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A lógica de Frei Tomás – China – Rota da SEDA

A lógica de Frei Tomás                    

Realizou-se, há dias, em Pequim o Fórum Uma Faixa Uma Rota.

A temática da Globalização esteve, uma vez mais, na ordem do dia, com Putin a servir de convidado de honra para ecoar o que o Presidente chinês tem vindo a preconizar nos fora internacional, como o que ocorreu em Davos, em janeiro passado.

A China apresenta-se como uma espécie de vanguarda de um mundo sem barreiras, sem protecionismo. A Rússia assina por baixo e recomenda. O grande paradoxo deste mundo que se quer livre é que são dois Estados autoritários e reguladores das suas próprias economias (Rússia e China) a defendê-lo. E, depois, coincidentemente ou não, ambos atravessam uma fase económica menos boa, além de serem ambos competidores estratégicos, mas unidos num mesmo objetivo: devolver a Ásia aos asiáticos.

Casados, quiçá, por mera conveniência, Rússia e China parecem ser fiéis seguidores da máxima de Frei Tomás: faz o que eu digo, não faças o que eu faço. De facto, os tempos parecem ser os de um retrocesso de modelos, com a América de Trump a construir muros e a apostar no protecionismo, enquanto Rússia e China invertem sabiamente o paradigma, veiculando o que os Estados Unidos, outrora verdadeiramente democráticos, haviam defendido: um fluxo livre e ininterrupto de pessoas, bens e capitais.

Mas, a lógica irónica que pauta este concerto desconcertado de globalização e pseudo-globalização não é mais de essência política ou de inspiração ética, mas mera economia. It’s economics stupid. É realpolitik pura e dura. Win Win é poeira para os olhos, propaganda para o Povo. Quem percebe a sério do assunto, sabe que a China defende o win win para escoar os seus produtos. Mas quando se trata do inverso, ou seja, serem os outros países a querer apostar no mercado chinês, competindo com as empresas chinesas, é-lhes sabiamente barrado o acesso.

Daí que embora a China tenha aderido à Organização Mundial do Comércio em 2001, o caminho não seja (ainda) evidente para uma União Europeia que se tem batido por direitos laborais, e cujos produtos são, por muitos defeitos que tenham, de boa qualidade.

A meu ver, faz sentido falar em win win, desde que ele ofereça, na prática, garantias efetivas às empresas e produtos europeus de que estão a competir de forma saudável com outras mercadorias internacionais. Caso contrário, se este win win – que a China defende e que a Rússia subscreve – servir para destruir a indústria europeia… não vale a pena. O win win só faz sentido se a economia for (mais) ética… E se se inverter a lógica de Frei Tomás, para algo do género: Faz o que eu digo e também o que eu faço

Paulo Duarte, PhD –      Especialista na Nova Rota da Seda chinesa – duartebrardo@gmail.com

Revista Sociedade Militar

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Sociedade Militar