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Nadando de braçada. Bolsonaro se torna o ícone do brasileiro médio

Aquele bate-papo com o leitor amigo, um texto informal.

Nadando de braçada na popularidade o presidente Bolsonaro sobe em lancha na Praia Grande ao som de uma multidão gritando “Hei Dória, vai tomar no Cx”.
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O presidente da república se comporta como um homem imperfeito, ao contrário de outros governantes que fazem praticamente tudo de maneira exaustivamente ensaiada para agradar o público e a classe política. Contrariando todas as recomendações de especialistas em imagem de mandatários – sendo ele mesmo – Jair Bolsonaro indubitavelmente cada vez mais cai nos braços da multidão, cada vez mais ele é visto como um de nós.


Desde os governos de esquerda de LULA e principalmente DILMA que os cidadãos estão profundamente desencantados com a política. Dilma e Lula governavam ideologicamente, as relações internacionais e quase todas as iniciativas de estado claramente visavam a perpetuação do governo e a recuperação daquilo que não conquistaram nos anos 60.

O país passou a viver como se estivéssemos novamente na guerra fria, comunismo versus capitalismo. E quem pensa que o brasileiro mediano, aquele que realmente produz, que acorda cedo todos os dias para lutar pelo alimento de sua família não estava observando tudo, estava errado.

Estávamos enojados de tudo aquilo.

A própria democracia brasileira, tal o caos instalado pela trupe política, perdeu totalmente a credibilidade. O fato de 30% dos brasileiros admitir em pesquisas realizadas em 2017 uma intervenção militar é a grande prova disso. Os grandes partidos tradicionais do Brasil estão em crise e há muito que o voto é exclusivamente com base no carisma dos candidatos, não tem nada mais a ver com o viés ideológico do partido. Na verdade tudo passou a ser apenas uma forma de ganhar dinheiro para favorecer os amigos, não importando mais o partido, os estatutos, as promessas de campanha… nada mais importava.

A revolução eleitoral que nenhum analista soube prever e que elegeu Bolsonaro, sobrepujando a velha rixa entre PSDB x PT X PMDB e outros, chegou como algo avassalador e a ascensão de um candidato tão heterodoxo como Bolsonaro se constitui em um verdadeiro terremoto que pegou todos os políticos profissionais de surpresa.

Um político que não é nada político, seu estilo direto, popularesco, e seu personagem maniqueísta e reducionista, que falou muitas vezes aquilo que queríamos ter falado, agiu como teríamos agido quando estivemos de “saco cheio”, sem mais paciência alguma, apelando para os mais baixos instintos do ser humano, como o velho bateu levou, a resposta no mesmo tom a uma ofensa vinda de uma deputada, o nocaute no jornalista irritante ao perguntar porque dribla impostos ao mesmo tempo em que se faz se santinho na frente das câmeras, que diz que se o filho fosse gay dava uma surra, chama o amigo gordo de baleia, tudo isso transpira muito, mas muito mesmo do que exatamente todos nós somos um pouco e em vários momentos de nossa vida.

O Bolsonaro não mudou, ele se aperfeiçoou e aparentemente acabou entendendo que os brasileiros querem um político que não se disfarça de gentleman e de especialista em tudo e com isso acabou se transformando no ícone do Brasileiro médio. Na frente das câmeras ou sem elas ele é aquele homem e aquela mulher que em rodas de conversas de amigas e amigos, na mesa de bar, no bate-papo a beira de um campo de futebol, nas cadeiras das cabeleireiras diz aquilo que sente, fala aquilo que precisa falar, sem ensaios, sem frescuras, sem apavoneamentos.

O brasileiro mediano geralmente pensa assim:

– bandido bom é bandido morto

– estuprador tem que virar mulher na cadeia e depois ser condenado a morte

– se pudesse eu sonegava todos os impostos, só servem pra alimentar essa classe de políticos safados

– quero ter uma arma em casa para atirar na cara de malandro que entrar lá para mexer com a minha família

– polícia tem que atirar pra matar mesmo

Um pergunta interessante a se fazer seria: Dos 10 políticos hoje mais conhecidos do país qual poderia ir a uma praia lotada e mergulhar com gente do povo sem ser repudiado?

… dos 10 políticos hoje mais conhecidos do país qual poderia ir a uma praia lotada e mergulhar com gente do povo sem ser repudiado?

Se nada mudar Jair Bolsonaro será reeleito em primeiro turno em 2022. No momento não há personagem político no país com capacidade de crescer a ponto de derrotá-lo. Exatamente por isso é preciso muito cuidado. A  quadrilha sabe disso muito bem, eles possuem analistas políticos que certamente já lhes disseram que nas urnas não tem jeito.

JAIR BOLSONARO só perde em 2022 para ele mesmo, se falar ou fizer uma besteira colossal, o que não é provável que ocorra…  ou se for afastado por algum estratagema jurídico muito bem arquitetado.

Robson Augusto / Revista Sociedade Militar

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Sociedade Militar