Forças Armadas

Partiu da MARINHA a proposta para FIM da participação do Brasil na UNIFIL – ONU

Alguns veículos de comunicação como Estadão e 247 publicaram nesse final de semana, artigo atribuindo ao Ministro das Relações Exteriores – Ernesto Araújo – a culpa pelo fim da participação de militares brasileiros na UNIFIL.  Um Artigo de Ernento Godoy, no Estado de São Paulo online desse domingo – 30 de novembro de 2020 – induz o leitor a crer que o fim das operações no Oriente Médio iria contra a vontade dos militares brasileiros, deixando-os insatisfeitos.

“o Brasil aumenta ainda mais o seu isolamento internacional, por meio da política levada a cabo pelo chanceler Ernesto Araújo, diz o texto publicado no Estadão.

Print de Artigo no estado de São Paulo. Link https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,com-bolsonaro-tropas-brasileiras-deixam-as-forcas-de-paz-da-onu-apos-21-anos,70003533493.

Contudo, um documento obtido com exclusividade pela Revista Sociedade Militar, elaborado em setembro de 2019 pelo Ministério da Defesa, mostra que na verdade a proposta de cessar a participação na UNIFIL veio das próprias Forças Armadas por questões orçamentárias.

“o esforço logístico em manter um navio de guerra por oito meses afastado de sua base poderá ser redirecionado para uma atuação da MB mais presente em nosso entorno estratégico…”, disse o Ministro da Defesa em documento enviado ao Chanceler Ernesto Araújo em 13 de setembro de 2019.

 

Veja abaixo

1. A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), criada em 1978, é a única Missão de Paz da Organização das Nações Unidas que conta com um componente naval, a Força-Tarefa Marítima (FTM), criada em 2006.

2. Desde 2011, as Forças Armadas Brasileiras estão no comando da Missão de Paz da FTM, onde a Marinha do Brasil (MB) mantém, além de um efetivo no Estado-Maior, um navio e uma aeronave orgânica na costa libanesa.

3. Ao longo desses nove anos, a liderança da FTM proporcionou valiosa experiência operacional aos integrantes dos sucessivos contingentes brasileiros. Atestou, também, a sinergia entre o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Defesa (MD), bem como a eficácia do trabalho desenvolvido pelos setores do MD e da MB envolvidos no preparo e no apoio aos navios participantes da operação.

4. Por outro lado, a concepção estratégica estabelecida na Estratégia Nacional de Defesa impõe à MB a necessidade de dispor de meios navais modernos, que agreguem credibilidade ao Poder Naval Brasileiro, de forma a cumprir, em sua plenitude, as tarefas de controlar áreas marítimas, negar o uso do mar ao inimigo e projetar poder sobre terra, principalmente em seu entorno estratégico, o Atlântico Sul e o Caribe.

5. Dessa forma, a Força Naval, que como toda e qualquer outra convive em um cenário característico de recursos limitados, passou a considerar a obtenção de meios compatíveis com a inserção político-estratégica de nosso País no cenário internacional. Nesse contexto, algumas iniciativas precisam ser priorizadas.

6. Uma das iniciativas seria a atuação no Golfo da Guiné, possibilitando ao Estado brasileiro uma maior representatividade e efetividade em suas ações no continente africano e no Atlântico Sul.

7. Assim, considerando os ganhos operacional e político já obtidos com a atuação na FTM da UNIFIL, o esforço logístico em manter um navio de guerra por oito meses afastado de sua base poderá ser redirecionado para uma atuação da MB mais presente em nosso entorno estratégico.

8. Em face do exposto, este Ministério propõe que o envio de meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais para a FTM-UNIFIL seja encerrado até dezembro de 2020, mantendo, contudo, a disponibilidade para exercer o Comando da Força, bem como para enviar militares a fim de comporem o Estado-Maior daquela Missão de Paz.

Atenciosamente, FERNANDO AZEVEDO E SILVA
Ministro de Estado da Defesa

Revista Sociedade Militar

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Sociedade Militar