Forças Armadas

Relatos de sequestro e TORTURA chegam de vários locais do BRASIL

Queridos colegas,

Gostaríamos de fazer um relato e um desabafo.
Fomos sequestrados sexta-feira as 11h no retorno da Av. Carlos Chagas Filho, próximo à Bio Rio. Fomos abordados por 3 indivíduos armados que nos jogaram num carro e nos encapuzaram e levaram nosso carro. Fomos obrigados a fornecer todos os nossos dados bancários e perdemos nossos computadores, celulares, documentos e demais pertences.
A perversidade da ação foi tal que fomos mantidos reféns por 9h (nove horas!) encapuzados, no banco traseiro de um carro com uma arma apontada para nós.

Neste dia, tínhamos muitos experimentos em curso nos laboratórios. Então, nos programamos para pegar nosso filho de 7 anos na escola as 14h e levá-lo para o lab para que pudéssemos fazer tudo o que precisávamos.
Só que estávamos no cativeiro neste horário!

A escola tentou nos contactar por celular, não os tínhamos! Por telefone fixo, não temos telefone fixo nos laboratórios!Dispensamos o transporte escolar e nossa funcionária de casa mais cedo devido nossa mudança de planos de ficar com nosso filho conosco no Fundão. Resultado: a escola tentou por 3h nos contactar e, então, decidiu entrar em contato com nossa família. Nosso filho saiu da escola as 18h, 4h de espera por alguém para ir buscá-lo.
Fomos libertados as 22h em Belford Roxo sem dinheiro ou celular. Nesse tempo, não tínhamos ideia do que teria sido feito de nosso filho.

Por sorte, conseguimos a ajuda de alguém que nos emprestou o celular para saber o paradeiro do Luigi e nos levou até um ponto de táxi.

Encontramos nossa família as 24h, desesperados. Nos procuraram em hospitais, IML e, junto com nossos alunos dos laboratórios, foram à polícia, delegacia e etc.

Resumindo, estamos todos profundamente abalados e com sequelas psicológicas que não sabemos quando serão cicatrizadas.

Estamos nos perguntando o que está acontecendo? Todos sabemos que estes assaltos no Fundão são diários. Cadê a ação da Reitoria? Da Prefeitura Universidade? Cadê a gestão e atenção com os funcionários desta casa que tanto se esforçam para fazer da UFRJ uma universidade de excelência? Quantos mais terão que passar por esse trauma desumano?

Ouvir dos bandidos que nossa patrulha de vigilância é inútil e que mais 2 “equipes” estavam no Fundão para fazer a mesma abordagem em outras vítimas é vergonhoso! E assustador!

Nós somente gostaríamos de poder fazer o nosso trabalho! Aquilo que amamos! Mas precisamos estar protegidos na hora de chegar e sair! E durante nosso dia também nos nossos prédios! É pedir muito um telefone fixo? Câmeras funcionando para monitoramento? 2-3 carros de vigilantes para coibir estas ações????

Honestamente, não conseguimos imaginar como continuar desta maneira.

Fazemos também nossa mea culpa, pois quando ouvimos outros relatos de tragédias similares, comentamos entre nós e com colegas, mandamos mensagens de solidariedade… mas acreditem, isso não basta! Agora, podemos dizer que é preciso cessar com isso! A mudança é urgente!!! É preciso cobrar uma solução para esse absurdo diário!

Queremos dignidade! Temos esse direito!

Patricia Z. e Mauro S.

Recebido de COLABORADOR da Revista Sociedade Militar

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Publicado por
Sociedade Militar