Geopolítica

A FORÇA NAVAL E OS MARES BRAVIOS

A prioridade, mais do que vital, para nossa Força Naval, são escoltas e submarinos decentemente artilhados com vetores de respeito VDR 1500/2500 km, sem limite de carga. Gastar agora e sempre com navios patrulha, navios polares e pesquisas sem valor defensivo dissuasório é jogar dinheiro fora pela escotilha. O alto comando naval precisa de uma “Instituição Armada” para cumprir sua missão principal de defesa da Pátria e não de um “instituto de pesquisa’. A eloquência deste introito curto e grosso se deve aos mares bravios que se descortinam em negros horizontes para nossa Força Naval, atualmente sem nenhuma condição de garantir a soberania nacional no entorno daquele que deveria set o “MARE NOSTRUM”, em verdade só e tão somente o Atlântico Sul, sem maiores elocubrações sobre projeção de poder em mares nunca dantes navegados, sem nenhum significado para a defesa nacional.

Para que se tenha uma ideia, a mídia especializada (Poder Naval) está noticiando sobre as fragatas FREMM, equipadas com mísseis de cruzeiro desde 2019, com dois silos de lançamento vertical de oito células A70 para um total de mísseis de 16 MdCN projetados, desenvolvidos e produzidos na França pela MBDA. O primeiro míssil de cruzeiro desenvolvido na Europa foi lançado pela primeira vez pela fragata FREMM Aquitaine em maio de 2015. Este teste de qualificação foi seguido por outros testes até que a MBDA estivesse em condições de entregar mísseis de produção para implantação operacional. E a nossa Marinha? Por um acaso a AVIBRAS já recebeu alguma encomenda para desenvolver um vetor balístico de cruzeiro com capacidade de confrontar este recurso poderoso da força naval de Emmanuel Macron?

Segundo a fonte, “o MdCN, projetado para eliminar alvos terrestres remotos, é baseado no míssil de cruzeiro Scalp EG lançado do ar pelos Rafale Marine transportados pelo porta-aviões Charles de Gaulle. Este míssil do tipo dispare-e-esqueça desdobra suas asas depois de deixar o lançador e voa a cerca de 1.000 km/h usando vários modos de navegação.” E a nossa Força Naval? Será que vamos nos limitar a fabricar tão somente os misseis EXOCET e MANSUP, de alcance máximo de 70 km? Por Netuno! Mas não vai dar nem para zarpar do ancoradouro! Imaginem que muito antes de se pensar em disparar esses rojões juninos, a Marinha Francesa vai alvejar nossas corvetas pernetas, aquelas do tão decantado em prosa e verso Projeto Tamandaré, já a partir de 1000 km do nosso litoral/costa. Durma-se com um barulho desses!

A mesma fonte ainda reporta que “enquanto o alcance preciso da arma continua sendo um segredo militar, as fontes comerciais sugerem que é de pelo menos 1.000 km. Os navios armados com mísseis MdCN podem engajar alvos estratégicos dentro do território do inimigo com precisão sem precedentes, a partir de uma distância segura. Por exemplo, um navio no Chipre poderia facilmente eliminar um alvo próximo a Mosul no norte do Iraque.” Que fique claro, este fato equivale a dizer que, pouco depois da ultrapassagem das ilhas Trindade e Martim Vaz, estas belonaves gaulesas já estarão em condições de bater o porto de Vitória/ES, distante 1167 km daquele pequeno entorno insular. Com a palavra o alto comando naval.

Paulo Ricardo da Rocha Paiva/ Coronel de infantaria e Estado-Maior

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