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Bolsonaro vai enfrentar o “ mais imprevisível e mais turbulento cenário internacional desde 1945”.  Embaixador Rubens Barbosa, diretor do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior

Bolsonaro vai enfrentar o “ mais imprevisível e mais turbulento cenário internacional desde 1945”.  Embaixador Rubens Barbosa, diretor do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior

Fala sobe política externa e o novo governo hoje a tarde na Comissão de Relações Exteriores do Congresso Nacional

O embaixador dá advertências importantes sobre aspectos a ser observados pela equipe que assume o país em janeiro.

Veja a transcrição

“acho que a partir de 1 de janeiro o presidente eleito vai enfrentar o mais imprevisível e mais turbulento cenário internacional desde 1945. Há uma grande transformação, estamos numa crise do multilateralismo, estamos as vésperas de uma guerra de poder mais ampla entre a China e os Estados Unidos. Nós teríamos que ter feito aqui no Brasil um reexame de conceitos… aqui no Brasil nessas últimas décadas não houve uma renovação do pensamento estratégico e ainda estamos presos a concepções e conceitos superados.

…nunca é levado em conta aqui no Brasil quando se fala de política externa é que o Brasil é uma das 10 maiores economias do mundo  e quando se discute o lugar do Brasil no mundo se coloca o problema de como colocar o Brasil num lugar correspondente a esse peso político e econômico que o Brasil tem mas que não é exercido… o Brasil está isolado das negociações comerciais, se atrasou, perdeu poder e influência, perdeu espaço… e está com uma agenda externa muito pesada.

Na minha visão… futuro governo… temos que definir o que o Brasil quer e quais são as prioridades. Temos que definir… O que o Brasil quer nas relações com os Estados Unidos, o que o Brasil quer da relação com a Europa… com a China? Fortalecer a voz do Brasil no cenário internacional… qual o papel do Brasil aqui na reunião.

… essa campanha de descrédito do Brasil no exterior que realmente está sendo muito efetiva e está afetando a percepção externa sobre o que ocorre aqui no Brasil… se não for corrigida essa percepção pode afetar a credibilidade no momento em que se busca a volta da confiança, do investimento.

Nós temos uma agenda pesadíssima, caso da Venezuela, questão de fronteiras, a relação com a argentina, a posição em relação ao MERCOSUL, a aliança do pacífico. A relação com o México complicada agora com a mudança de governo, para um governo de esquerda. Nós vamos ter uma área de livre comercio aqui na região, como o Brasil vai reagir a isso? A negociação do gás com a Bolívia e a negociação do tratado de Itaipu com o Paraguai… em 2023… se coloca o futuro do tratado. A questão do protecionismo que está aí, a guerra comercial entre EUA e China, como o Brasil pode se beneficiar se essa escalada verbal se aprofundar.

A questão dos BRICS… nós vamos ter a reunião de cúpula aqui no Brasil e os BRICS estão abrindo um escritório de representação em São Paulo…o que o governo futuro vai fazer sobre isso?

Além de essa agenda que está aí há alguns temas pendentes da maior importância… primeiro é a questão da adesão ao CDE, segundo é um acordo de salvaguarda tecnológica que vai permitir a efetivação do centro de lançamento de Alcântara para todos os países, nós precisamos desse acordo sem o qual nenhum país pode usar essa base de lançamento.

A relação com a Venezuela e com CUBA vão estar no primeiro dia da agenda…

Sobre o novo governo. Tivemos uma eleição democrática. Pela primeira vez temos um grupo de direita, aqui no Brasil nunca ninguém assumiu essa posição e vão ter que aplicar o programa de governo para o qual ele foi eleito… nunca houve uma situação em que um grupo de direita, conservador nos costumes e liberal na área econômica, assume o poder. Como vai ser a relação aqui no Congresso? Como vai ser a relação com a sociedade? Nós tivemos na área de política externa declarações… mudança da embaixada de Jerusalém… acordo com países não ditaduras… o congresso nacional vai ter uma posição importante porque muitas das coisas que estão sendo ditas… temos que esperar que venham a público para dizer efetivamente qual vai ser a política a ser aplicada…

O papel do Congresso vai ser muito importante… sempre tendo presente a defesa do interesse brasileiro. uma política de ESTADO, não de partidos ou ideologias.

Revista Sociedade Militar

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