Defesa – INDAGAÇÕES A QUEM DEVE RESPONDER

O teste com um míssil  EXOCET fabricado no País, realizado com êxito pela esquadra, ao que se sabe, aconteceu em 2012.  Ao que tudo indica, passados já sete anos, os nossos navios de escolta (pelo menos aqueles que ainda não foram para o estaleiro) foram dotados com este míssil anti navio, ou será que não? Hoje já se dispõe de uma nova versão, o MANSUP, que poderíamos chamar de defesa/ataque aproximado (alcance máximo de 70 km). Quanto vai demorar para que, todas, as fragatas e corvetas em condições de navegar sejam armadas com esse vetor?  Para que jogar dinheiro fora pela a escotilha comprando navios surreais ao invés de armar os existentes com poder de fogo que seja convincente? Afinal de contas, quando se vai chegar à conclusão de que dissuasão extrarregional impõe tiranicamente um poder de fogo definitivo bem superior ao de uma guarda costeira?

Mas, e os 70 km, será que bastam? Nossa Marinha vai ficar limitada apenas a esse alcance? Minha Nossa Senhora dos Navegantes! Não seria pensar muito pequeno para quem aspira singrar destemida no Atlântico Sul com capacidade de dissuadir poderosos oponentes extra regionais? Como se vai enfrentar em duelo um cruzador do naipe do USS CAPE SAINT GEORGE? Sangue latino nos dentes! Será que isto existe? Por que não dotar nossas destemidas, mas muito poucas, belonaves de escolta da esquadra, todas, também, com uma seção de vetores “ASTROS II” para lançamento do AVM-300 fabricado pela AVIBRÁS? Não seria uma forma de aumentar o alcance do nosso “foguetinho de festa junina”, valorizando sua serventia mais do que capenga visualizada pelo EB? Em verdade, na falta de um VDR 1500/2500 Km, não seria uma compensação de consolação?

A MB já pensou que poderia “chegar ao nirvana” se, mesmo com apenas pouquíssimas belonaves de escolta, todas, um dia, dispusessem do vetor de respeito VDR 1500/2500 k? A AVIBRÁS, por um acaso, já foi acionada? E os nossos submarinos? Quantos já foram capacitados a lançar mísseis na situação de submersos? Já avaliou que essa ideia estapafúrdia de adquirir dezenas de navios patrulha ao invés de, antes de tudo, artilhar nossas heróicas belonaves de escolta (pelo menos as que ainda não estão no estaleiro) com mísseis, significa tão somente conseguir mais “bucha de canhão” para servir de alvo para os “grandes predadores navais”?  Por que se faz vista grossa aos bucaneiros sorrateiros de campana, aqueles que ficam na espreita como o CONQUEROR, o submarino nuclear de “sua majestade” que pôs a pique um cruzador argentino na Guerra das Malvinas?

Com todas as honras e sinais de respeito, mas nossos comandantes de força já se conscientizaram que devem exigir do governo a denúncia do “MCTR”, o acordo lesivo à soberania do País que nos limita a vetores ridículos em termos de alcance (300 km) e carga (500 kg)? Já chegaram à conclusão de que, para se poder começar a pensar em dissuasão extrarregional, o “projeto VETOR DE RESPEITO” tem que sair do papel, em situação de urgência e emergência? Ainda na posição de sentido e com a mão na pala, mas nossos comandantes de força já pensaram que outros programas mirabolantes de longo prazo não vão proporcionar a potência defensiva de que necessitamos, para ontem, face aos “grandes predadores militares”? Que não pensando assim, nunca, jamais, serão oficiais-generais comandantes de instituições verdadeiramente armadas na acepção do termo?

E a nossa força aeronaval? Quantos aeródromos perdulários já foram para o “ferro velho”?  Por acaso decolar de bases ativadas ao longo do litoral/costa não é bem mais seguro do que de um porta aviões desavisado, alvejado como patinho na lagoa por caçadores de troféus? Por que não liberar a FAB da foz do Amazonas, permitindo que esta se volte para a cobertura da calha norte do grande rio? A propósito, por que razão não fazê-lo também no litoral/costa (setor das bacias pré sálicas)? Por que não se aumenta o número reduzidíssimo da caças A-4 SKY HAWK com os F5 remodelados que a FAB vai desincorporando com a chegada dos GRIPEN? Trocando em miúdos, como se pode aumentar, de forma eficiente/eficaz, o protagonismo da força aeronaval na dissuasão extrarregional?  Na posição de sentido e com a mão na pala, com a palavra o alto comando da MB.

Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior
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Publicado por
Robson Augusto