mais no movimento, o que também nós fortaleceria e principalmente recuamos, porque nosso corajoso movimento se debilitou ao não conseguir CRIAR UMA COORDENAÇÃO, UMA DIREÇÃO de guerreiras de todos os Batalhões, que além de ter o papel de estabelecer negociações com o Governo, pudesse também estabelecer táticas de organização da nossa luta, de forma a evitarmos muitos episódios lamentáveis que presenciamos.
A falta de uma Coordenação nos fragilizou no MAIOR MOMENTO DE FRAQUEZA E INSTABILIDADE DESSE GOVERNO.
Pezão está cassado e preocupado em não ser preso, as Forças Armadas foram chamadas porque o caos da Segurança era iminente e só houve sensação de que tudo estava normal porque A FAMIGERADA REDE GLOBO ENCHEU AS BURRAS DE DINHEIRO PÚBLICO PARA MAQUIAR A REALIDADE e a existência do FANTASMA DA MOBILIZAÇÃO DOS OUTROS ESTADOS.
Porque então não conseguimos seguir nosso movimento já que a conjuntura nós era tão favorável???
Primeiro por nossa incapacidade de "ler" essa realidade e nos organizamos para ela, sem atropelos, no marco da legalidade e da institucionalidade.
Agora, no momento em que nosso movimento está refluindo, o que não podemos fazer é DEBANDAR, bater em retirada de forma desorganizada. Retaliações virão contra os militares que se envolveram se solidarizando e nós apoiando e nós mulheres, esposas, civis, que temos todo o direito democrático de nós manifestar temos que continuar organizadas, para continuar a defender os nossos homens.
TEMOS QUE FUNDAR UMA ASSOCIAÇÃO ESTADUAL DAS ESPOSAS E FAMILIARES, nos tornar uma figura jurídica com capacidade e legitimidade de representação; temos que ter uma sede, um corpo jurídico, uma diretoria representativa de todos os Batalhões, porque assim realmente faremos a diferença em próximos e futuros movimentos.
Em Cabo Frio antes de encerrar o movimento, já como ASSOCIAÇÃO DE FATO, sentamos com o Comandante do 25BPM e apresentamos uma pauta local, fomos ao MP e pedimos intermediação para esta pauta, chamamos a imprensa local para falar sobre isto e anunciar nossa decisão de RECUAR ORGANIZADAMENTE DA OCUPAÇÃO.
Votamos e definimos nessa reunião a CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DAS ESPOSAS E FAMILIARES DO 25BPM e já deixamos inclusive a data marcada para tal evento.
Nosso movimento não foi derrotado, ele é um bebê, acaba de nascer, parto normal, mas com muitas contrações e dores, mas nossa vida está apenas se iniciando.
Ele é justo e vigoroso, sem espaço de manobras de descredenciamento, nasce para colocar comida na mesa, pagar material escolar, aluguel, contas. Nasce para defender a vida de nossos esposos, pais, filhos, irmãos; nasce para garantir tratamento médico em nosso hospital, comida digna nos ranchos, escalas conforme regulamento, folgas, viaturas e equipamentos de segurança próprios para uso e uma Concepção de Segurança Pública onde trabalhadores que lutam não sejam tratados como bandidos E estes tratados dentro da lei.
RECUO ORGANIZADO! REAGRUPAR AS GUERREIRAS, FUNDAR NOSSAS ASSOCIAÇÕES E NOS PREPARAR PARA OS PRÓXIMOS PASSOS!! "
Recebemos uma série de mensagens trocadas pelas redes sociais da família militar carioca. Por meio delas é possível ter uma idéia de como andam os ânimos e até tomar conhecimento de algumas situações lamentáveis, como punição de militares e indpicios da possível incidência do chamado “arrego”.
Será que a polícia está mesma dividida em duas categorias, oficialidade e praças? Será que o MP do Rio de janeiro começará a receber denúncias de praças acusando oficiais e apresentando provas sobre recebimento de propina? Vejam as mensagens abaixo e tirem suas próprias conclusões.
Revista Sociedade Militar