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The best of Veteranistão – JB Reis

“A hierarquização do contracheque não significa reestruturação. Reestruturar é reconstruir sobre novas bases, novos valores. A perpetuar a velha psicose de que o topo das FFAA, a despeito da eficiência estatal, sempre deve ganhar mais, tão somente por que é o topo, melhor seria que voltássemos ao tempo do furriel. Porque parece que está tudo como dantes no quartel de Abrantes!”

(O Adicional de Troia)

“Que liberdade é essa que as FA poderiam proporcionar ao povo brasileiro, se à sua própria base, os mais vulneráveis, tratam dessa maneira, agrilhoando-os com uma lei injusta e inconstitucional!? Que tranquilidade pode advir desse tipo de tratamento? E para quem?

Que tipo de liberdade é essa das FA, que só existe na tranquilizante bolha verde oliva em que vive Jair Bolsonaro?“

(A Bolha verde oliva de Bolsonaro)

“Não ambicionavam só reestruturar as FA, almejavam dar-se uns aos outros aumentos escamoteados de “reestruturação”. Prova disso foi a famigerada e gorada gratificação de 10%, antes constante do PL 1645, “devida a oficiais generais” e a oficiais em cargo de comando. Uma baixaria que não merece comentário…

Parece que o relator do PL 9.432/19 está se lambuzando na arte do recorta, cola e joga fora. Um dos substitutivos apresentados pelo general [Peternelli] é considerado um retrocesso, porque vem com a implementação de propostas como a criminalização do trabalho na folga, conhecido como “bico”, que é obviamente uma bala com endereço certo, o praça. Atente bem o leitor, criminalizar o trabalho! Um deputado quer transformar o trabalho em crime! Mas é só um tipo de trabalho, o trabalho do praça militar. Garantida a pífia remuneração chancelada pela lei nº 13.954, agora os generais querem ter a certeza de que o pessoal, que convenhamos, dá lá os seus pulos, ficará eternamente “em casa”, esperando a conta chegar… Bom, como não se pode mais ser preso por dívida, um fim de semana no xadrez talvez compense o biscate!..

Há pouco tempo os militares resmungavam (corajosamente entre dentes, claro), porque a Comissão da Verdade de Dilma Roussef distorcia a História. Ei-los agora a cometer o mesmo crime, mas com outras vítimas.”

(Praça, cidadão de segunda classe?)

“Em tempos de Lei 13.954, para “azeitar” a máquina da reestruturação da carreira militar, as Forças Armadas, reconhecidamente incompetentes nas lides democráticas, viram no instituto das medalhas um mecanismo promissor no obscuro jogo político de aprovação da lei de “proteção” social dos militares.

Os deputados Vinícius de Carvalho e José Priante, que foram respectivamente relator e presidente da comissão que aprovou o PL1645, que por sua vez pariu a Lei 13.954, foram escolhidos (teria sido num bingo!?) pelo Ministério da Defesa (o Ministério Invisível) para receber as condecorações e o título de grande-oficial!

Esses episódios valem como alerta ao povo brasileiro. Os que votaram ou ainda votarão em militares para cargos eletivos pelo Brasil afora precisam saber. Precisam se desiludir da falácia de que os futuros vereadores, deputados ou presidentes, pelo fato de serem sargentos, capitães ou generais, são necessariamente conservadores, honestos ou  representantes da mais alta moral terrena. Se possuem tais atributos enquanto estão na ativa, é bom que se saiba que muitas dessas qualidades não são pessoais, mas obrigações legais e regulamentares. Militar honrado é um pleonasmo! Desfeito o liame constitucional entre o soldado e a caserna, resta o homem, que pode ser ganancioso, ávido por poder, traidor, pronto a sacrificar os mais próximos – mesmo aqueles que o sustentaram – no altar do poder.”

(As Medalhas da desonra) 

“Em tempos de Lei 13.954/2019, a maldita lei de reestruturação da carreira militar, vê-se que o MD, do ponto de vista da administração da tropa, realmente é mais um ministério de butique. Pode ter lá suas importâncias para a sociedade civil, mas restam dúvidas se tem algum papel em relação à tropa. Nem se menciona a alta oficialidade, porque para essa casta sempre sorridente e perfumada, quanto mais ministérios e cargos inúteis, melhor…

O mote da reestruturação, quase um mantra, repetido à exaustão pelos generais era de que precisava-se valorizar a meritocracia. Ora, a meritocracia é a essência mesma da vida militar. Dentro das fronteiras milenares da hierarquia e da disciplina, os melhores sempre recebem o melhor. Mas o que se viu, no entanto, (ou melhor, não se viu) foi um MD omisso, inativo, em flagrante e torpe conspiração silenciosa contra os “estamentos inferiores” das FA, e o consequente aumento de remuneração para a cúpula em uma inédita e surpreendente traição à vista de toda a família militar.”

(A Mão amiga e o ministério invisível) 

“É certo que se reestruture as Forças Armadas, mas é flagrante a injustiça dessa reestruturação. Os militares que passaram para a inatividade entre 2001 e 2019 foram amaldiçoados com “o pior de dois mundos”, pois perderam tudo de bom que a lei anterior à 2001 oferecia e não foram contemplados pelas benesses da nova lei. Criou-se uma espécie de limbo legal que convencionou-se chamar de “lacuna”. Os habitantes desse umbral jurídico são aqueles que foram sacrificados por duas décadas em nome de uma reestruturação que tão somente decepou direitos, razoáveis e justos, como vimos, em troca de uma austeridade administrativo-fiscal pertinente à época. Agora, vinte anos depois, uma nova reestruturação, um novo redesenho de remunerações e vantagens, mas os que foram sacrificados pela MP 2.215/01, agora são escandalosamente ignorados pela Lei n° 13.954/19.” 

(Carta aberta à imprensa e ao povo brasileiro) 

“O que vi em Brasília, nos corredores do poder político, foi essa lealdade ser pisoteada por aqueles em quem, por força legal, eu confiava meus mais lídimos anseios de vítima da MP 2.215/2001. O que eu viu em Brasília foi que as Forças Armadas, representadas ali pelos seus comandantes, uma delas à qual dediquei trinta anos da minha vida, à qual dei o vigor da minha juventude, souberam bem cobrar duramente a minha lealdade, mas não tiveram pudor algum em ser desleais à luz do dia comigo, com seus veteranos e pensionistas. É indiscutível que os irmãos de armas que ainda estão na ativa merecem tudo o que a Lei 13.954/2019 lhes está trazendo. Mas os veteranos não merecem o que a mesma Lei lhes está negando!”

(Carta aberta ao Capitão Presidente) 

“Tudo muito pitoresco (para não dizer ridículo!), mas quem paga a conta desse circo equestre? Acertou quem disse “as Forças Armadas”. Não se sabe ainda com certeza o que é e a que veio o “fenômeno” Bolsonaro, mas uma coisa é certa, nunca um comandante supremo fez tão mal à instituição militar. Seja prejudicando o pessoal da base através da Lei nº 13.954/2019, que criou uma lacuna salarial entre reserva e ativa – façanha que nem o PT conseguiu -, seja destruindo a reputação dos oficiais generais que ousam lhe contradizer. As instituições militares são milenares. Modernamente consolidaram-se como mantenedoras do status quo pós revolução burguesa, que derrubou a monarquia absolutista, abrindo assim caminho para a República. Logo depois, a profissionalização militar conduziu à  ideação e à construção das identidades nacionais. Um dos motes de campanha presidencial em 2018 foi a luta contra o globalismo, mas a julgar pelo fogo amigo do nosso “governante piromaníaco”¹ parece que o derradeiro bastião do estado nacional forte, isto é, o soldado profissional, está com a reputação mais combalida do que o próprio salário, excetuando-se claro os generais, que perderam em honra o que ganharam em dinheiro. E são esses senhores que queriam 10% a mais no salário para representar bem as Forças Armadas!”

(A corte em chamas)

“Talvez o capitão presidente não soubesse o que estava fazendo, franqueando os portões do poder aos militares, naturalmente despreparados para ele. Se contou com  algum tipo de blindagem, provou que perdeu o trem da História, já que os golpes e guerras de hoje não nascem nem morrem necessariamente pelas mãos dos soldados. Se pensou em construir uma muralha de conservadorismo em torno de si, já deve ter notado que os seus antigos colegas pendem mais para o lado vermelho da força. Talvez sua recente inclinação aos políticos do “centrão” seja indício de ter percebido que está não só política, mas ideologicamente isolado. Agora lhe sobra a companhia dos velhos inimigos de sempre, os quais sempre desprezou. Resta especular como vai comprar-lhes as amizades…”

(Direita esquerda, direita esquerda)

“Mas não podemos esquecer jamais que esta não é uma guerra do bem contra o mal, mas uma batalha entre o mal e o caos. Quem urdiu a reforma previdenciária militar que beneficiou exclusivamente os oficiais generais em detrimento de toda a tropa, principalmente de veteranos e pensionistas, foram as assessorias parlamentares. Quem, sem corar, publicou vídeos de militares da ativa defendendo a mentira que foi a Lei nº13.954/19 foi o Ministério  da Defesa. Em Brasília, quem praticamente sufocou as manifestações legítimas de vários praças na luta contra essa Lei covarde foram os generais políticos. Mergulhados até as platinas em joguinhos políticos suspeitos, deslocados, sem lugar, sem credenciais, que não os seus títulos pomposos e currículos grandiloquentes, os senhores da guerra adejam em torno de uma fogueira de vaidades que principia a chamuscar as Forças Armadas.” 

(Entre a mentira e a afronta)

(…a continuar)

JB Reis

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Sociedade Militar