Em conversa com Stella Gaio e Rose Vitória, representantes da Associação de Pais e Responsáveis do colégio Brigadeiro Newton Braga, facilmente se detecta a tristeza e decepção causadas pela decisão recente da Aeronáutica de se desvencilhar da instituição de ensino que hoje atende a mais de 1000 crianças na Ilha do Governador, Rio de Janeiro
Num momento em que a sociedade clama por mais colégios militares e justamente no inicio de um governo que tem entre suas pautas de campanha o foco na educação com princípios como hierarquia e disciplina essa é uma das últimas ações que pais e responsáveis imaginariam que pudesse acontecer. Aparentemente a coisa caiu como uma bomba, não deixam de proferir, durante as conversas, termos como: “ele criou uma expectativa”, “fomos surpreendidos”, “ele (Bolsonaro) falou que abririam outra escola além da nossa!”.
No site da escola, mantido pela FAB, percebe-se em destaque a informação sobre o cancelamento do exame de admissão para o próximo ano letivo.
Em BOLETIM interno a FAB já determinou a transferência de instalações para a SEEDUC-RJ. Stela Gaio, que atua também junto de associações de militares comenta que novamente, como no caso do Pl1645, auxiliares diretos de Jair Bolsonaro fazem com que seu governo se choque justamente contra o que foi prometido diante de suas bases eleitorais, nesse caso a família militar e pais de todo o país que lutam por um ensino com base na disciplina e meritocracia.
Decepcionados, alunos lembram que ingressaram na escola após esforço próprio, por meio de um exame de admissão que tem taxa de inscrição e que estabelecia que ingressariam em uma escola mantida pela Força Aérea Brasileira. A taxa de inscrição para o exame, paga por meio de GRU, em 2017 custou R$ 100 reais e a inscrição foi realizada em sitio online mantido pela Força Aérea Brasileira.
Segundo os pais, o gasto com manutenção da escola é de cerca de 500 mil reais mensais. Realmente, se os números estiverem corretos, isso totaliza cerca de R$ 460 por aluno, valor irrisório se comparado com as despesas por aluno na rede pública, que é de R$ 2.091,37 (dados de 2018). As mães lembraram ainda de um caso recente em que apenas dois militares gastaram quantia semelhante apenas com o uso indevido de cartão corporativo.
Uma comitiva de pais já está em Brasília e tem reunião marcada para essa segunda-feira com o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara de Deputados. Já estão também marcadas duas manifestações para os próximos dias e uma delas possivelmente se realizará em frente ao Palácio Guanabara na tentativa de fazer com que o governador não aceite a transferência da instituição para a rede estadual.
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