Forças Armadas

76 anos do protagonismo brasileiro na conquista de Montese

Celebrar a conquista de Montese, na Itália, é relembrar os feitos históricos dos heróis brasileiros que lutaram em solo italiano contra as tropas da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Em 14 de abril de 1945, teve início, naquela pequena cidade, o árduo combate travado pelos integrantes da Força Expedicionária Brasileira, a FEB. Situada entre as províncias de Módena e Bolonha, Montese era tida como um lugar de difícil conquista, uma vez que o local possuía grande quantidade de fortificações construídas pelos alemães que estavam resistindo ali.

General Otto Freter, comand. da 148ª divisão alemã, apresentando a rendição de sua tropa ao General brasileiro Zenóbio da Costa (Arquivo do Exército Brasileiro).

A FEB era formada por 25 mil soldados chamados de ‘pracinhas brasileiros’ pelos americanos. Era a estreia deles em um cenário de combate urbano, mas o porte e a coragem supostamente inspiravam temor nos jovens combatentes alemães. O povo potiguar também estava representado pela FEB. Dentre os pracinhas havia 358 potiguares, que lutaram bravamente em solo italiano mostrando a força e a garra do norte-rio-grandense. Durante a batalha que inicialmente parecia perdida, três ‘pracinhas’ do segundo pelotão se destacaram e foram essenciais para a conquista daquele território. Os mineiros Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Rodrigues de Souza e Geraldo Baeta da Cruz, que tinham entre 25 e 28 anos, tomaram uma atitude que resultou em um dos atos mais heroicos da história do Exército Brasileiro.

Ao ver seu comandante morrer com um tiro na cabeça e ser desenhada uma situação desesperadora em meio ao fogo inimigo, os três se separaram do grupo e, intencionalmente ou não, conseguiram contornar os cerca de 100 soldados nazistas que disparavam contra seus companheiros. Encontraram um ponto estratégico e começaram a atirar contra a artilharia pesada dos nazistas. Com isso, tiraram o foco dos alemães do resto do pelotão brasileiro, que teve tempo para sair do refúgio e avançar para a posição estratégica em que o primeiro pelotão estava.

Quando se viram sem munição, os três guerreiros teriam, segundo versões, avançado com suas baionetas contra o inimigo, sendo abatidos em questão de segundos. Mas, devido ao feito deles, as tropas da FEB conseguiram, no dia seguinte, neutralizar os focos de artilharia dos nazistas na cidade e capturar de vez Montese para os Aliados. Os alemães, ao descobrirem que o feroz ataque que tinham sofrido tinha sido executado por apenas três combatentes, ordenaram que três covas fossem cavadas com cruzes onde se lia “Drei Brasilianische Helden”, ou seja, “Três Heróis Brasileiros”.

A Batalha de Montese foi a batalha mais sangrenta já travada por brasileiros fora do país depois da Guerra do Paraguai. Dos 454 pracinhas mortos durante a campanha da FEB na Segunda Guerra, 34 morreram em Montese, enquanto mais de 400 foram feridos, capturados pelo inimigo ou nunca foram encontrados. 189 habitantes da cidade morreram, e, das 1121 casas ali existentes, 833 foram destruídas. Já os alemães perderam 54 de seus soldados, e outros 453 foram presos pelos brasileiros.

Diante de números que mostram a dimensão desta batalha, nada mais justo que se homenageie a história dos chamados Três Heróis Brasileiros, que deveriam ser lembrados por todos nós com muito respeito e admiração. Em diversas cidades italianas, inclusive em Montese, homenagens são prestadas aos pracinhas até os dias de hoje. Na própria Montese, existe, por exemplo, uma Piazza Brasile. Além disso, todos os anos, no mês de abril, é celebrada a “Festa della Liberazione”, na qual as crianças locais cantam, em português, o hino da Força Expedicionária Brasileira.

General Girão / Deputado federal – PSL/RN

Revista Sociedade Militar – Material recebido da assessoria do parlamentar /

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Sociedade Militar