Forças Armadas

“Bolsonaro é um capitão, não é um de nós… “, traduzindo a fala do General Rego Barros

Rego Barros, general de DIVISÃO, que agora se transformou em blogueiro e colunista, mais uma vez demonstra o ranço que há escondido em grande parte da alta corte das Forças Armadas.

Alta corte, principado, estrelas e família real são apenas alguns dos termos utilizados pela tropa para definir os membros da cúpula das Forças Armadas, porque há muitos oficiais generais que consideram a si mesmos como uma espécie de casta privilegiada.

Não há dúvidas de que o general de divisão Rego Barros é um oficial com altas qualidades, a Comunicação Social do exército brasileiro de fato recebeu um “plus” sob seu comando e – acima dele – o do general Villas Bôas. Mas, isso não faz dele alguém diferente, com sangue real ou com direito a tratamentos diferenciados.

Uma das frases usadas em 2019 pelo oficial para se referir á tropa foi bastante discutida por semanas.  Ele disse que “Os estamentos mais inferiores” não tem o direito de “iluminar a sociedade” sobre questões relacionadas a salário.

“[…] não se faz necessário que os estamentos mais inferiores da nossa carreira tenham a oportunidade de apresentar, de iluminar diretamente a sociedade”.

Em pleno momento de discussão pelo Congresso Nacional de uma lei que influiria na vida de milhares de militares e pensionistas, dizer que cidadãos – chamando-os de muito inferiores –  não tinham o direito de discutir o assunto e levar até a sociedade o conhecimento sobre o que de fato as elites das forças tentavam fazer por meio de um projeto de lei que sequer chegou a ser apreciado pelo Plenário da Câmara foi algo no mínimo grotesco.

O porta-voz demitido no fim das contas é apenas mais um dos generais que se deixou seduzir e ingressou de mala e cuia nos corredores palacianos e que – ao chegar lá – sofreu um certo choque de realidade porque não recebeu a atenção que antes tinha nas organizações militares que frequentava, onde recebia toques de corneta, continências quase reverenciais, sim senhor ao expressar desejos mínimos, sorrisos em piadas sem graça que gostava de contar e muitos outros agrados que todo mundo que tem “sangue real” recebe. Quem já teve oportunidade de entrar em um gabinete ou outros ambientes frequentados por oficiais generais duvida que aqueles locais estão mesmo relacionados ao que se conhece como CASERNA.

No Palácio do planalto Rego Barros foi tratado como mais um auxiliar do presidente da república, o que de fato era.

Rego Barros – alguns dizem – por conta de ter assumido um cargo no governo, obviamente deixando-se confundir com o mesmo, perdeu sua quarta estrela, a oportunidade de fazer parte do alto comando da força e – por fim – colocou o chamado “pijama” mais cedo.

O atual presidente no passado encabeçou manifestações contra as Forças Armadas e – entre muitas falas e ações contra a cúpula militar – tentou emplacar uma espécie de Federação de Associações Militares, coisas eternamente vistas com asco pela cúpula das Forças.

O “capitão-vereador-deputado-garimpeiro-indisciplinado” nunca foi bem visto pela cúpula do Exército ou das outras forças, talvez alguns da sua própria turma até o suportassem. Afinal, em alguns momentos lutou por melhores salários para todos. Todavia, pessoalmente nunca vi – enquanto Jair Bolsonaro era deputado – um oficial superior ou general dizer publicamente que era seu colega de turma. Nunca gerou capital militar estar próximo ou ser amigo de Jair Bolsonaro. Muito pelo contrário, caso exista algum que confessou o inconfessável, que era seu amigo, provavelmente esse não chegou a oficial general.

Depois da presidência – convenhamos! – é bem fácil retornar uma “grande” amizade dos tempos da AMAN.

Jair Bolsonaro, por sua vez, talvez não tenha conseguido vencer a idolatria e fascínio pelos oficiais generais, violentamente introjetados nas academias militares, a ponto de alguns cadetes e alunos suarem frio, sentirem tremedeiras e até caírem desmaiados quando um deles se aproxima. Isso explicaria sua aparente “tara” por possuir oficiais generais ao seu redor.

A frase de Rego Barros, publicada dentro de um texto no Jornal do Comércio, segundo o site ANTAGONISTA,  deixa transparecer que para a maior parte dos oficiais generais ser comandando por alguém que consideram subalterno, alguém que nunca entraria na “elite das elites”, é desconfortável.

“Isso se desvenda em razão de que lhe falta, a esse líder subalterno, escopo político, ideológico e intelectual.”, disse o general.

Outro trecho do texto: “Se o seu narciso predileto é ofuscado pela ação democrática da população, pelo voto, o subalterno sente o chão se romper e um abismo se abrir. Suas referências se esvaem e a insegurança assume o comando de sua personalidade. Quando isso sucede, o reflexo da sua imagem no espelho se lhe revelará distorcida, como se fora alguém que ele cogitasse ser, mas não o é…

Revista Sociedade Militar

vEJA: Os “ESTAMENTOS MUITO INFERIORES” de Rego Barros e…

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Sociedade Militar