Política Brasil

A direita cega que sega

Uma conversa informal com leitores e colaboradores. Se puder e assim desejar, deixe sua opinião lá nos comentários. Ela é importante.

Segar significa, segundo alguns dicionários: “acabar, cercear, foiçar, desfazer, destruir, dissipar, findar, mermar” e ampliando um pouco mais isso, significa interromper o crescimento de uma planta com o uso de uma foice.

Fazemos sempre questão de ressaltar aqui que a DIREITA brasileira não pode se deixar transformar numa apoiadora cega de qualquer um que se autoproclame como conservador, de direita, militar etc. O dever do eleitor e daqueles que querem fazer parte da imprensa, seja grande ou pequena, é manter o senso crítico e jamais se abster de falar sobre aquilo que acredita que é errado ou duvidoso. Um veículo de comunicação que só publica notas positivas sobre determinado grupo não passa de uma agência de publicidade disfarçada de revista ou jornal.

Não podemos ser como eles. Se criticamos sites como 247 e Viomundo que jamais deram destaque a um erro de Lula ou de Dilma como podemos agir da mesma forma, só que do outro lado do espectro político? 

Essa semana sofremos alguns ataques interessantes porque ousamos – como sempre fazemos – criticar ações e discurso de políticos de direita. No nosso país – independente do lado que você esteja ideologicamente posicionado – se você criticar um membro de seu próprio lado, na mente de muita gente será imediatamente atirado a força dentro do lado oposto, passará a ser tratado como inimigo.

Outro item relacionado – e que fique bem claro – pelo fato de citar positivamente fala ou elogiar ação de fulano ou beltrano não pode-se dizer que alguém é seguidor de tal pessoa. Que coisa! Estamos mesmo na tal era dos extremos!

Muito recentemente e reiteradamente aqui fomos chamados de vermelhos, melancias, comunistas e coisas piores porque desmentimos algumas falácias bastante idiotas que  – por incrível que pareça – enganavam muita gente que se diz esclarecida. Dissemos que não há bases russas na Amazônia, que não havia condições de caças venezuelanos chegar até Brasília, que caças não são bombardeiros, que era mentira que milhões de chineses embarcaram em navios em direção ao Brasil.

Absurdos inenarráveis aconteceram nesses últimos meses. Pasmem, houve gente que começou a cadastrar militantes de direita e suas “habilidades militares” para apresentar ao exército para lutar na intervenção militar, que em sua mente sempre ia acontecer na próxima semana.

Infelizmente a militância burra não ficou somente no período eleitoral. 

Na semana passada elogiamos bastante uma deputada carioca por seu posicionamento firme contra o partido dos trabalhadores.

Em artigo publicado 4 dias depois criticamos a mesma deputada pelo fato de ter endossado proposta que colocava em prática o besteirol da esquerda sobre linguagem não sexista etc. O artigo foi longe,  milhares de vezes compartilhado nas redes sociais e rendeu muita discussão, percebeu-se nas redes que o eleitorado achou que o comportamento da política destoava da ideologia que defende. A assessoria da política entrou em contato tentando explicar a coisa e oferecemos oportunidade para publicar nota. 

Para ilustrar a colocação – MILITÂNCIA BURRA À DIREITA – mostramos nota sobre nosso artigo criticando a deputada – militar, publicada por blog microscópico que pertence a cidadão da Baixada Fluminense – RJ. Há muitos sites e blogs desse tipo, infelizmente parcela significativa caminha para uma militância equivocada, que tende a se tornar fanatismo, deixando assim de enxergar equívocos e fazendo papel único de agência de publicidade de políticos A e B.  

O Blog – mostrado abaixo / ao lado – defendeu ferozmente a ação da deputada de endossar o tal projeto de lei sobre “LINGUAGEM SEXISTA” e criticou a crítica da Revista Sociedade Militar, chamando-a de FAKE NEWS. Talvez não tenha lido o projeto, talvez não tenha sequer lido o artigo em nosso site. Afinal, hoje muita gente só lê os títulos. Mas, como dito, é apenas um exemplo. Não podemos taxar notícias de fake, tendenciosa ou mentirosas simplesmente porque criticam ou comentam de forma negativa ações de políticos que em tese estão do nosso lado do espectro político. 

Como centenas de outros tem feito recorrentemente – militantes cegos, equivocados, fanáticos em vários níveis –  o blog errou. No dia seguinte recebemos nota da deputada estadual citada nos informando que havia MUDADO SEU POSICIONAMENTO e retirado sua assinatura do projeto em questão.

A nota da REVISTA SOCIEDADE MILITAR foi acertada. A informação chegou até o público e pressões advindas disso ensejaram uma mudança rápida de posicionamento da política em questão, que foi bastante digna ao admitir – não exatamente com essas palavras – que foi “engabelada” pela bancada feminina da ALERJ

“Alana Passos explica que retirou seu apoio por ‘ discordar da INTENCIONALIDADE’. A deputada diz que acreditava que ‘a peça seria apenas para mudar o Regimento Interno da Casa de Leis… algumas colegas deputadas quererem o direito de  serem reconhecidas como Deputada e não como Deputado… ‘. Publicado em: https://www.sociedademilitar.com.br/2019/02/alana-passos-retira-assinatura-de-projeto-sobre-sobre-utilizacao-da-linguagem-nao-sexista.html

Uma frase de Olavo de Carvalho chama a atenção: “Não se pode criticar nenhuma atitude de direitistas, por inconveniente e imoral que seja, sem que logo apareçam dezenas de engraçadinhos reclamando …

Independente de quem esteja no governo não podemos engavetar nosso senso crítico. TODOS os seres humanos erram, todas as falas e textos tem que ser analisados à luz da inteligência e não por conta do posicionamento político declarado. Agir com arbitrariedade contra opiniões alheias, tentando criar uma elite intelectual – que se apropria do direito de dizer quem fala a verdade – atrapalha muito e desestimula a discussão sadia. A reconstrução do país tem que ser uma realização coletiva, com a mente de tantos quantos puderem e quiserem participar. Toda crítica é permitida e bem vinda, não podemos permitir que exista politicamente correto à direita.

Revista Sociedade Militar

Robson Augusto é militar R1, jornalista e cientista social

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