Forças Armadas

HELICÓPTEROS, peças raras na AMAZÔNIA – “Vamos ter combate real… e não dispomos de helicópteros suficientes para apoiar/reforçar as operações dos batalhões de infantaria de selva…”

“Vamos ter combate real, quando menos esperarmos, na calha norte do grande rio, sendo bom que se diga, vamos tê-lo com certeza e, pelo menos, até agora, não dispomos de helicópteros suficientes para apoiar/reforçar as operações dos batalhões de infantaria de selva..”

Para que se tenha uma ideia, o 4º Batalhão de Aviação de Exército/BAVEX, sediado em Manaus/AM , conta em sua organização com as seguintes subunidades:  Esquadrilha de Comando e Apoio, responsável por apoiar o comando da unidade; Esquadrilha de Manutenção e Suprimento, responsável por executar as atividades de suporte às aeronaves; 1ª Esquadrilha de Helicópteros de Emprego Geral, com apenas quatro helicópteros HM-1 Pantera, quatro HM-3 COUGAR e dois HM-4 JAGUAR; 2ª Esquadrilha de Emprego Geral com apenas 4 helicópteros HM-2 BLACK HAWK e Base de Administração e Apoio, que realiza as atividades administrativas. Ao que tudo indica, todas as 12 (doze) aeronaves especificadas compradas em notórios “mercadores da morte”, nada mais nada menos do que maquiavélicos e grandes predadores militares, todos de cobiça declarada pela Amazônia. E quando eles estiverem na nossa selva? Será que eles vão manter o suprimento do material?

É de se imaginar o pouco caso de uma governança revanchista e de uma politicalha descomprometida, que permitiram este estado de calamidade, por tantos anos, em um comando militar de área da extensão do Comando Militar da Amazônia/CMA, atualmente subdividido com a criação do Comando Militar do Norte/CMN com sede em Belém/PA, o que não diminuiu a responsabilidade sobre a grande região norte, com as mesmas fronteiras para lá de extensas para vigiar e defender. Mas, e a atual governança? O número dessas aeronaves já foi aumentado de modo a deslocar o efetivo completo de uma companhia de fuzileiros de selva? E o BAVEX para o CMN? Precisamos, sim, de um BAVEX em cada capital de estado da Amazônia, e isto apenas para começar. É de se perguntar, as aeronaves de um BAVEX têm capacidade de transportar o efetivo completo de uma companhia de fuzileiros de selva? Sim porque uma única subunidade incompleta “não vale”, seria brincar de “guerrinha” no cumprimento de missão helitransportada em terreno inóspito!

Crédito: Exército Brasileiro – Com Soc CIGS / Flickr oficial do Exército

Ah! Mas o SISFRON… Meu Deus! Precisamos muito mais defender do que vigiar. Não adianta apenas vigilância! Já se pensou o que vamos lançar por sobre o inimigo? Ah! Os fuzis novos estão chegando! Brincadeira! Fuzis novos até o Estado Islâmico tem. Mas os oficiais-generais nas comissões de defesa nacional, do senado e da câmara, continuam divagando sobre aquela “estória da carochinha” (a penúria desatada) que a politicalha da governança revanchista estava “careca” de saber e, ao que tudo indica, parece ter contagiado, também, o congresso eleito no último pleito. Com todas as honras e sinais de respeito, talvez, uma postura mais indignada, ao invés do submisso “pires na mão”, possa sensibilizar as consciências daquelas “nobres” excelências de segunda classe.

Mas as perguntas que não querem calar insistem. Qual a razão da fobia por blindados? O que precisa ser priorizado, viaturas de transporte “Guarani” ou helicópteros? Entretanto, é de pasmar, a despeito da prioridade para aquele ecúmeno imenso, todavia, ainda assim, se vai encomendar até “2044” guaranis. Para que? Ah! É o sinal dos tempos, a infantaria motorizada tem que dar lugar para a mecanizada. Nada contra! Mas não vamos mais brigar no cone sul. Nossa ameaça cada vez maior é na imensa região setentrional, decididamente, não é a dos “HERMANOS” sul americanos. Então por que tantas viaturas blindadas transporte de pessoal/VBTP e tão poucos meios em termos de aeronaves? Qual é a possibilidade mais provável de emprego de tropa pela Força Terrestre, na região centro-sul ou na Amazônia?
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Vamos e convenhamos. Como pode o 4º BAVEX sozinho apoiar toda uma Amazônia verde com apenas “12” destas aeronaves? Entre estas, apenas: “4” do tipo “BLACK HAWK”, cada uma capaz de transportar, mais a tripulação, até “12” infantes; “4” do tipo “COUGAR”, até 18 cada um , e “4” PANTER” até “12” cada, o que, salvo melhor juízo, permitiria deslocar, de uma só vez, apenas o equivalente a uma companhia de fuzileiros de selva (três pelotões de fuzileiros mais um de apoio mais a seção de comando da subunidade), ou seja, muito pouco ou quase nada  para um território do porte de dois comandos militares de área, pleno de áreas sensíveis, muito distanciadas, cada uma com um potencial de problemas/ameaças, ensejando transporte de envergaduras variáveis, para missões inopinadas de toda ordem.

Esse é um detalhe importantíssimo no planejamento aéreo, pois, dependendo da distância do deslocamento, implicará na quantidade de combustível necessário, acarretando, por vezes, em redução do efetivo possível a ser transportado. Os efetivos acima citados para cada modelo de helicóptero são em função apenas dos assentos disponíveis em cada aeronave, mas não permitem decolar com o tanque pleno! Existem informes de que, na 1ª EHEG, foram acrescentadas “2” aeronaves HM-4 JAGUAR, as quais transportam até “22” infantes, o que aumenta um pouco o efetivo deslocado mas, ainda, muito longe do ideal vislumbrado de um  batalhão de infantaria de selva/BIS.

Uma outra justificativa muito empregada por notórios “professores de Deus” são as operações de paz, os “URUTUS” envelheceram …. Ora bolas, que se explodam as missões da ONU. Vamos ter combate real, quando menos esperarmos, na calha norte do grande rio, sendo bom que se diga, vamos tê-lo com certeza e, pelo menos, até agora, não dispomos de helicópteros suficientes para apoiar/reforçar as operações dos batalhões de infantaria de selva/BIS, a grande maioria deles muito distantes de MANAUS/AM, estes que vão se fazer mais do que necessários se a artilharia de foguetes e mísseis não dissuadir o inimigo bem antes que se aproxime da foz do Amazonas ou da bacia do pré-sal. Isto sem falar na carência/necessidade de meios anfíbios para os BIS, quando aí a coisa fica mais feia ainda! E, por favor, que não se fale mais no “rojão junino” AVIBRÁS MATADOR/AVM-300 km. Sim, vai morrer muita gente nossa se dispusermos tão somente deste “mata-mosquitos”.

Paulo Ricardo da Rocha Paiva / Coronel de infantaria e Estado-Maior
Revista Sociedade Militar

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Sociedade Militar