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IMAGENS CASTRENSES EM FRANCO DECLÍNIO

“Dizer que não desrespeitou o RDE porque não era ato político, quanta cegueira! Queria ver se fosse um subordinado seu meus caros, general (um) e coronéis (dois), “vamos e convenhamos dois pesos e duas medidas!” Ah! Mas o comandante do Exército agiu de forma a não dar margem a mais uma crise! Por Deus! Nosso pobre País vilipendiado está vivenciando uma atrás da outra …”

Às vezes me pergunto como pode um oficial-general que chegou ao último posto que lhe é facultado, por força do seu serviço de origem, chegar a tal ponto de renúncia de um passado profissional reconhecido por seus superiores, pares e subordinados. Olha que o cidadão foi guindado para uma pasta ministerial que, a não ser pelas afinidades com os procedimentos da logística, não tem absolutamente nada a ver com a militância castrense tradicional. Mas aceitou, sem reservas de autonomia, uma missão para a qual não possui nenhum diploma de causa, e isto em plena travessia de uma pandemia. Decididamente, não era o “homem certo para o lugar certo”. Tratava-se de uma nomeação com segundas intenções, nada republicanas.

– Ainda me lembro, final de 1995, fui consultado no transcorrer do Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército/CPEAEX, se desejava comandar o CMRJ no ano seguinte. Confesso que me senti honrado e prestigiado pela lembrança de meu nome, mas, porém, contudo, todavia, entretanto, “pensei com meus botões”, um tropier no comando de jovens adolescentes, acostumado a exigir demonstrações de rigorosa disciplina castrense, meu perfil não me favorecia para a aceitação daquele posto tão complexo e cheio de nuances pedagógicas. Diferentemente do caso de ser sondado para um CPOR, um segundo comando que sempre imaginei e desejei, mas que infelizmente não aconteceu.

Em verdade, as segundas intenções para o nomeado nunca foram percebidas por ele ou, o que é mais grave, foram olvidadas, o que é de estranhar pelo arcabouço da formação, do aperfeiçoamento e do doutorado em seu currículo profissional. Fato que pode ser comparado ao que aconteceu com os oficiais-generais de uma notória potência militar europeia, que seja dito, aqueles que foram forçados, em cerimônia pública, a prestarem juramento a um líder que a levaria à procrastinação por uma comunidade das nações indignada e reativa. Mas a falta de brio chegou a tal ponto que, sem nenhum dever de lealdade a quem lhe usou de forma solerte e rasteira, ainda defendeu de forma subserviente quem dele se aproveitou para servir de “bode expiatório”, um baita “testa de ferro” para o incremento de tirânico “negacionismo”, este cujas consequências estão a cobrar quase que “meio milhão” de vidas.

– A grande tristeza, entretanto, não parou por aí. Recebi algumas mensagens, não somam os dedos de uma mão, mas que foram remetidas por oficiais de escol, aos quais respeito, com manifestações de apoio, tanto ao transgressor do RDE, assim como ao atual comandante da Força Terrestre. Dizer que não desrespeitou o RDE porque não era ato político, quanta cegueira! Queria ver se fosse um subordinado seu meus caros, general (um) e coronéis (dois), “vamos e convenhamos dois pesos e duas medidas!” Ah! Mas o comandante do Exército agiu de forma a não dar margem a mais uma crise! Por Deus! Nosso pobre País vilipendiado está vivenciando uma atrás da outra desde que o “presidentezinho da gripezinha mal curada” resolveu fritar oficiais-generais, da mais alta cepa, que lhe assessoram no governo.

Em verdade, depois da “Inês é morta” com a decisão equivocada de “não punir por não haver transgressão disciplinar”, o Exército foi desonrado em 50%. Caso nosso comandante, justo aquele que, como capitão serviu comigo na AMAN, num arroubo de brio e de bom senso, não solicitar sua exoneração, a Instituição terá sido humilhada em 100%. Com todas as honras e sinais de respeito, na posição de sentido e com mão na pala, é como penso, direito que me garante a “Carta Magna”

Paulo Ricardo da Rocha Paiva – Coronel de infantaria e Estado-Maior

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