Geopolítica

PODER MILITAR NA BERLINDA – Texto de colaborador

“a França já nos peitou duas vezes no Atlântico Sul no século passado…”

Muitos militares se reportam a que:  nossas Forças Armadas estão no desarme porque dependem dos Orçamentos Anuais para desenvolverem os seus projetos e programas estratégicos;  que devemos ser realistas com o que pode ser executado, tendo em vista o disponível para os gastos na aquisição e manutenção do equipamento militar. Há que se pensar, entretanto, se o pouco disponível não é gasto com o que o importa para, no mais curto prazo, aumentar o poder de fogo, tanto dos navios da Esquadra como da artilharia da Força terrestre. Aqui entre nós, por que se gastar com “4’5” corvetas pernetas novas, sem nenhum efeito dissuasório face às grandes potências navais, ao invés de se armar, as “10” já existentes, com vetores balísticos de cruzeiro sem limite de carga? Por que fabricar e recuperar blindados, que só serão empregados no caso de um desembarque bem sucedido, antes de completar nossas necessidades vitais em viaturas plataformas de vetores balísticos de cruzeiro ASTROS II, sem limite de carga.

   No caso do mar, não se pode raciocinar com guerras navais com os grandes predadores militares, aceitando que nosso destino seja o túmulo no mar defendendo a Pátria. Que não se duvide, se as esquadras oponentes tivessem disparado seus canhões quando da Guerra da Lagosta, certamente seria uma tragédia naval nacional. Entretanto nossa Marinha foi para a luta no mar, com seus velhos navios saldos da Segunda Grande Guerra para enfrentar os franceses bem armados. Segundo o oficial naval que me levou a produzir a presente matéria, a diplomacia de um embaixador na França e de um almirante nos salvou.

Acrescento, esta guerra foi enfrentada com galhardia e destemor, todavia, não há como fugir do fato: quem tem que nos garantir é a nossa Força Naval e não o beneplácito da chancelaria de um Emmanuel Macron. Naquela época, os EUA tentaram, através de um adido naval, impedir a MB de enfrentar os franceses com os navios cedidos para nós pela Navy, contra o seu aliado francês da OTAN. Este fato não é de surpreender, muito pelo contrário. Mais tarde, durante a “Guerra das Malvinas”,Tio Sam simplesmente “jogou para o alto o “TIAR”, favorecendo a Inglaterra, outro membro daquela “Santa Aliança” de grandes potências militares.

   Ah! Mas no PEM-40, está lá descrito o que a MB espera fazer contando com os recursos disponíveis da nação. Lamentavelmente, nada do que se depreende em sua leitura faz referência sobre como a nossa Força Naval passará a dispor, no mais curto prazo, de um poder de fogo definitivo, contundente e absolutamente dissuasório. Com todas as honras e sinais de respeito, mas o almirantado já vislumbrou a possibilidade de encomendar, a AVIBRÁS, o desenvolvimento de vetores com o alcance e carga necessários para o cumprimento cabal da missão que dele se espera no Atlântico Sul? Uma coisa é certa, tanto o PROSUB, como o PROGRAMA TAMANDARÉ, não estão dimensionados de forma a garantir a posse da Amazônia Azul. Em verdade, um submarino nuclear, que não lança mísseis de cruzeiro na situação de submerso, e “4/5”’ corvetas pernetas limitadas a disparar tão somente mísseis antinavio servem apenas para “dourar a pílula” dos nossos voluntariosos e crédulos marinheiros.

   Ah! Mas a nossa maior ameaça no mar não é a França e sim a feita por navios de pesquisas oceanográficos e a pesca ilegal de frotas pesqueiras da China e coreanos do norte ou do sul. Nossa MB está pronta e preparada para essas ameaças. Brasileiros! Não, não, nossa maior ameaça no mar, por favor, não são frotas pesqueiras, pensando assim fica difícil Afinal de contas, Defesa Nacional não é prevenir pesca predatória.

    Ah! Mas que lucro teria a França em afundar a nossa MB? Que gastos teria a França em bloquear o delta do Amazonas? Para auferir lucro? Os EUA iriam concordar? A ONU, que convida sempre o Brasil para participar militarmente de suas Operações de Paz, iria concordar com um ataque da França ao Brasil? Ademais, que força expedicionária francesa poderia desembarcar para tomar e manter a Amazônia com sucesso? Que vantagem teria economicamente? Sãs as indagações? Sim, e estas são muitas e válidas.

Mas a França já nos peitou duas vezes no Atlântico Sul no século passado, mantém tropa da Legião Estrangeira na Guiana e Emmanuel Macron só está esperando o sinal verde para encabeçar o vantajoso “Projeto Triplo A” em nome da comunidade internacional (leia-se grandes potências militares). Ora, ora, os EUA vão apoiar o compadre de língua inglesa, “o pior cego é aquele que não quer ver”. Sim, temos como dispor, ainda, de uma Força Naval compatível com a grandeza e a importância de nosso comércio marítimo e para nos defender na acepção real do que seja defesa. Basta fazer o possível, o que está ao nosso alcance. Uma esquadra pequena mas tão potente quanto a do Irã. A AVIBRÁS só está aguardando as encomendas, tanto da nossa Marinha como do nosso Exército. O que não se pode é ” ficar a ver navios” ou passeando com blindadinhos de brinquedo. Marinha sempre! Brasil Acima de Tudo!

Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior

Revista Sociedade Militar não necessariamente concorda com as opiniões expressas em artigos de colaboradores, a publicação visa enriquecer o debate e expor as diversas visões em torno dos diversos temas tratados pela revista online

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