Forças Armadas

Que vergonha! A guerra do Exército agora é contra a grande mídia

O exército está no meio do turbilhão político, isso ninguém nega. Diante de todas as dificuldades por que passam os militares brasileiros o que menos precisavam nesse momento é de um conflito com a maior parte da grande mídia.

Santos Cruz acaba de dizer em entrevista que as Forças Armadas estão sendo arrastadas para o centro das discussões políticas. Como general joga toda a conta nas costas de Bolsonaro, deixando de dizer o que  todo mundo enxerga, que os próprios generais têm grande parcela de culpa nisso, grande parte não tem conseguido resistir a atração pelos palácios, pela oportunidade de perpetuar – agora no universo político – o poder quase ilimitado, mas com “data de expiração”, que possuíam na caserna.

“tentativa de enganar a população e arrastar as Forças Armadas para o centro de discussões políticas”, disse Santos Cruz

Essa semana o Exército enviou uma mensagem para uma revista conhecida exigindo uma retratação. O general Richard invocou a participação da força em guerras passadas. Infelizmente isso cada vez menos significa alguma coisa, porque o fato é que os generais de hoje, que representam as Forças Armadas, estão quase sempre enrolados com “batalhas” completamente diferentes das que lutaram seus antepassados e a quantidade de inimigos obviamente tende a aumentar, inclua-se mídia, classe política e – muito em breve – se não se retornar à postura correta – a própria sociedade.

Os constrangimentos se acumulam: Generais sumariamente demitidos do governo, denúncias de coquetéis e jantares regados a bebidas, generais trocando o serviço ativo por um “carguinho”, lei que tributou pensionistas e compra de apoio político por meio de condecorações e títulos de cavaleiro são apenas uma amostra dos motivos que para muitos lança o status das Forças Armadas rapidamente no fundo do abismo.

Se as coisas continuarem do jeito que estão, essa cartinha será apenas a primeira das muitas que se seguirão. As Forças Armadas, como qualquer instituição, podem e devem ser criticadas pela mídia, a vigilância é necessária. Na medida em deixam de ser instituições de estado e se transformam rapidamente em instituições de governo a tendência é de que o volume de críticas aumente.

O texto publicado na Época fala algumas verdades, impossível não confessar. Qual militar não percebeu que as técnicas logísticas de Pazzuelo não estão dando certo no Ministério da Saúde? Qual militar não percebeu que o general não passa de mero fantoche, dando somente as ordens que sabe que agradarão a seu belicoso chefe?

No momento, o Exército participa de um massacre. Um general, Eduardo Pazuello, aceitou ser ministro da Saúde mesmo, como admitiu, sem saber o que é o SUS (Sistema Unificado de Saúde). Suas credenciais eram as de um craque da logística. Ele pode ser bom em distribuir fardas e coturnos, mas, como estamos vendo, não sabe salvar vidas… Demorou a comprar seringas e agulhas, e ainda mandou um lote vir de navio, porque é mais barato. Só agora, e quase à revelia dele, cidadãos daqui começam a ser vacinados, embora mais de 35 milhões já tenham sido ao redor do planeta. O Brasil passou dos 209 mil mortos, e Pazuello continua defendendo o uso de remédios que não servem para combater os efeitos do coronavírus… “. É um trecho do Artigo de Luiz Fernando Vianna publicado na Época que despertou tamanha ira do Exército Brasileiro.

Exército não é instituição de governo senhores generais! Será muito difícil entender isso?

Carta do Exército para Ana Clara Costa, editora da Revista Época

“Incumbiu-me o Senhor Comandante do Exército Brasileiro de expressar indignação e o mais veemente repúdio ao texto de autoria de Luiz Fernando Vianna, publicado nesse veículo de imprensa em 17 de janeiro de 2021. A argumentação apresentada pelo articulista revela ignorância histórica e irresponsabilidade, não compatíveis com o exercício da atividade jornalística. Atribuir a morte de brasileiros a uma Instituição de Estado, cuja história se confunde com a da própria Nação, nas lutas pela manutenção de sua integridade, caracteriza comportamento leviano e possivelmente criminoso

Afirmações dessa natureza, motivadas por sentimento de ódio e pelo desprezo pelos fatos, além de temerárias, atentam contra a própria liberdade de imprensa, um dos esteios da democracia, pela qual o Exército combateu nos campos de batalha da II Guerra Mundial e por cuja preservação tem se notabilizado em missões de paz em todos os continentes. Por fim, o Exército Brasileiro exige imediata e explícita retratação dessa publicação, de modo a que a Revista Época afaste qualquer desconfiança de cumplicidade com a conduta repugnante do autor e de haver-se transformado em mero panfleto tendencioso e inconsequente”

Robson Augusto é jornalista, cientista social e militar da reserva remunerada.

Revista Sociedade Militar

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Sociedade Militar