Forças Armadas

O Baile das máscaras – o achincalhamento dos militares

No mar de más notícias em que o Brasil naufraga nesses últimos dias, uma chama atenção pelo ridículo. Numa foto publicada pelo EB, alguns militares estão com máscaras desenhadas sobre a foto. Uma manipulação bastante tosca e que não engana nem uma criança de cinco anos. No auge da pandemia da gripe chinesa, as medidas supostamente eficazes para a contenção do vírus alcançaram status de culto. E o Exército debochou deste culto. Mas o que isso realmente significa? O que esse fato bizarro escancara aos brasileiros?

Nos governos anteriores, várias pesquisas apontavam que as FA gozavam de ótima reputação entre a população. Surfando nesse inusitado capital político, já que só podia contar com uma plataforma rudimentar e vaga, digna de um ogro, para se candidatar à presidência da república, Jair Bolsonaro estribou-se em generais, almirantes e brigadeiros, e subiu a rampa do Planalto. O preço dessa cavalgada em que os senhores da guerra de escritório discretamente pervertiam suas respectivas Forças – aliando-se a um militar de passado duvidoso – foi a açodada reforma previdenciária. Ora, os generais repentinamente passaram a se preocupar com a previdência do brasileiro médio!? Não, claro que não! A paga era igualar a arrogância de cada um deles ao teto do funcionalismo público, ou seja, quarenta mil reais.

Bolsonaro foi audaz. Fez o que qualquer político antes dele jamais cogitara. Como um aríete  inconsequente, profanou a sagrada fronteira entre a caserna e o palácio. Mentindo, desde a vereância carioca até o dia da posse em Brasília como Comandante Supremo, ludibriou a Família Militar por trinta anos. Foram os militares veteranos e as pensionistas que o desmascararam, quando em 2019, promulgou sem vetos a Lei nº13.954 que, numa tacada só, bitributou pensionistas, causou perdas salariais aos veteranos, e serviu de reembolso aos cafetões estrelados que prostituíram as nossas virtuosas Forças Armadas, flanqueando ao “Mito” a escalada ao poder.

Nos últimos meses, dificilmente se passa uma semana sem que EB, MB e FAB sejam escrutinados por algum grande jornal ou revista. Militares da alta cúpula, como o híbrido ministro/general da saúde, são achincalhados abertamente pela imprensa e nas redes sociais, que hoje são a “vox populi vox Dei”. O mínimo movimento de qualquer militar é rastreado por milhões de olhos atentos. Não insinuamos que não deva haver vigilância. As FFAA são parte do Estado e devem prestar conta de tudo que fazem. Mas, daí a virarem o judas da vez, vai uma longa distância. Por exemplo, a revista Carta Capital da semana com uma tirada arqueológica desenterrou uma reportagem sobre irregularidades na compra de Boeings pela FAB feita em 2017.

Sem meios adequados de autodefesa, geneticamente desprovidas de armas para esse tipo de embate, entregues aos leões por aqueles que as deviam preservar de serem desnecessárias e frágeis vitrines, as Forças Armadas brasileiras chafurdam na lama da guerra política.  Patinam como virgem prestes a ser violada por jogadores que não pouparão munição até derrubar o único responsável por todo esse espetáculo promíscuo, Jair Bolsonaro. E se “a guerra é a continuação da política por outros meios”, só nos resta esperar que, por mais suja que seja, não extrapolemos a política.

JBReis – Publicado na Revista Sociedade Militar

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Sociedade Militar