Forças Armadas

Enquanto generais namoram o Partido dos Trabalhadores o DEM de Rodrigo Maia dá sua bênção para os graduados

Próxima semana pode trazer a virada de jogo em favor  dos graduados na questão PL1645.  Aproximações interessantes. DEM “namora os sargentos” enquanto o generais “namoram o PT”

Robson Augusto*

Versões e inversões, um bate papo sobre o que aconteceu e as tendencias para a próxima semana.

Na terça-feira pela manhã este editor ligou para a liderança do PT, não conseguimos falar com nenhum parlamentar, estavam em uma reunião com o Ministério da Defesa, que incluía um belíssimo almoço grátis. Ainda no dia anterior fomos informados sobre o encontro com a bancada do Partido dos Trabalhadores. A defesa não fez nenhum alarde, não soaria muito bem para o público uma noticia que informasse que o ministério busca alianças com o partido de Dilma, Lula, Gleisy etc., inclusive evitou-se a distribuição de fotografias.

Calma, porque não termina por aí. Quem está articulando todas essas perigosas aproximações, dizem as “más línguas”, é uma deputada do PCdoB, uma que trabalhou no ministério da DEFESA e foi condecorada com várias medalhas militares. 

Um dos que não compareceu ao evento preparado para o Partido dos Trabalhadores foi o Senador Paulo Paim. Tradicional defensor de militares de graduações mais baixas, o senador confessou que foi convidado, mas explicou que por existir uma audiência pública ligada aos graduados das forças armadas no mesmo horário, decidiu não comparecer.

No momento em que PAULO PAIM – durante a audiência pública – admitiu a existência do evento organizado pela defesa, percebeu-se nos semblantes dos graduados um ar de preocupação. Todos sabem que o Ministério chefiado pelo general Fernando Azevedo e Silva – aquele que trabalhou como secretario do Toffoli – tem uma estrutura gigantesca. Sabem também que generais em atuação política não poupam gastos e muito menos têm qualquer “preconceito ideológico” quando se trata do quesito bajulação de parlamentares.

Para dirimir dúvidas quanto a isso basta uma olhadela nos almanaques das medalhas militares, onde se destaca a grande quantidade de nomes de políticos. A  farta e “democrática” distribuição de medalhas é mesmo bem republicana, não faz acepção de partido ou ideologia política.

Os suboficiais e sargentos explicam que a defesa tem usado de todo o seu aparato para esconder os detalhes mais ardilosos do projeto 1645/2019, apresentado pelo governo, que chega a deixar praticamente sem reajuste de salário os praças nas graduações mais baixas, incluindo aí os graduados inválidos, ao mesmo tempo em que aumenta os salários de generais em mais de 50% alegando que se trata de “valorizar a meritocracia”.

O conceito de meritocracia mudou

O conceito de meritocracia nas Forças Armadas repentinamente mudou. Na era Bolsonaro passou-se a considerar como mérito somente os estudos e diplomas que cada militar possui, atirando no lixo o que tradicionalmente se valorizava mais no quotidiano militar, a coragem, a habilidade militar, obediência e outros atributos morais. Com isso, sargentos que passaram décadas nas mesmas graduações, sem direito a promoções, mas que deram o melhor de sua vida enfrentando traficantes em favelas, mergulhando na floresta para guardar nossas fronteiras, sofrendo com malárias sobre malárias ou mesmo com acidentes que deixaram alguns paraplégicos, como acima colocado, são considerados com menos mérito que – por exemplo – alguns graduados ou oficiais que adquirem diplomas em cursos realizados a distância.

Um graduado da aeronáutica hoje na reserva e que há alguns poucos anos foi mencionado por grandes revistas como um herói por resgatar vários corpos após semanas no meio da mata depois daquele fatídico acidente entre o Legacy e o voo da Gol, caso seja aprovado o PL1645/2019, será considerado com menos mérito que um militar na mesma graduação que completar os cursos a distância recém criados pela força com o objetivo de melhor remunerar quem está na ativa ou que ingressará daqui pra frente.

“Nas forças armadas a reserva sempre recebeu o mesmo que recebe quem esta na ativa. Se o PL1645 for aprovado isso acaba”, explicou um graduado.

Nos corredores do Congresso

Mesmo sem uma estrutura que sequer se aproxime da utilizada pela defesa, sem associações e sem dinheiro, os graduados conseguiram virar o jogo e fizeram com que um projeto que aparentemente seria aprovado às escondidas se tornasse a grande dor de cabeça dos últimos dias para o governo Bolsonaro. Nos corredores do CONGRESSO NACIONAL se comenta que a virada de mesa do deputado Delegado Valdir ao destituir o Major Victor Hugo de seu posto na comissão que votará o PL1645 foi a gota d água que faltava para a atual crise no PSL, partido do presidente da república.

Numa das reuniões da comissão que estuda o projeto de lei do Ministério da Defesa um general-deputado disparou seu mau humor contra os graduados e os ameaçou, disse que ia cortar os benefícios de todo mundo.

Como se ele tivesse todo esse poder“, comentou um suboficial.

Aproximações e tendências

Comendo pelas beiradas está o DEM, que na comissão do PL1645 já se posicionou a favor dos graduados por meio de emenda apresentada pelo deputado David Soares, que é filho do pastor R.R.Soares.

VEJA como funciona a emenda número 6, proposta pelo Deputado David SOARES para distribuir de forma igualitária os percentuais contidos no Pl1645/2019

Todos sabem que o deputado Rodrigo Maia, também do DEM, presidente da Câmara dos Deputados, já se aproxima de Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro. Como todo mudo também sabe, Witzel já deixou claro que pretende ser presidente da república. Nos bastidores, aqui no RIO, já se fala e uma aliança entre DEM e PSC.

Em evento jornalístico ocorrido na semana passada Rodrigo Maia tentou afastar de si a pretensão de se tornar presidente da república. “Meu perfil inicial não é de candidato majoritário” , disse.

O que Maia disse em seguida reforça a possibilidade de que no futuro venha a se aliar a Witzel em uma campanha presidencial.

 “mas eu posso ajudar. Tenho boa condição de ajudar a coordenar e construir um bloco grande de pessoas e partidos, atrair sociedade para a gente ter espaço para participar do debate como a gente já participa”, complementou Rodrigo Maia.

Por que motivo se introduziu o nome de Rodrigo Maia nessa conversa sobre o PL1645?

Você pode estar se perguntando.

A resposta: No estado do Rio de Janeiro se concentra quase a metade dos militares da reserva remunerada das Forças Armadas. Uma das primeiras revistas procuradas por Wilson Witzel, ainda na pré-campanha foi a Revista Sociedade Militar. Ele procurou também associações de militares do Rio, como a Bancada Militar, capitaneada pelo sargento Aragão, o que mostra que ele conhece muito bem a força dos militares da reserva sobre seus grandes círculos de influência.

É obvio que Rodrigo Maia tem também essa informação. Perspicaz, ele já percebeu o PSOL se insinuando para os suboficiais e sargentos.

Maia já tem um encontro marcado com representantes dos graduados das Forças Armadas na próxima semana.

A data e quem vai participar eu não estou autorizado a informar… ainda.

Pelo que recebemos de uma fonte muito influente, o Presidente da Câmara dos Deputados quer entender a fundo quais são os problemas apontados pelos graduados na reserva e receber sugestões sobre como pode-se fazer para que a reestruturação alcance também os militares de postos e graduações mais baixas na ativa e reserva sem aumentar o gasto previsto no projeto de lei 1645/2019.

Atribui-se a MAIA o fato das duas últimas reuniões da comissão especial que estuda o PL1645 terem terminado tão rapidamente. Rodrigo Maia é o dono da agenda do Plenário.

A semana que vem promete grandes emoções nessa guerra de Davis contra Golias

Robson Augusto é jornalista, sociólogo, militar R1 – Revista Sociedade Militar

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