Forças Armadas

Aprofundando – “O EXÉRCITO QUE TEMOS E O EXÉRCITO QUE PRECISAMOS”

APROFUNDANDO COMENTÁRIO GEOPOLÍTICO DO CORONEL GELIO FREGAPANI

“O EXÉRCITO QUE TEMOS E O EXÉRCITO QUE PRECISAMOS”

1) PREÂMBULO

GEFRE (GELIO FREGAPANI) – A História está cheia de exemplos de derrotas de bons exércitos que pararam no tempo. Durante uma guerra, os exércitos evoluem se ainda tiverem oportunidade, mas a deusa da vitória só sorri para quem, se antecipando, soube quando, por que e como mudar. Querendo preparar o nosso exército para vencer nas guerras que podem acontecer, devemos primeiro identificar quais as ameaças à nação que possam justificar uma guerra, em que tipo de guerra teríamos que lutar e, finalmente como poderíamos vencer tal guerra

PRRP (PAULO ROBERTO DA ROCHA PAIVA) – Talvez o exemplo maior de exército que se preparou para manter o porvir soberano de sua pátria tenha sido o da força terrestre israelense. Esta foi organizada literalmente para lutar em regiões desérticas, brigadas blindadas equipadas com o que existe de melhor, escudadas moralmente por poder de dissuasão nuclear, do qual só lançará mão em caso de “desespero de causa”, uma possibilidade mais do que remota, mas da qual não abre mão, resistindo soberana e altivamente a qualquer tipo de pressão para mantê-la, seja da “ONU”, seja de qualquer dos  “grandes predadores militares”.

GEFRE – Exércitos servem para garantir, pela força, os objetivos nacionais. Isto só funciona se for forte suficiente e adequado ao tipo de luta que se pode prever. Ainda que os objetivos nacionais devam ser definidos pelos governos, todos conhecem alguns deles que necessariamente devem ser garantidos pela força: a independência; a integridade territorial, a autonomia em face de pressões militares e a ordem interna. Consideramos que não existe ameaça à independência. Ela é um fato consolidado e irreversível. Entretanto, quanto aos outros objetivos…

PRRP– Atualmente o nosso exército possui força apenas para, com restrições, cumprir missões de defesa interna, não evidenciando as mínimas condições para fazer frente a uma ameaça eventual concretizada pelos “grandes predadores militares”, estes constituídos pelos “5” países integrantes  do CDS/ONU, os únicos capazes de contestarem a posse pela nação brasileira dos nossos invejáveis ecúmenos amazônico e marítimo. esta situação precisa ser revertida no mais curto prazo.

GEFRE – Até a década de 1960, a Amazônia não era motivo de preocupação, era tida como Região Amortecedora — na nossa geopolítica e na de alguns “brasilianistas” norte-americanos. A partir de então, os oficiais em serviço na área começaram detectar sinais de perigo. Mesmo para os desavisados, a Amazônia passou a ser algo mais do que uma região ocupada por uma densa floresta tropical em 1986, quando milhares de cidadãos europeus assinaram documento que foi submetido ao Congresso Constituinte no Brasil com a intenção de que fosse incorporado ao texto da Carta Magna que estava sendo elaborada, dando às tribos indígenas o status de nação. Na década de 1990, as pressões internacionais atingiriam um grau alarmante. No ocaso da Guerra Fria, já estava evidente que a ameaça estava ao Norte, e não partia de nossos vizinhos, mas de povos mais evoluídos contando com forças muito superiores. Para esta última hipótese, estudos do estado maior mostravam nossa completa inferioridade não só de efetivos como, principalmente, de armamentos e tecnologia.

PRRP– Para que se tenha uma idéia, quando no comando do 17º BIS-REGIMENTO CURUPAYTY em TEFÉ/AM, em 1993, uma equipe da POLÍCIA FEDERAL/PF, que cumpria missão de busca e apreensão contra o narcotráfico na região, foi convidada pelo comandante da brigada para almoçar no aquartelamento. Qual a nossa surpresa, integrados àquela equipe “2” agentes do DEA/usa. Em dado momento os filhos de “Tio Sam” ousaram se reportar aos “arrastões” ocorridos nas praias de Ipanema/Leblon em tom irônico, no que foram, de imediato, rebatidos por este oficial no sentido de que olhassem primeiro para o “rabo deles”, particularmente para os injustificáveis distúrbios raciais que ocorriam em LOS ANGELES, com mobilização, inclusive, da “guarda nacional”l para manutenção da ordem naquela cidade.

GEFRE – Reconhecida como principal ameaça a ambição estrangeira pela Amazônia, evidenciou-se que entre os cenários possíveis haveria o de confronto militar. Os dois subcenários mais prováveis: a secessão de terras indígenas apoiadas pelas grandes potências ou a simples tomada a “manu militari” para se apoderar de matérias primas, sempre nas desabitadas, mas altamente mineralizadas, serras do norte da Amazônia.

PRRP – Não podemos nos enganar. enquanto não houver reversão da concessão selvagem/criminosa das terras indígenas na faixa de fronteira, o flanco estará exposto. A reservas Yanomamy e a Raposa Serra do Sol, se não forem isoladas dos nossos limites territoriais, estas, mais cedo ou mais tarde serão contestadas pela chamada “comunidade internacional”, através da ONU, em nome do direito reconhecido internacionalmente aos indígenas de se constituírem em nações independentes. as FFAA, em particular e principalmente o EB, não pode abrir mão de exigir uma tomada de posição, quer da governança quer da politicalha, de molde a neutralizar a desintegração nacional provocada por uma equivocada política indigenista.

GEFRE – Obviamente que, em qualquer dos casos, enfrentaríamos um inimigo infinitamente superior, impossível de vencer em campo raso, que contará com supremacia aérea e naval e ainda terá ao seu lado as tribos indígenas industriadas pelas ONGs. No caso de secessão de terras indígenas, mesmo apoiadas militarmente por países desenvolvidos, a guerra provavelmente se circunscreveria às terras do norte da Amazônia. No caso de agressão militar aberta, numa tentativa de quebra da vontade nacional, podemos esperar bombardeios seletivos como das hidrelétricas, tomada ou destruição das plataformas de petróleo, bloqueio naval, bombardeios e mesmo tomada de cidades, centros industriais e de decisão. Em ambos os casos, o tamanho do território nacional impede uma ocupação total, o que significa que sempre teremos uma base para contra-atacar.Identificada a ameaça, a boa doutrina aponta o método a ser seguido: perguntamos se a nossa organização, nossos equipamentos e nossos procedimentos conteriam a ameaça. Caso negativo, o que necessitaremos modificar nos procedimentos, equipamentos e organização para garantir o sucesso.

PRRP – É de se perguntar, que medidas estão em curso para, com os meios existentes, hoje, agora, otimizar a tal “estratégia da resistência”. Qual o grau de credibilidade que damos à esta duradoura, desgastante e sangrenta forma de luta? O que foi feito até agora para, em caso de necessidade, colocarmos a mesma em execução? Como está se preparando o Exército diuturnamente, não para alcançar metas a perder de vista em projetos, ditos “estratégicos”, mirabolantes, mas, sim, para enfrentar o combate com o inimigo já dentro do nosso território? Como está a mobilização/motivação da população civil para integrar as forças subterrâneas (de apoio ao exército na guerrilha urbana a ser desencadeada nas capitais da grande região norte)? E as forças sustentação (aquelas de apoio logístico à estas forças subterrâneas)?

GEFRE – Trataremos aqui, para esta hipótese, apenas da preparação das forças de terra abstraindo a ação das demais forças armadas e da também indispensável defesa civil. Mesmo limitando o estudo ao exército, será necessária alguma “quebra” de paradigmas. Algo difícil, pois abarca aspectos de ordem cultural e requer mudanças na doutrina e nos conceitos organizacionais e operacionais, porém devemos encarar a necessidade da transformação da força terrestre como inevitável se quisermos vencer, ou mesmo termos uma oportunidade de dissuadir o adversário de pôr seus planos em execução.

2) O EXÉRCITO QUE TEMOS. COMO ESTÁ?

GEFRE – -Com parcos recursos o EB faz grande esforço para manter algum poder de combate. Tal como na maioria dos exércitos atuais, a brigada e a divisão são os tipos de grande unidade permanente. A brigada com dois a cinco batalhões e a divisão com duas a cinco brigadas, sempre com as unidades complementares de artilharia, engenharia comunicações e apoio logístico. A estrutura é flexível; seria adaptada para o combate campal se fosse dotada de material atualizado. Possuímos quatro divisões razoavelmente completas (ainda que dotadas de material defasado), sendo as demais incompletas.

Poucas unidades e apenas uma brigada são constituídas por tropa profissional. A maioria das unidades, sujeita ao ciclo anual de incorporação e baixa dos conscritos quase nunca está pronta para o combate. Em sua maioria, os batalhões têm boas condições de montar patrulhas de combate, mas não de atuar como uma unidade em combate moderno. Em operações, podem ser empregadas brigadas orgânicas ou forças-tarefa compostas por elementos de uma ou mais brigadas, como acontece nas forças de paz enviadas ao exterior.

Convencido que não teria inimigos à altura na AS, o EB deu mais ênfase à mobilização do que ao pronto emprego. A dimensão do país e a experiência da Guerra do Paraguai reforçavam a certeza que, uma vez atacado, as forças vivas da nação teriam condições de reagir e montar o exército que fosse necessário. Durante um século, nossas hipóteses de guerra versavam em torno da herança colonial, contra os castelhanos da Argentina ou mesmo contra uma coligação de países do Cone Sul. Para aquela guerra, estávamos relativamente preparados: bastava retardar o inimigo até uma linha defensiva, aguentar lá até que nosso potencial fosse mobilizado, quando passaríamos a ofensiva. Isto não aconteceu. Em vez disso tivemos que enviar força expedicionária contra a Alemanha, e só conseguimos juntar uma divisão, assim mesmo equipada pelos nossos aliados.

A partir daí, com a Guerra Fria, esta hipótese foi perdendo força, avultando as necessidades da defesa interna, aliás bem-sucedida, e a pressuposição que numa próxima guerra, nossa participação seria com nova força expedicionária. Que a defesa do território se resumiria a questões intestinas. As falhas do sistema, já vivenciadas por ocasião da FEB, evidenciavam cada vez que devia ser montada com rapidez uma força expedicionária, mesmo que fosse só um batalhão em missão de paz. Avultou a necessidade de haver tropas de pronto emprego e de mobilidade aérea para as operações internas. Mesmo carente de recursos, o EB preparou como pode tropas de pronto emprego e criou aviação própria.

Para enfrentar a hipótese de confronto com forças muito superiores, especialmente nas serras do norte da Amazônia, estudos do Estado-Maior mostravam nossa completa inferioridade não só de efetivos como, principalmente, de armamentos e tecnologia. Temos consciência de que uma nossa unidade militar com o armamento e o equipamento existentes, que se choque em campo raso com uma unidade dotada com armamento e equipamento modernos, se desmanchará como um pote de barro trombando com um pote de ferro. Nosso exército, da forma em que está, não tem possibilidade de superar esta ameaça, quer se circunscreva às áreas ambicionadas da Amazônia quer inclua atuação nos pontos chaves do espaço ecúmeno nacional visando quebrar a vontade de resistir. Podemos aguentar bombardeios em nosso território, por muito prejuízo que cause. Havendo invasão de espaço povoado, até poderemos responder com guerrilhas rurais e urbanas, se as tivermos preparado com antecedência; entretanto, mesmo as tropas de pronto emprego não teriam como fazer face ao poderoso inimigo em batalha campal, e a tão necessária mobilidade aérea, indispensável face ao tamanho do nosso território, é completamente inútil quando o inimigo tem a supremacia no ar.

Caso o inimigo se limite a estabelecer uma “zona de exclusão” no estilo que houve nas Malvinas, abrangendo apenas as reservas indígenas da fronteira (IANOMAMI, RAPOSA, UAI-UAI, ATROARI e outras – exatamente nas mineralizadas serras do norte), reação possível somente com as tropas existentes no local da invasão ou com as que conseguirmos levar até lá. Com certeza se repetiriam, em nossos pelotões de fronteira, episódios como o de Antonio João em Dourados, de significado moral, mas de nulo efeito operacional. Os atuais pelotões de fronteira são marcos da nacionalidade, mas em termos bélicos não têm maior significação; ao contrário, por não serem autosuficientes, terão que ser sustentados logisticamente mesmo estando fora da área atacada em ocasião em que todos os meios disponíveis serão necessários em combate. Só articulando com antecedência se poderia contar com o auxílio de umas poucas tribos indígenas e principalmente dos garimpeiros.

No momento, para evitar a atuação de inimigo muito superior em apoio à independência de nações indígenas, o Exército aposta no que lhe resta: a dissuasão que possa ser provocada pela certeza de que faríamos uma guerrilha infindável na selva, estratégia denominada “de resistência”; transfere toda a tropa que pode para a Amazônia, mas ainda está longe de ter a força necessária nas proximidades das serras da fronteira, o verdadeiro teatro das prováveis disputas, onde se encontram as cobiçadas jazidas de minérios estratégicos.Considera-se inevitável a supremacia aérea inimiga. O bloqueio aéreo dos rios e estradas nos impedirá de levar para lá um só batalhão sem atravessar centenas de quilômetros de selva. Isto significa que deveríamos estar lá antes da guerra. Resumindo: o Exército tem boas condições de superar as ultrapassadas hipóteses de guerra e de atuar eficazmente na segurança interna, mas está com o dispositivo, a organização equipamento e armamento inadequado para enfrentar as principais ameaças que podemos vislumbrar.

PRRP – A destacar pelo seu significado: defasagem do armamento e efetivos incompletos; o desapronto para o combate e o desadestramento para atuar como unidade constituída no combate moderno; nossa completa inferioridade não só de efetivos como, principalmente, de armamentos e tecnologia: grande possibilidade de desmanche pote de barro trombando com pote de ferro, quer na Amazônia quer em pontos chaves do espaço ecúmeno nacional, visando quebrar a vontade de resistir; a incapacidade de confrontar poderosos inimigos em batalha campal; a nossa inferioridade aérea; a necessidade impositiva de articulação preventiva e aliciamento do gentio e de garimpeiros.

3) MUITO BEM, E DAÍ? QUAL O PRÓXIMO PASSO?

GEFRE – Antes de pensarmos qual o tipo de Exército que nos convém, façamos algumas considerações sobre a natureza das guerras na atual conjuntura.

Dia a dia as armas são aperfeiçoadas e novas aparecem. Os mísseis, cada vez mais portáteis se revelam eficazes contra aeronaves, contra pessoal e principalmente contra carros de combate. A situação destes últimos se assemelha a do cavaleiro medieval quando do aparecimento do mosquete; pensava-se que ainda haveria muitas flechas e lanças, e que a armadura deveria ser conservada. Foi necessário um século de perdas sangrentas para aprender que o mosquete era o novo rei. O mesmo acontece agora; a mobilidade continua importante, a blindagem não. Os exércitos modernos (ainda não é nosso caso) podem identificar alvos pela assinatura eletrônica, pelo calor e podem destruir qualquer alvo identificado. Em conseqüência, as armas devem ficar longe da guarnição, manejadas por controle remoto ou então não apresentar alvos compensadores ou ainda se deslocar rapidamente após o tiro.

PRRP – A mobilidade na área do “CMA” está tirânicamente dependente de embarcações de combate e de helicópteros, estes  muito mais  necessários para enfrentar o poderoso inimigo, que devemos realmente temer, do que os blindados para fazer frente aos castelhanos da Argentina ou mesmo contra uma coligação de países do Cone Sul, uma hipótese por demais remota haja vista a mentalidade de cooperação, fortemente motivada pelo ambiente aglutinador protagonizado pela tríade MERCOSUL/UNASUL/CDS. Em verdade, particularmente argentinos e uruguaios, preferem “matear” com os brasileiros da fronteira do que propriamente “pelear”. Quando muito um “pega” no futebol sem maiores consequências. Para que se tenha uma idéia, a quantidade de “hermanos” proprietários de casas e apartamentos no litoral gaúcho e catarinense é respeitável. Sou testemunha ocular desta mais do que saudável integração, posto que troco “CD´S” com meu vizinho. ele me fornecendo tangos e eu rebatendo com sambas.

GEFRE – Devemos também considerar que, com a ampliação das áreas urbanas, a concentração das riquezas e nós de comunicação nas cidades, o combate tende a ser cada vez mais em ambiente urbano. Será vantajoso reavaliar a organização e o equipamento criado para o combate campal na hipótese dos combates se desenvolverem predominantemente em cidades.

PRRP – Que se diga, as capitais dos estados da grande região norte, precisam ter suas populações, todas, motivadas para o combate que deverão oferecer em ambiente urbano, em complemento à luta que será travada ao longo dos rios e igarapés pelas unidades  (batalhões de infantaria de selva/BIS) e no sítio implacável às capitais ocupadas pelo inimigo. Há que se pensar, desde já, como serão organizadas, enquadradas, pensando-se que oficiais e sargentos da reserva, residentes nestas cidades, devam fazê-lo, isto para não onerar os quadros das unidades de linha. Um levantamento, por cidade, destes quadros da reserva, já poderia estar sendo feito, com atribuição de encargos preparatórios com vistas a diminuir ao máximo o “toque de horror” gerado pela improvisação. Fomos aceitar a imposição da “estratégia da resistência” pelos “grandes predadores militares”, então, devemos acreditar nela e torná-la realmente um instrumento de luta respeitável, eficiente, eficaz e, sobretudo, temido.

GEFRE – Já no presente, com as armas acionadas por controle remoto, e cada vez mais no futuro as armas serão dotadas de sensores que apontarão e decidirão quando atirar. Algumas elementares (minas e armadilhas) são empregadas desde muito tempo, mas o futuro nos promete a grande ampliação do uso de armas com sensores que decidirão por si quando atirar ou explodir. Muito da camuflagem será o como “enganar” os sensores. Por fim, pode-se esperar que os alvos serão fugazes; as situações evoluirão com muita rapidez e as comunicações não serão confiáveis, tal o espectro de interferências. Em conseqüência, dificilmente haverá oportunidade de informar novos dados para receber ordens. Desta forma valerá a iniciativa, boa ou não, dentro de um objetivo geral tipo “fazer algo que ajude a ganhar a guerra”.

PRRP – A indústria nacional de armamentos precisa, desde já, se debruçar no fornecimento de armas acionadas por controle remoto, sensores, minas e armadilhas.  A “AVIBRÁS”, particularmente, tem que desenvolver mísseis apropriados para bater embarcações de combate e helicópteros, distribuindo este material bélico em tempo útil (e não depois da “sangria desatada”) para suprimento dos paióis das unidades do “CMA”. Não esquecendo de prevê-los ao longo das calhas dos rios, particularmente nos meandros dos cursos d´água, de forma a bater, de posições camufladas na mata, os meios anfíbios e aéreos do inimigo. Vejam quantas providências inadiáveis já podem ir sendo tomadas, todas de resultado imediato e custo bem menos salgado do que o desenvolvimento de projetos ditos “estratégicos”, megalomaníacos, sem nenhum retorno defensivo imediato calcado na realidade. Alerta! Atenção! Perigo! Não vai ser a consecução de “7” projetos (exclua-se o “ASTROS II”, desde que voltado para mísseis/vetores de cruzeiro) que se arrastam no tempo que vai impedir a amputação do Estado de Roraima em proveito da Grã Bretanha. mas se aquele estado (militares e civis) estiver preparado condignamente para a resistência, “viva Deus”! O inimigo vai comer um osso duro de roer! Este comentário permite visualizar o tipo de instrução a ser ministrado para as “forças subterrâneas e forças de sustentação”. Um adestramento que pode ser entregue tranquilamente a militares da reserva, oficiais e sargentos, “velhos soldados” que se debruçariam sobre um programa de adestramento devidamente orientado pelo comando da guarnição das capitais da região amazônica, com ganhos superiores.

GEFRE– A História está cheia de exemplos de derrotas de bons exércitos que pararam no tempo. De exércitos que se prepararam para a guerra que passou. Durante a guerra, os exércitos que não cedem podem evoluir, mas a guerra de hoje pode não ser longa suficiente. A deusa da vitória sorria para quem, se antecipando, soube quando, por que e como mudar.

PRRP – Que se diga, a nossa guerra não é a guerra de domínio, de conquista, de imposição de poder. Nossa guerra é a da defesa da pátria, da manutenção da integridade territorial, da soberania do povo brasileiro sobre um território verde e amarelo. Por isso mesmo não nos deve motivar o adestramento com vistas a integrar coalizões de soldados universais para submissão de povos do Oriente Médio ou de qualquer outra parte do mundo. Por isso mesmo duas devem ser nossas preocupações maiores: a primeira, procurar bater o inimigo bem antes que ele cerre por sobre nossas fronteiras terrestres ou mar territorial, isto de molde a, se possível, dissuadi-lo quanto a uma invasão;  a segunda, no caso de não se alcançar este objetivo principal, ser capaz  de, pelo meio da resistência, levá-lo de vencida no seio da terra brasileira. Para tanto sobreleva: na primeira instância, o poder de fogo da arma de artilharia do Exército, da Força Naval e da Força Aérea. Este poder de fogo superior só será logrado quando dispusermos de vetores de respeito, que batam distâncias, pelo menos, de 1500/2500 km; na segunda, a vontade férrea de, no mais curto prazo, evoluirmos para um honesto, decisivo e implacável planejamento e preparo da “estratégia da resistência”.

GEFRE – Já reconhecemos como principal a ameaça de ataque de forças muito superiores, e selecionamos os dois principais cenários: a secessão de terras indígenas, guerra necessariamente circunscrita ainda que apoiada pelas grandes potências, ou a simples tomada por estas, a “manu militari” das mineralizadas serras do norte da Amazônia. Já vimos que, neste caso tenderia a haver ações inimigas no restante do território visando quebrar a vontade nacional por bombardeios seletivos como das hidrelétricas e a tomada ou destruição das plataformas de petróleo e mesmo tomada de cidades centros industriais e de decisão.

PRRP– Para fazer frente às ações inimigas no restante do território, não sem antes sanar as restrições de poder de fogo e efetivar o planejamento e preparo da “estratégia da resistência”, deve ser avaliado o “projeto sistema de defesa antiaérea” para defesa das hidrelétricas, plataformas de petróleo, indústrias estratégicas, grandes centros de decisão. Considerando que o inimigo, embora desgastado a longa distância pelos nossos mísseis de alcance 1500/2500 km, cerre por sobre as nossas fronteiras ou bacias do pré sal, terá se chegado a um ponto que sua força aeronaval estaria efetuando os bombardeios preliminares para o desembarque no litoral do Rio de Janeiro e São Paulo, defrontantes de nossas bacias do pré salicas, sendo necessário, no caso do Exército, substituir o protagonismo dos vetores de longo alcance pela nossa artilharia antiaérea a ser priorizada no seguimento ao alcance das prioridades de planejamento e preparo já explicitadas.

GEFRE – Obviamente que, em ambos os casos, enfrentaremos um inimigo que contará com supremacia aérea e naval, impossível de vencer em campo raso.Considerando que não poderemos vencer exércitos muito superiores em campo aberto, nos restam as selvas e as cidades, que reduzem e muito a eficiência dos equipamentos superiores e são reconhecidamente locais adequados à defesa. Nas cidades, contaríamos com o auxílio da população. Na selva, nossa superioridade de conhecimento do terreno fica diminuída se o inimigo tiver ao seu lado as tribos indígenas industriadas pelas ONGs. Também concluímos que dificilmente conseguiríamos deslocar tropas para o local da invasão. Sabemos também que é impossível uma ocupação total do território nacional, e que sempre teremos uma base para contra-atacar. Articulando com antecedência, se pode conseguir, nas serras da Amazônia a cooperação de umas poucas tribos indígenas e principalmente dos garimpeiros. Resumindo: Já que o nosso dispositivo, nossos meios e nosso procedimento se mostram inadequados para enfrentar as ameaças que identificamos, devemos adaptá-los o quanto antes. Conseguindo em tempo útil talvez até possamos evitar a guerra. Enquanto nossas forças forem reconhecidamente ineficientes, deixam de ser um elemento de dissuasão e passam a ser mais um atrativo. 

4) O EXÉRCITO QUE PRECISAMOS

GEFRE – Recordando:

Considerando que, na hipótese de combatermos exércitos muito superiores, não poderemos enfrentá-los em campo aberto. Nos restará a selva, que reduz de muito a eficiência dos equipamentos superiores e as cidades, reconhecidamente locais adequados à defesa e onde a população é brasileira.

Sendo a guerra circunscrita à área em disputa, ou seja, abrangendo as reservas YANOMAMY, RAPOSA-SERRA DO SOL, UAI-UAI ATROARI-UAIMIRI, (exatamente nas mineralizadas serras do norte), a guerra será na selva, mas o bloqueio aéreo dos rios e estradas nos impedirá de levar para lá um só batalhão sem atravessar centenas de quilômetros de selva.  Isto significa que devemos estar lá antes da guerra. Caso a guerra se estenda além da área ambicionada certamente haverá bombardeios e ocupação de cidades, especialmente as portuárias, exigindo também uma adequação para a nova situação.

Baseado nessas premissas, proporemos:

1- Alterações no dispositivo

2- Alterações no recrutamento e formação

3- Alterações na organização

4- Alterações nos armamentos e equipamentos

5- Alterações nos procedimentos de combate

1 – ALTERAÇÕES NO DISPOSITIVO

OBJETIVO: LOCALIZAR A TROPA PARA FAZER FACE À AMEAÇA

PRRP – Para que se tenha uma ideia, “BRAZIL ARMY IN THE AMAZON”, este título de matéria publicada na INTERNET, simplesmente, configura o resultado do “CIGS” ter virado “casa da mãe joana” para militares integrantes de FFAA pertencentes às grandes potências militares: um levantamento da localização de todos as organizações militares do comando Militar da Amazônia , inclusive dos batalhões de infantaria de selva e de todas as organizações militares de Manaus, sede daquele grande comando, futuros alvos cirúrgicos para seus vetores de longo alcance!

GEFRE – Considerando que a principal ameaça estará nas serras do Maciço Guianense (as serras que separam nosso país dos vizinhos do norte), é lá que devemos reunir, com o máximo de antecedência, as tropas de combate especializadas e as de apoio, também especializadas à região. Como exemplo, nas áreas IANOMAMI e RAPOSA SERRA DO SOL. Outras companhias necessitam ser criadas nas áreas TIRIÓS, UAI-UAI e ATROARI. Essas companhias especiais devem: 1) preparar a guerra no local, estocando gêneros e munição em locais ocultos; 2) ligar-se com antecedência com garimpeiros e índios leais.  Cada pelotão de Selva, com “4” grupos de combate, e deve ser dotado de mísseis portáteis, inclusive antiaéreos. Estas companhias “de emboscada” devem ter condições de desenvolver  operações independentes, juntamente com seus aliados índios, caboclos locais e garimpeiros.

PRRP – O Coronel Fregapani, posteriormente, acrescentou: – “É viável transformar todos os pelotões de fronteira em “companhias de emboscada” em duas semanas se já tivermos planejado. Essas Cias não podem ser para batalhas diretas, mas sim para tornar a ocupação muito custosa, senão impossível. Devem se ocultar na floresta emboscar, atacar de surpresa e armadilhar a região. Tem que ter autonomia completa e um mínimo contato com os superiores. Devem evitar defesas estáticas; defesa para elas é emboscar o inimigo.”

2 – ALTERAÇÕES NO RECRUTAMENTO E FORMAÇÃO

Objetivo: Ter tropas sempre prontas para uma reação imediata e reservas para uma ação prolongada.

GEFRE – Considerando que, nas atuais condições, nossas tropas são pouco mais do que escola de recrutas, os quais só estarão treinados no final do ano de instrução, e assim permanecerão por poucos meses; considerando   ainda que os quadros, empenhados na instrução de recrutas e na administração, têm pouco tempo e pouco estímulo para exercitar sua função primordial, qual seja, — bem comandar sua fração em combate, — a mudança se faz necessária quer no recrutamento, quer na preparação dos soldados e dos quadros.

2.1 – Recrutamento e formação de soldados

Por muitas razões, nos convém o recrutamento universal. Entretanto, a pequena quantidade de conscritos que podemos incorporar anualmente não passa de 0,5% dos rapazes em idade militar. É necessária uma reformulação, não só para que seja recebida alguma instrução militar, mas para que seja incutida e cultivada a noção de Pátria e dos valores indispensáveis à nacionalidade.

A solução são os “tiros de guerra”. Será fácil estabelecê-los nas cidades, um por cem mil habitantes. Isto atenderá a 10% dos jovens, o que ainda é pouco, mas bem melhor do que os atuais 0,5%. É óbvio que os reservistas/atiradores terão melhores condições de, liderados pelos próprios diretores do tiro de guerra, de desencadearem guerrilhas em seus locais de formação do que se não tivessem alguma instrução militar.

A incorporação na tropa, para voluntários, só após o tiro de guerra. Como o uso de armamento moderno não é assunto para amadores, nos parece conveniente o engajamento mínimo de três anos, mas na tropa não mais será necessário perder tempo com os ensinamentos elementares de ordem unida, armamento individual e procedimento em situações diversas. A tropa passa a ser tropa e não escola de recrutas como na atualidade. As escolas de recrutas seriam os Tiros de Guerra.

8ª Região Militar

12ª Região Militar

 

PRRP – A formação do atirador é realizada no período de 40 semanas, com uma carga horária semanal de 12 horas, totalizando 480 horas de instrução. Há um acréscimo de 36 horas destinadas às instruções específicas do Curso de Formação de Cabos, e um terço desse tempo é direcionado para matérias relacionadas com ações de saúde, ação comunitária, defesa civil e meio ambiente. Até 1969, a formação do atirador era realizada no período de 80 semanas, o TG 01-010 contava com três pelotões, cerca de 153 atiradores, portanto a partir de 1970, essa formação foi dividida em 1° e 2° semestres, sendo dois pelotões no primeiro semestre e 2 pelotões no segundo semestre, uma formação de duzentos atiradores por ano em grande parte dos TGs (fonte WIKIPÉDIA).

2.2 – Recrutamento e formação de sargentos e de oficiais temporários

GEFRE – O ideal é transformar os CPOR em Centros de Preparação de Quadros da Reserva (CPQR). Um por Região Militar. Estes formariam sargentos temporários no primeiro semestre   e oficiais temporários no segundo.

Livres da formação básica militar, já que seria requisito para a matrícula o serviço no tiro de guerra (com ingresso mediante concurso), o CPQR ensinaria a ser sargento, e em função específica. Todos os terceiros sargentos seriam temporários. A partir de três anos de sargento, poderiam fazer concurso para o curso de aperfeiçoamento, na ESA, onde, concluído o curso, seriam promovidos a segundo sargentos a passariam a profissionais, de carreira. Assim o Exército teria todos os terceiros e segundos sargentos que necessitasse, sem se preocupar com o gargalo nas promoções.

Analogamente no segundo semestre seriam formados os oficiais temporários. Requisitos para prestar concurso: ter concluído o curso de sgt e sido aprovado em um vestibular. Tal como no curso de sargentos, a formação será para funções específicas, a partir dos ensinamentos aprendidos nos cursos de sargento (cobrados no concurso).

Na tropa não haveria recrutas. Isto nos permitirá que a mantenhamos permanentemente em condições de pronto emprego, livrando-as da atual função de serem pouco mais do que escolas de recrutas, ao contrário da situação atual, em que as tropas só estão em condições de emprego poucos meses por ano.

2.3 Recrutamento e formação de oficiais de carreira

GEFRE – Ter cursado um tiro de guerra deve ser um dos pré-requisitos para os candidatos à Escola Preparatória, que equivaleria a um curso de sargentos no CPQR. Para o ingresso, uma média ponderada da prova intelectual com um exame psicotécnico que possa medir a vocação guerreira. Um chefe militar não pode ter como aspiração uma carreira dedicada à burocracia de tempo de paz. Quando a pátria está em perigo, todos entram na luta, mas o sucesso é mais difícil quando ela não é conduzida por guerreiros vocacionados.

PRRP – De difícil operacionalização haja vista as localizações dos tiros de guerra/tg, em sua maioria sediados em pequenas cidades, muitas carentes de ensino de segundo grau de qualidade. deve ser considerado o fato de que, hoje, o ingresso na escola preparatória de cadetes exige 2º grau completo, para cursar o 1º ano do curso universitário que, até então, era cursado na AMAN, onde agora se ministra a carga horária pertinente aos 2º, 3º, 4º e 5º anos do 3º grau.

3 – ALTERAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO

Objetivo: adequar a organização para aproveitar ao máximo inovações tecnológicas e particularidades do terreno de selva e do ambiente urbano, onde se espera buscar as decisões.

GEFRE – A aceitação cega da tradição faz com que, muitas vezes, os militares não percebam que a situação mudou. Um exemplo disto foi a lenta morte da cavalaria hipomóvel, muito depois de sua obsolescência no campo de batalha.

Nosso sistema de organização em armas e serviços, herdados da história, já deixou de ser útil desde que a complexidade da organização impôs idênticas funções em muitas tarefas das diferentes armas e serviços atuais. Assim, o soldado que maneja uma metralhadora tem a mesma função na atual infantaria, cavalaria ou intendência, não se justificando mais estarem “presos” a uma arma ou serviço. Tratando-se de graduados e de oficiais, mais ainda se acentua a possibilidade de “intercâmbio”, chegando ao auge entre oficiais de estado maior, cujo ecletismo felizmente é adotado nas grandes unidades.

Sendo o atual sistema de armas e serviços ultrapassado e passível de aprimoramento, sugerimos que as unidades sejam definidas por sua finalidade e, seus componentes, por especialidade. Assim haveria unidades de assalto, de choque, de guerra urbana, de guerra na selva, de reconhecimento, de apoio de fogo, de apoio ao movimento, de apoio logístico, de guarnição e o que mais for necessário. As especializações de pessoal que forem comuns se tornam intercambiáveis nos diversos tipos de Unidades. Além da organização geral, o estado-maior deverá estudar a adequação de todos os escalões, a começar pelos elementares. Como exemplo, vejamos o grupo de combate. Considerando que a moderna psicologia de combate nos indica que normalmente, em cada agrupamento reunido apenas um homem combate e os outros acompanham,­ convém seja criada uma fração elementar de três homens, que é o menor grupamento com psicologia de grupo. Esta fração só pode ser a esquadra, certamente a ser comandada por um cabo. Em conseqüência, o grupo de combate ficará composto por três esquadras de três homens cada.

A partir daí, cada escalão deverá ser adequado ao ambiente, visando à futura necessidade que terão de agir muitas vezes sem ligação com os escalões superiores e, o quanto possível, sem cauda logística. Naturalmente o estado maior do exército terá que estudar a organização conveniente para todos os escalões, e o respectivo equipamento.

PRRP
– Realmente revolucionário, é de muito difícil implementação, complexo, com reflexos na organização estrutural da Força Terrestre, exigindo mudanças radicais nos currículos, particularmente os da AMAN e da ESAO. Ë impeditivo do alcance, no mais curto prazo, da quase totalidade das medidas constantes/propostas neste estudo, que, se julga, deveriam ser tomadas em ritmo de urgência e emergência, face a uma ameaça constante e de real perigo para o país. Todavia, será objeto de avaliação em um próximo boletim, com sugestão em cima da ideia original contida na matéria do Coronel Gélio Fregapani, sem que seja necessário extinguir o atual sistema de armas e serviços, tradicional e tão relevante para manutenção do binômio espírito militar/espírito de corpo.

4 – ALTERAÇÕES NOS ARMAMENTOS E EQUIPAMENTOS

Objetivo: Aproveitar as evoluções tecnológicas no que estiver ao nosso alcance, cuidando de minimizar os efeitos da superioridade tecnológica do inimigo.

GEFRE – Ameaçando a utilidade das armas tradicionais, as novas armas ameaçam fazer uma revolução na guerra, que corre paralela à evolução das táticas.

Houve um momento na história em que o tiro do mosquete varou a armadura do cavaleiro. Isto foi reconhecido de imediato, mas se pensou que ainda haveria muitas flechas e que valeria a pena manter a couraça. A mobilidade continuou importante, mas a armadura não. O mesmo acontece hoje com a blindagem face aos mísseis, cada vez mais portáteis, e a ameaça aérea, esta capaz de varrer completamente o carro de combate do campo de batalha. Em nossa hipótese de guerra contamos que o inimigo terá a supremacia aérea. Contamos também que poderá atingir, com mísseis guiados por GPS, o que quer que tenha sido localizado pela imagem, pelo som, pela assinatura eletrônica e outros meios. E teremos que nos adequar a esta situação.

O rumo da adequação passa pela camuflagem, pelo uso de túneis e subterrâneos, pelos alvos simulacros para atrair o fogo inimigo, pela mobilidade e pelas armas distanciadas das guarnições, neste caso aceitando sua destruição depois de cumprida sua tarefa. Para enfrentar a ameaça aérea, mísseis adequados e dispersão. Veículos maiores serão armadilhas mortais. Podem ser usadas motocicletas, dentro do “conceito dragão”, isto é deslocamento motorizado e combate a pé. A maior viatura imaginada para o ambiente descrito é o “boogie” ou bugre como chamado em alguns locais, armado com um poderoso míssil.

PRRP – “A mobilidade continuou importante, mas a armadura não”.  A assertiva corrobora com a tal prioridade tão propalada, mas até agora não comprovada, em relação aos meios de que carece o “CMA”, em particular e principalmente, desesperadamente mesmo, necessitado de helicópteros (a última notícia é de que só existam “12”, de diferentes origens de fabricação, baseados em um único batalhão de aviação, que, muito mal mas herculeamente, só tem condições de, em uma só leva, executar o transporte, com restrições, de somente uma, que seja, companhia de fuzileiros de selva. O  fato, por si, comprova a impropriedade de se autodenominar como aeromóvel o 1º BIS (1º BIS/ARMV), na medida em que, para atingir este estágio, seriam necessários muito mais do que uma dúzia de helicópteros para, em uma só vaga (de uma só vez), transportar todas as subunidades daquele batalhão de infantaria de selva. Com todo o respeito, mas isto é o que se chama de “dourar a pílula”, preciosismo de quem gosta de se enganar com a dura e crua realidade. E isto sem falar sobre a carência de embarcações suficientes e apropriadas para o cumprimento nas melhores condições das diferentes operações/tipo ao longo dos rios e igarapés da grande região norte.

GEFRE – O primeiro cuidado será com a adequação do equipamento individual. Tal como o armamento, o equipamento atualmente usado foi pensado para o uso no campo. O armamento ideal de uma esquadra de três homens seria um míssil portátil, um fuzil 762 de precisão com luneta e um FM. Com o homem do míssil, ainda uma submetralhadora, que continua sendo a melhor arma para o combate aproximado. É verdade que isto complica a logística. Complica, mas facilita o combate. O tiro de precisão a longa distância é o mais mortífero e o que causa maior efeito moral. O FM é a base do poder de fogo. Melhor que seja de calibre 556 para poder ser transportada mais munição, diminuindo a necessidade logística. O míssil portátil uma vez disparado com sucesso terá cumprido sua finalidade e o soldado ainda terá a sua submetralhadora, que continua sendo a melhor arma para o combate aproximado.

Tudo fácil de ser fabricado. Mísseis elementares são de fácil fabricação por qualquer fabricante de fogos de artifício. A Avibrás está em condições de igualar os melhores do mundo, os Karl Gustav suecos, e de planejar e fabricar mísseis maiores, capazes de fornecer eficaz apoio de fogo e contrabateria. Obviamente necessário para este tipo de guerra, o desenvolvimento de minas e outras armas acionadas por controle remoto.

Quanto ao ambiente urbano, pensar em armas com jogo de espelhos que permitam o tiro com o atirador abrigado por uma esquina. Substituir as ferramentas de sapa, inúteis nas cidades, por picaretas de minerador ou algo similar para abrir paredes. Importante equipamento: extintores de incêndio. Quanto ao armamento das demais tropas especializadas, é só seguir a mesma metodologia. Em todos dar especial ênfase a armas que possam ser acionadas de longe, por controle remoto ou mesmo com sensores que acionem o disparo ou a explosão.

PRRP– O que foi feito até agora para se sanar a falta desses meios de pequeno porte, mas absolutamente vitais, todos de baixo custo? Ah”! Mas e os “2044” Guaranis? Precisamos deles para integrar coalizões no Oriente Médio! Meu Deus do céu! Nossa guerra vai ser aqui! Na Amazônia! No pré sal! Não, não precisamos impor nada a nenhum país! Nossa necessidade é defensiva, de dissuasão extrarregional. Precisamos, sim, garantir nossos invejáveis recursos naturais. Nossos “BIS” estão capengas! Ah! Mas estão plenos de viaturas sobre rodas! O 17º bis, em TEFÉ/AM, não precisa de tantas viaturas para palmilhar a solitária “estrada do aeroporto”. A unidade precisa, sim, mas da “LANCHA PATRULLERA DE RIOS/LPR 40”. A propósito, a unidade ainda está patrulhando rios com aqueles “caixões navegantes” chamados de “voadeiras”?!

5 – ALTERAÇÕES NOS PROCEDIMENTOS DE COMBATE

Objetivo: entender a forma de luta com a qual possamos vencer um exército superior e tecnologicamente mais avançado.

GEFRE – A primeira das premissas da guerra que prevemos: o inimigo terá supremacia aérea. A segunda premissa: as nossas comunicações não serão confiáveis ou mesmo serão impossíveis. A terceira premissa: a superioridade de fogo do inimigo tornará inconveniente o enfrentamento onde as condições geográficas não limitem a eficácia do armamento superior.

Em conseqüência, neste contexto, pouco adiantaria apenas dotarmos algumas brigadas com material moderno; mas devemos evitar o combate campal, levar a guerra onde a superioridade inimiga possa ser reduzida ou neutralizada por fatores ambientais, ou seja, as cidades e as florestas.

É necessário o intenso uso de minas e de armas acionadas a distância. Contra elas é difícil a defesa e os contra-ataques destruirão armas mas não causarão baixas. Acima de tudo será necessário desenvolver uma forte doutrina que privilegie a iniciativa.

Sabemos que em ambiente onde haverá interferência contínua nas comunicações, onde será impossível de haver sigilo, as comunicações não serão confiáveis e as ordens recebidas podem ser apenas um engodo da interferência eletrônica do inimigo. Os alvos fugazes e as situações fluidas tenderão a exigir ação imediata, não comportando a espera de nova orientação. Isto exigirá iniciativa em todos os escalões. Claro, algumas iniciativas serão erradas e até podem causar dano, mas no seu conjunto será altamente vantajoso. Esta é a única forma de enfrentar esse tipo de guerra.

Aos comandantes, nos vários escalões, caberá dar a orientação geral. Num ambiente fluido, onde as comunicações serão inexistentes ou inconfíáveis, apenas a capacidade de decisão dos combatentes poderá ser usada para aproveitar as oportunidades de reagir em tempo útil. Isto é uma nova forma de disciplina, muito mais consciente a que teremos que nos acostumar.

PRRP– O Brigadeiro General Reformado Van Riper, dos “marines”, por ocasião de um exercício/experimento com foco em comando/controle, adotou uma estratégia “assimétrica” ou “híbrida”, empregando velhos métodos para escapar à vigilância eletrônica sofisticada da network de uma força azul figurante do quadro do adestramento. Desprezando as comunicações via rádio ou via satélite, as mensagens contendo ordens para as tropas da linha de frente foram distribuídas por meio de motociclistas e sinais de luz à moda da 2ª GM, artifícios que foram usados para lançar ao ar as esquadrilhas de caças bombardeios (fonte Defesa Net). Na selva poderiam ser usados, com essa mesma finalidade, os “JET SKY”, de muito fácil circulação em rios e igarapés da grande região norte.

GEFRE – Talvez o nosso país não tenha escolhido ser potência; certamente também não é por sua vontade que é objeto de cobiça — isto tudo é uma imposição da geografia. O desafio com que hoje nos defrontamos é escolher entre defender o que é nosso ou desistir de aproveitar as benesses em minérios com que o Criador nos brindou. Já dizia o grande Bismarck: “Riquezas minerais em terras de povos que não querem ou não podem utilizar deixam de ser vantagens para se tornar um perigo para seus detentores”. Direitos, sabemos que o Brasil tem sobre seu território. Aqui cabe uma expressão do nosso Ruy Barbosa: “PAÍSES QUE CONFIAM MAIS EM SEU DIREITO DO QUE EM SEUS SOLDADOS, ENGANAM A SI MESMO E CAVAM SUA RUÍNA”

PRRP – Em verdade precisamos revolucionar “de cabo a rabo”, não com projetos estratégicos mirabolantes, mas com medidas imediatas que ajudem a minorar os prejuízos impostos pela temerária “estratégia da resistência”, a única que nos foi permitida, que se diga, “imposta” para o enfrentamento dos “grandes predadores militares”! 
– O único projeto, verdadeiramente estratégico, capaz de corroborar/se somar de imediato com estas idéias, passa pelo desenvolvimento do -“míssil de cruzeiro VDR-1500/2500 km”- como talvez o único que nos dá a chance de bater o inimigo ainda bem distante de nossas fronteiras ou do pré -sal, antes do prolongado, desgastante e sanguinolento combate que, fatalmente, será travado na amazônia, com muitos militares estrangeiros cursados no “CIGS”! Meu Deus, quanto amadorismo de nossa parte!
– Pensar em dissuasão extrarregional, sem vetores que batam, no mínimo, de 1500 a 2500 km, é “navegar na maionese”, “filosofar sobre o sexo dos anjos”, “jogar dinheiro fora” em projetos de longo prazo, sem nenhum resultado em tempo útil, apostando na incompetência, amadorismo, ingenuidade de inimigo poderoso, que não despreza, como nós, os ensinamentos do mestre SUNTZU!
–  A eficiência/eficácia dessa verdadeira revolução doutrinária, preconizada nesta matéria do Coronel Gélio Fregapani, que se diga, passa pela medida obrigatória da imediata suspensão/proibição da circulação de militares integrantes das FFAA dos membros permanentes do “Conselho de Segurança da ONU”, por Manaus/AM, ou em qualquer área do comando militar da amazônia/cma. Na medida em que isto não for logrado é porque, decididamente, não acreditamos na “estratégia da resistência”, comprovadamente a pior entre todas, suicida e tirânicamente funerária.

É desperdício não conhecer o pensamento pessoal de profissionais da reserva em quem a Nação investiu mais de trinta anos em preparação contínua.

  Projetos de defesa nacional, por sua relevância, não devem ficar subordinados a interpretações retrógradas do que sejam hierarquia e disciplina intelectual, sendo por demais importante se valer da experiência e da cultura profissional de antigos e reconhecidos instrutores das escolas militares

 de formação, aperfeiçoamento e comando e estado-maior (Artigo 18 do “Código de Honra Quatro Estrelas”, fonte “PRRRPaiva)

Paulo Ricardo da Rocha Paiva / Coronel de infantaria e Estado-Maior 

REVISTA SOCIEDADE MILITAR

 

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Sociedade Militar