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BRIGADA DE ARTILHARIA OU ARTILHARIA DIVISIONÁRIA – Incursão na História e na Doutrina

Ernesto G Caruso

A doutrina de emprego dos meios bélicos evolui com a tecnologia a exigir maior preparo dos combatentes no manuseio do armamento, busca de alvos, precisão e área com que devem ser neutralizados.

Na História e na atualidade, a versatilidade do emprego da Arma dos tiros largos e profundos é função da missão, terreno, inimigo e meios, a variar a composição dos seus elementos para proporcionar adequadamente o apoio de fogo às ações da Infantaria e da Cavalaria.

A refletir entre as designações como Brigada de Artilharia que fez História e tradição no emprego da Artilharia por longo tempo e, posterior adoção como Artilharia Divisionária, orgânica da Divisão de Exército, mantendo inclusive a mesma numeração. Exemplos, a AD/3, Artilharia Divisionária Brigadeiro Gurjão, subordinada à 3ª Divisão de Exército – Divisão Encouraçada e, a AD/1, Artilharia Divisionária Cordeiro de Farias, subordinada à 1ª Divisão de Exército – Divisão Mascarenhas de Moraes.

Do portal da AD/1, destaca-se o seguinte histórico:

– 23 de fevereiro de 1915: no início da 1ª Guerra Mundial, sob influência de oficiais conhecidos como “Jovens Turcos”, enviados para treinamento na Alemanha, foi criada a 3ª Brigada de Artilharia, no contexto da reorganização do Exército Brasileiro. A Brigada era composta por: Quartel General; 1° Regimento de Artilharia Montada (1° RAM); 6° RAM; e 3° Grupo de Obuses (Artilharia Pesada), todos no Município do Rio de Janeiro, Capital e Distrito Federal de então. Posteriormente, em junho de 1919, foi transformada na 1ª Brigada de Artilharia.

– Agosto de 1938: a 1ª Brigada de Artilharia foi substituída pela Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Infantaria (1ªDI), na posterior reorganização do Exército Brasileiro, resultado da influência da Missão Francesa.

– Agosto de 1943: decidida a participação militar do Brasil na 2ª Guerra Mundial, foi criada a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) e constituído o núcleo da sua Artilharia Divisionária, sob o comando do Marechal OSWALDO CORDEIRO DE FARIAS.  

– Setembro de 1944 a maio de 1945: a FEB combate e vence, na Itália, o inimigo nazifascista, apoiada pela Artilharia Divisionária da 1ª DIE. Após a Guerra, a 1ª DIE torna-se a 1ª Divisão de Infantaria (1ª DI).

– 11 de novembro de 1971: alterada a denominação da 1ª DI para 1ª Divisão de Exército (1ª DE), razão pela qual surge a denominação atual da Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército (AD/1).

A ressaltar que a Brigada de Artilharia foi sacramentada pelo Decreto nº 11.499, de 23 de Fevereiro de 1915, como exposto no histórico da então 3ª Divisão de Exército para guarnecer “a 5ª região militar, com sede do comando na Capital Federal, Rio de Janeiro, com a seguinte composição, dentre outras organizações, 3ª Brigada de Artilharia, quartel-general – Igual ao da 5ª Brigada de Infantaria, 1º Regimento de Artilharia Montada, de dois grupos; 6º Regimento de Artilharia Montada e 3º Grupo de Obuses.

Pelo Decreto-lei nº 5.388, de 12 de abril de 1943, pelo Art. 13, a Divisão de Infantaria compreende: a) Comandante – General de Divisão… – Regimentos de Artilharia… § 4º Os Regimentos de Artilharia constituem, em seu todo, a Artilharia Divisionária, comandada por um General de Brigada ou Coronel de Artilharia que esteja no quadro de acesso, dispondo de um assistente e um adjunto…”.

O Decreto-lei nº 6.812, de 21 de agosto de 1944 alterou para, “Art. 1º A Divisão Moto-mecanizada, abreviadamente D.M.M., passa a ter a seguinte organização: – Comandante – General de Brigada… – Grupamento de Carros de Combate; – Grupamento de Infantaria; – Grupamento de Artilharia… Art. 6º O Grupamento da Artilharia tem a organização… – 3 Grupos de Artilharia Mecanizados…”.

Artilharia na Segunda Guerra Mundial

        Pelo Decreto nº 14.746, de 23/03/1921, que “Approva a segunda parte do Regulamento para os exercícios, o emprego e o tiro da Artilharia – Repartição orgânica da artilharia”, previa-se no item 10 que, “As divisões (de infantaria ou de cavallaria) são dotadas de artilharia como órgão constitutivo. É a artilharia orgânica das divisões (artilharia divisionária).”

Quer no passado, quer no presente, como Brigada de Artilharia ou Artilharia Divisionária, as missões precípuas de coordenação dos fogos em apoio às armas de Infantaria e Cavalaria, eram cumpridas e são cumpridas de acordo com os planos de fogos para conquistar ou defender objetivos.

Da vivência como Artilharia Divisionária na Segunda Guerra Mundial, do histórico “O Exército Brasileiro na Segunda Guerra Mundial” (portal do EB), extrai-se esse resumo.

Em 26 de julho de 1944, foi autorizado o deslocamento da tropa brasileira para a região de Tarquínia, onde durante 15 dias realizou-se o recebimento do armamento e do equipamento que seriam empregados.

A 5 de agosto, a 1ª DIE incorporou-se ao V Exército norte-americano. A seguir, essa tropa foi deslocada de Tarquinia para Vada, distante 25 quilômetros da frente de batalha do Arno, onde seria submetida a intenso treinamento pelo período de três semanas.

O último exercício foi realizado a 10 de setembro, presenciado pelo General Mark Clark, que considerou a tropa apta para combater. Assim, organizou-se o Destacamento Força Expedicionária Brasileira, que atuaria na frente de Pisa, integrando as forças do corpo de exército comandado pelo General Willis D. Crittenberger.

O Destacamento, sob o comando do General Zenóbio da Costa, era constituído pelo 6º Regimento de Infantaria, pelo 2º Grupo do 1º Regimento de Obuses Auto-Rebocado, 1ª Companhia do 9º Batalhão de Engenharia e elementos de serviços, num total de 237 oficiais e 4.331 praças, do total aproximado de 25 mil da FEB.

Na fase inicial, somente um grupo de Artilharia foi empregado em apoio ao Destacamento.

A zona de ação atribuída ao Destacamento FEB situava-se entre a planície do litoral do mar Tirreno e o vale do rio Serchio, englobando os contrafortes dos Apeninos, conhecidos também como Alpes de Apuânia.

        Os brasileiros substituíram a tropa americana que se achava em linha, disposta em frente larga, na noite de 15 de setembro.  A 16 chegou ordem de avanço para nova linha balizada pelas alturas do Monte Communali, La Quiesa e Monte Acuto.

Às 14:22 horas a artilharia abriu fogo pela primeira vez, nas encostas do Monte Bastione, situado em Massarosa. Ataque sobre o Monte Nocchi, conquista de Camaiore e aproximação sobre os postos avançados da Linha Gótica. Em 26 de setembro se alcança o Monte Prano.

Na foto acima o soldado Francisco de Paula, como carregador (função do C3), e a destacar a inscrição na granada do obus 105 “A cobra está fumando”, com texto alusivo em inglês datado de 29 de setembro de 1944.

Foto do soldado José Maria Torres, mineiro de Viçosa que disparou o primeiro tiro de obus contra os alemães (14:22h-16Set1944) – Jornal da Guerra, Gen Octavio Costa, portal do EB.

A data é comemorada anualmente no aquartelamento do 21º Grupo de Artilharia de Campanha, legítimo herdeiro das honrosas tradições geradas pela guerra que com sangue e bravura merecem as justas homenagens e permanente difusão pelo simbolismo das denominações e distintivos históricos.

   GRUPO MONTE BASTIONE

Voltando à Segunda Guerra. Na jornada de 27 de setembro, perda do contato com o inimigo que retraía, protegido pelas escarpas de um terreno difícil.

Cidades e vilas conquistadas no vale do Serchio, destacando-se Massarosa, Camaiore, Monte Prano, Fornaci, Gallicano e Barga. A 11 de outubro, conquistadas as alturas que pelo sul dominam a vila de Gallicano, procurou o General Zenóbio consolidar as suas posições.

Na manhã de 30 de outubro, o Destacamento FEB atingiu a linha de alturas do onde deveria lançar-se sobre a importante posição alemã. O inimigo procurava conter os ataques e realizava fortes contra-ataques. As tropas foram surpreendidas e recuaram para a zona de reunião.

Nesse período a FEB progrediu 40 quilômetros, capturou 208 prisioneiros, conquistou algumas cidades e uma fábrica de acessórios para aviões, sofrendo 290 baixas.

Em 1º de novembro de 1944, o General Mascarenhas de Moraes assumiu o comando com a chegada das demais unidades. Coube à 1ª DIE um importante setor da frente que englobava a estrada nº 64, ao norte de Porretta Terme. Final de novembro as posições brasileiras tinham mais de 15 quilômetros. Tropa alemã ocupando as posições elevadas com domínio de vistas e fogos sobre as posições da tropa brasileira.

Monte Castelo era uma dessas elevações. Precisava ser conquistado para dar condições às forças do 4º Corpo de Exército de prosseguirem em direção a Bolonha, objetivo do V Exército, antes do inverno.

As operações no vale do Reno resumiram-se a quatro ataques mal sucedidos contra o baluarte de Monte Castelo. Os dois primeiros realizados a 24 e 25 de novembro, sob a responsabilidade da força tarefa da 45ª Divisão de Infantaria norte-americana, que recebeu da 1ª DIE o reforço de um Batalhão de Engenharia e do Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado, com apoio de artilharia.

A Força Tarefa 45 apossara-se de Monte Belvedere, região importante para a investida sobre Monte Castelo. O terceiro ataque, planejado para o dia 29 de novembro, seria sob a responsabilidade da 1ª DIE. Um grupamento constituído por três batalhões, sob o comando do General Zenóbio da Costa, com apoio de dois grupos de artilharia brasileiros e possivelmente de um grupo de artilharia do 4º Corpo de Exército.

No entanto, na véspera do ataque, os alemães retomaram o Monte Belvedere, deixando assim descoberto o flanco esquerdo da tropa brasileira. Às 7 horas do dia 29 de novembro iniciou-se o ataque. As condições de tempo eram adversas; apoio aéreo inviável; a lama dificultando ação dos carros-de-combate. O contra-ataque alemão não tardou e ao fim da tarde os dois batalhões brasileiros recuaram.

O quarto ataque se deu no dia 12 de dezembro, às 6:30 horas, sob iguais condições do tempo, com algumas conquistas. Situação a demonstrar a necessidade de maior empenho ofensivo sobre a sólida posição defensiva alemã.

Passado o rigor do inverno, a ofensiva do 4º Corpo de Exército iniciou-se às 23 horas do dia 19 de fevereiro, com o ataque da 10ª Divisão de Montanha. Ao amanhecer do dia conquistou Monte Belvedere. Em seguida Gorgolesco e Mazzancana, que fora bombardeada por aviões da FAB.

Na manhã do dia 21 foi desencadeado o ataque com uma ação frontal e uma ação desbordante pela Infantaria. Ao 9º Batalhão de Engenharia coube a limpeza dos campos de minas e a conservação de estradas.

Às 17:30 horas, os primeiros elementos do Regimento Sampaio atingiram o topo de Monte Castelo.

Além da perfeita coordenação na progressão dos escalões de ataque, houve também uma eficiente preparação de fogos de artilharia divisionária, que era comandada pelo General Cordeiro de Farias.

Em Monte Castelo a FEB escreveu páginas de glória na sua trajetória em território italiano, após os reveses sofridos por insuficiência de meios e vencer a defesa consolidada do inimigo.

Nos dias 23 e 24 de fevereiro, ocorreu o combate de La Serra, cuja ação vitoriosa encerrou a 1ª fase da ofensiva do 4º Corpo de Exército.

No início de março de 1945, ataques e conquistas de Castelnuovo, Montecavalloso e Boscaccio e término da ofensiva do 4º Corpo de Exército.

Na ofensiva da primavera coube ao 4º Corpo a tarefa de realizar o esforço principal, rompendo as posições alemãs na Linha Gengis Khan. O Grupo-de-Exércitos prosseguiria e desembocaria na planície do Pó; a seguir deveria desdobrar-se velozmente para atingir os Alpes, bloqueando todos os caminhos de retraimento do inimigo para o interior da Alemanha.

A 8 de abril, o comandante do 4º Corpo convocou os comandantes de divisões para uma reunião que deveria realizar-se em seu quartel-general instalado em Castelluccio. Nessa oportunidade o General Mascarenhas de Morais conseguiu uma maior participação da 1ª DIE, que recebera inicialmente a atribuição de manter as posições e o contato com o inimigo à frente, em condições de persegui-lo caso se retirasse.

O General Mascarenhas de Morais obteve autorização para atacar a região de Montese – Montello, que conquistada, levaria fatalmente às barrancas do rio Panaro.

A operação ofensiva fora prevista para o dia 12, mas as condições meteorológicas não eram favoráveis para o emprego da Força Aérea. Nesse dia 12, uma patrulha de 21 homens alcançou a elevação de Montaurigula procedendo à limpeza dos campos minados.

Em 14 de abril de 1945, deu-se o início da ofensiva da primavera. No dispositivo do V Exército norte-americano a Divisão brasileira ocupou posição importante, a cobertura de flanco durante o ataque, no trecho oriental da bacia do Panaro. Nessa jornada, a divisão brasileira e a 10ª Divisão de Montanha, à direita, atuaram com movimentos sincronizados.

A missão da 1ª DIE compreendia o lançamento de fortes patrulhas com o objetivo de obter o controle da primeira linha de alturas e conquistar a região de Montese – Montello. O violento fogo de artilharia para apoiar essas ações em força dera a impressão de que fora desencadeado um ataque em larga frente. A reação do inimigo foi imediata. O fogo inimigo, de artilharia e de morteiros, era concentrado sobre a linha de partida e sobre os elementos em progressão. Quase ao meio-dia um pelotão anulou forte resistência inimiga e capturou a localidade de Possessione.

A fase mais importante, começou as 13:30 horas, com um ataque contra as alturas de Montese, Cota 888 e Montello. Houve intensa preparação de artilharia; foram empregados blindados e fumígenos norte-americanos. As 15 horas conseguiu-se penetrar em Montese. A notícia correu por todo o 4º Corpo, provocando jubilosas manifestações. Logo em seguida caiu Serreto, mas a resistência adversária continuou. Às 18 horas já estava escuro. Sabia-se que o inimigo possuía blindados e tropa em reserva, o que lhe possibilitava um contra-ataque para recuperar as posições de Montese e Serreto. Seus canhões e morteiros continuaram atirando durante toda a noite.

Era imperativo continuar o ataque ao restante do maciço de Montese. Previa-se uma forte resistência dos alemães. Os batalhões do escalão de ataque desembocaram às 9:45 horas. A luta prolongou-se mesmo durante a noite. Os fogos inimigos já haviam provocado mais de 100 baixas no escalão de ataque. A região de Montese continuava recebendo mais fogos que toda a frente do 4º Corpo.

A situação agravou-se na manhã do dia 15, quando o inimigo iniciou uma densa concentração de artilharia e morteiros, multiplicando o número de baixas. O General Mascarenhas de Morais deslocou-se para a frente, instalando o posto avançado de comando sobre os escombros de Montese. Sua observação pessoal e os esclarecimentos obtidos permitiram-lhe concluir que a tropa estava desgastada, sendo conveniente transferir a operação para o dia seguinte.

Ao alvorecer de 17 de abril, chegaram ordens do 4º Corpo para sustar a operação. O comandante do V Exército pretendia lançar tropas de reserva através de uma brecha aberta em outro setor, à direita de nossa Divisão, onde operava a 10ª Divisão de Montanha. Foi atribuída à Divisão brasileira manter a segurança do flanco esquerdo do 4º Corpo, tendo sido intensificada a atividade de patrulhamento.

Terminara o episódio mais sangrento vivido por nossas tropas em território italiano. Quatro jornadas sob os bombardeios mais pesados de toda a campanha. As armas brasileiras quebraram a resistência do inimigo e desmantelaram de forma definitiva o seu dispositivo defensivo.

Montese constituiu um objetivo de significativa importância na manobra ofensiva do 4º Corpo-de-Exército. Não foi apenas o combate mais sangrento travado pela FEB. Foi também a conquista de uma região essencial, que veio a provocar um desequilíbrio no dispositivo adversário, facilitando o desembocar da tropa do V Exército na planície do Pó.

Palavras do General Willis D. Crittenberger aos integrantes de seu estado-maior na manhã do dia 15 demonstram: – “Na jornada de ontem, só os brasileiros mereceram as minhas irrestritas congratulações; com o brilho do seu feito e seu espírito ofensivo, a Divisão brasileira está em condições de ensinar às outras como se conquista uma cidade.”

Os alemães resistiram cinco jornadas, mas as sucessivas vitórias dos aliados provocaram o completo desmantelamento de suas defesas. O dia 19 de abril marcou o início de uma nova etapa na ofensiva da primavera, o aproveitamento do êxito.

Durante a noite de 18 para 19 de abril, as tropas alemãs retraíram na direção oeste, operação que continuou na jornada de 19 de abril, tendo o inimigo transposto o rio Panaro, pressionado por nossa tropa. Na noite de 19 para 20 de abril, a 1ª DIE recebeu do 4º Corpo a missão de continuar cobrindo o flanco oeste dessa grande-unidade, limpando a margem direita do rio Panaro até a região da cidade de Vignolia.

Em fim de jornada as tropas brasileiras cerraram contato com o inimigo na região de Zocca, um objetivo de vital importância. Encontraram obstinada resistência, mas avançaram apoiadas por blindados norte-americanos. Zocca foi ocupada e a 1ª DIE prosseguiu na direção de Vignola.

Essa oitava jornada ofensiva propiciou o esperado epílogo da batalha dos Apeninos – a ocupação de Bolonha por tropas do V Exército norte-americano e do VIII Exército britânico.

No fim do dia 22, quase todos os elementos da FEB estavam na margem esquerda do Panaro. A 23, foram conquistadas Marano e Vignola. A população das localidades recebia nossas tropas com expansões de júbilo, aclamações e flores.

Em Vignola a FEB iniciou a perseguição ao inimigo rumo a noroeste. Para facilitar o cumprimento da missão, a infantaria foi motorizada com viaturas da Artilharia Divisionária, ganhando maior velocidade. Os exércitos alemães, batidos em região montanhosa, retiravam-se pela planície de forma desordenada.

Havia uma firme determinação de bater todas as forças contrárias, inclusive as que constituíam o exército da Ligúria, antes mesmo que ocupassem o Pó ou o Adige.

        Em apenas 12 jornadas, o 15º Grupo de Exércitos aliado desmantelou três exércitos inimigos em território italiano.

A participação da divisão brasileira no vale do rio Pó foi relevante. Na ala esquerda do dispositivo do V Exército norte-americano, recebeu a missão de manter a segurança do flanco sul do 4º Corpo e do V Exército, face aos inimigos que se retiravam do setor costeiro da Ligúria, na direção do vale do Pó, alcançando as margens do rio Enza, a 24 de abril.

A 1ª DIE ao amanhecer de 26 de abril retoma a perseguição ao inimigo na área compreendida entre os rios Enza e Taro. No mesmo dia, o Esquadrão de Reconhecimento estabeleceu contato com os alemães na região de Collecchio; a 27, elementos de infantaria eliminaram resistências inimigas.

Uma coluna inimiga procurava por essa via de acesso, chegar ao vale do Pó. Contra essa força, elementos de infantaria com apoio de artilharia surpreenderam o adversário na estrada 62, rumo ao norte e, que, em manobra de duplo envolvimento, atingiu rapidamente as cercanias de Fornovo.

O vigário de Neviano di Rossi, Padre Alexandro Cavalli, cumprindo o papel de emissário junto às tropas alemãs de Respício, transmitiu o ultimato de rendição.

A resposta do inimigo não foi bem recebida, nos termos: – “A resposta seguirá após ser fornecida alguma indicação do comando superior. (a) Major Kuhn, Ch EM/148ª DI.” A decisão foi de atacar.

A luta foi violenta à tarde, mas diminuindo ao cair da noite. As unidades preparavam-se para manter as posições conquistadas quando apareceu o Major W. Kuhn acompanhado de uma escolta com bandeira branca. Nos entendimentos ficou acertado que o fogo cessaria às 5:20 horas e que a rendição começaria às 12 horas.

À meia-noite, um batalhão de infantaria alemão cruzou as linhas em Respício e, ao alvorecer, outro se apresentou nessa região e a seguir a rendição do Batalhão de Carros de Combate da 90ª Divisão Panzer, a Divisão Bersaglieri, o grosso da 148ª Divisão de Infantaria, outras unidades e, por último o comandante da 148ª Divisão de Infantaria, General Otto Fretter Pico. Total de 14.779 homens, cerca de quatro mil animais e 2.500 viaturas.

O General Mark Clark, comandante do 25º Grupo de Exércitos, a respeito da manobra da divisão brasileira declarou que “foi magnífico final de uma atuação magnífica”.

A 30 de abril, a 1ª DIE recebeu a missão de ocupar a região de Alessandria e ficar em condições de progredir na direção norte, continuando a cortar a retirada do inimigo vindo do sul.

Estabelecido contato com a 92ª Divisão norte-americana. No dia seguinte ocupou-se a margem sul do Pó, região ao norte de Alessandria, e ultrapassou-se a cidade de Turim. No dia 2 de maio, uma patrulha estabeleceu contato em Suza com a 27ª Divisão francesa.

A luta ainda continuava no resto da Europa. A vitória final ocorreu em 8 de maio de 1945, após a queda de Berlim.

Assim, no interregno de 16 de setembro de 1944, quando o 2º Grupo do 1º Regimento de Obuses Auto-Rebocado, integrando o Destacamento FEB, abriu fogo pela primeira vez nas encostas do Monte Bastione, passando pelo emprego da Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, ao final da guerra em 8 de maio de 1945, com muito sacrifício de heróis, mortos e feridos, ainda que em curto espaço de tempo, de oito meses,  a FEB participou com realce da derrota de dois exércitos alemães (XVI Exército e Exército da Ligúria) que operavam no setor do V Exército norte-americano.

Percorrendo cerca de 400 quilômetros, libertando quase meia centena de vilas e cidades, com mais de 2.000 baixas, entre mortos, feridos e desaparecidos, 20.000 prisioneiros e impondo a rendição a duas divisões inimigas.

No emprego da Artilharia, foram cumpridas 2.995 missões de tiro e disparadas mais de 55.000 granadas.

Vale destacar os seguintes dados do Catálogo de Acervos Documentais do Exército:

 

1915 – 1ª BRIGADA DE ARTILHARIA

PARADA: Rio de Janeiro – RJ

ORIGEM: Criada pelo Decreto nº 11.498, de 23 de fevereiro de 1915

TRANSF: Extinta pelo Decreto nº 13.916, de 11 de dezembro de 1919

 

1915 – 3ª BRIGADA DE ARTILHARIA

PARADA: Rio de Janeiro – RJ

ORIGEM: Criada pelo Decreto nº 11.498, de 23 de fevereiro de 1915

TRANSF: 1ª Brigada de Artilharia (Decreto nº 13.916, de 11 de dezembro de 1919)

 

1919 – 1ª BRIGADA DE ARTILHARIA

PARADA: Rio de Janeiro – RJ

ORIGEM: 3ª Brigada de Artilharia (Decreto nº 13.916, de 11 de dezembro de 1919) TRANSF: Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Infantaria (Decreto nº 556, de 12 de julho e Decreto nº 609, de 10 de agosto e Port nº 207, de 23 de agosto de 1938) DESTINO DO

 

1915 – 3ª DIVISÃO DE EXÉRCITO

PARADA: Rio de Janeiro – RJ

ORIGEM: 5ª e 6ª Brigadas de Infantaria da 1ª Brigada Estratégica (Decreto nº 11.498, de 23 de fevereiro de 1915)

TRANSF: 1ª Divisão de Exército (Decreto nº 13.916, de 11 de dezembro de 1919)

 

1919 – 1ª DIVISÃO DE EXÉRCITO

PARADA: Rio de Janeiro – RJ

ORIGEM: 3ª Divisão de Exército (Decreto nº 13.916, de 11 de dezembro de 1919) Comando cumulado com o da 1ª Região Militar

TRANSF: 1ª Divisão de Infantaria (Decreto nº 15.235, de 31 de dezembro de 1921)

 

1921 – 1ª DIVISÃO DE INFANTARIA

PARADA: Rio de Janeiro – RJ

ORIGEM: 1ª Divisão de Exército (Decreto nº 15.235, de 31 de dezembro de 1921) Comando cumulado com o da 1ª Região Militar ate 1946 TRANSF: 1ª Divisão de Exército (Decreto Reservado nº 01, de 11 de novembro de 1971)

 

1971 – 1ª DIVISÃO DE EXÉRCITO

PARADA: Rio de Janeiro – RJ

ORIGEM: 1ª Divisão de Infantaria (Decreto Reservado nº 01, de 11 de novembro de 1971)

 

1972 – ARTILHARIA DIVISIONÁRIA DA 1ª DIVISÃO DE EXÉRCITO

PARADA: Rio de Janeiro – RJ / Niterói – RJ (Port Cmt Ex Nr 900, de 20 de dezembro de 2004) (BE 52/2004)

ORIGEM: Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Infantaria (Portaria Reservada nº 036, de 07 de novembro de 1972)

 

1943 – 1ª DIVISÃO DE INFANTARIA EXPEDICIONÁRIA DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA

PARADA: Rio de Janeiro – RJ/Itália – 1944/Rio de janeiro – RJ 1945

ORIGEM: Criada pelo Decreto Reservado nº 6.069, de 06 de dezembro de 1943

TRANSF: Extinta pelo Aviso nº 130-C, de 30 de janeiro de 1946

Como se constata, o reconhecimento e a homenagem ao herói que sintetiza a participação dos militares da Arma de Artilharia na História da Segunda Guerra Mundial estão presentes na denominação histórica da Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército, Artilharia Divisionária Cordeiro de Farias, que foi seu comandante, Marechal Oswaldo Cordeiro de Farias.

 

Artilharia na Guerra do Paraguai

O paralelo que se pode estabelecer entre a participação da Artilharia do Exército brasileiro na Segunda Guerra Mundial e, em outra guerra externa, por sua relevância e quadro revelador de vultos que engalanam estandartes das organizações militares, está nos registros históricos do seu envolvimento na Guerra do Paraguai, que vai de 1864 a 1870.

Da vida militar do Patrono da Artilharia, Marechal Mallet, consta o seguinte, ainda como 2º Tenente, em 1823, tratando da Brigada de Artilharia, como opção para servir.

“Senhor

Diz Emílio Luiz Mallet, Segundo-Tenente do Regimento de Artilharia da Corte que ele suplicante assentou praça voluntariamente de Cadete nas Brigadas de Artilharia a Cavalo da Corte, aonde serviu a Vossa Majestade e à Nação, até que obteve em concurso o posto que hoje tem; como porém o suplicante tinha os maiores desejos em continuar a servir nas Brigadas de Artilharia a Cavalo; roga a Vossa Majestade Imperial que haja por bem que o suplicante continue a fazer o serviço de Oficial no referido corpo, na qualidade de agregado.

Peço a Vossa Majestade Imperial haja por bem de deferir ao suplicante como requer.

Rio de Janeiro, 28 de novembro de 1823

Emílio Luiz Mallet, Segundo-Tenente”

 

“ABRE-SE O TEMPLO DE JANO” é título do trecho abaixo transcrito do livro de J.V. Portella Ferreira Alves — MALLET, O PATRONO DA ARTILHARIA, a demonstrar o significado da ruptura da paz, perpetrada pelo Paraguai.

As portas de Jano eram fechadas em tempo de paz e abertas em tempos de guerra.

“Solano Lopez fez invadir Mato Grosso por uma forte coluna que ocupou o sul da província. Outra tomou a direção do Rio Grande do Sul, onde as tropas do Tenente-Coronel Antonio de La Cruz Estigarribia ocuparam São Borja, Itaqui e Uruguaiana.” Invadindo e violando a neutralidade Argentina.

Tropa aguerrida e disposta a afrontar e ocupar o território do Império do Brasil.

Sob o comando do Coronel Resquin, eram mais de 4.000 soldados, a intimar o comandante do Forte de Coimbra, coronel Porto Carrero, a render-se.

Com apenas 157 combatentes não se rendeu e lutou enquanto pode por dois dias, evacuando “habilmente num dos navios com toda sua valente guarnição”.

A retomada de Uruguaiana se dá em 18 de setembro de 1865, por rendição da tropa invasora, cercada pelo Exército aliado com 17.346 homens (Brasil, Argentina e Uruguai), com a presença do imperador D. Pedro II.

A destacar a promoção de oito integrantes da Artilharia que desde Paissandu e Montevidéu se distinguiram (OD nº 128, 14/11/1866); Mallet foi efetivado como coronel; foram promovidos a brigadeiro, os Coronéis Alexandre Gomes de Argollo Ferrão e José Joaquim Fontes, este, que comandava o 1º Regimento de Artilharia a Cavalo em Monte Caseros. A major os capitães, Manoel de Almeida Lobo D’Eça e Hermes Ernesto da Fonseca. A capitão os tenentes Antonio Tibúrcio Ferreira de Souza, João Nepomuceno de Medeiros Mallet e José Carlos Cabral, morto pouco depois no reconhecimento de Itapuã.

Em 10 de maio de 1866 no acampamento de Taiacorá, Província de Corrientes, para apoiar a arma base, prontos para a campanha, um Comando Geral de Artilharia formado por 3 unidades de Artilharia (1.404 homens, 48 canhões de 4,6 e 12, raiados La Hitte).

Da Batalha de Tuiuti, 24/05/1866, lê-se: “No decurso da batalha, Osório manda reforçar a Artilharia da frente com duas baterias (oito bocas-de-fogo de calibre 6) do 3º Batalhão de Artilharia a Pé. Victorino fê-las tomar posição no centro da sua Infantaria que se acha à direita do Regimento Mallet. O Brigadeiro Gurjão, comandante da Brigada de Artilharia (17ª), dirige aí a ação dessas bocas-de-fogo).”

Após a Batalha de Tuiuti, por falta de mobilidade da tropa empenhada não se pode concretizar uma perseguição mais efetiva sobre o inimigo.

Os combates de 16 e 18 de julho (Sauce e Boqueirão), considerados um segundo tempo da Batalha de Tuiuti, permitiram a consolidação do terreno conquistado e o planejamento para as futuras operações.

As ações sobre Curuzu e Curapaiti foram apoiadas de forma descentralizada pela Artilharia. O ataque de 3 de setembro sobe Curuzu logrou êxito, mas o prosseguimento em 22 de setembro sobre Curupaiti, defendida por 8.000 homens, não.

Tropas brasileiras concentradas em Tuiuti, onde em 18 de novembro de 1866, o Marquês de Caxias assume o Comando. Rearticulação das forças. Criação de uma Brigada de Artilharia sob o Comando do Coronel Mallet. Nas palavras de Caxias referindo-se a posse de Humaitá que durou doze meses: “A guerra que temos de fazer é mais de caçadores e artilheiros.”

Para Tuiu-Cuê, primeiro objetivo da Marcha de Flanco desencadeada por Caxias, contou com a Brigada de Artilharia de Mallet, que vencidas resistências esparsas foi conquistada.

No dia 3 de novembro de 1867, o exército paraguaio com 8.000 homens ataca o acampamento brasileiro em Tuiuti, que devido à forte reação recua em forma desordenada deixando mais de 2.000 mortos, além de 3.000 carabinas, uma bandeira, um estandarte, muitas lanças e espadas.

No ataque a Estabelecimento, em 1º de fevereiro de 1868, por Caxias com a participação da Infantaria, comandada pelo General José da Silva Guimarães e, de Cavalaria, comandada por Andrade Neves, lá estava a Brigada de Artilharia de Mallet. A conquista se dá em 19 de fevereiro de 1868. Elogiados por Mallet, dentre outros o comandante do 1º de Artilharia, Tenente-Coronel Severiano Martins da Fonseca.

Finalmente, Humaitá é conquistada a 25 de julho de 1868, por tropas comandadas por Caxias com apoio da Brigada de Artilharia.

As vitórias alcançadas por Caxias em Itororó, Avaí e Lomas Valentinas, em especial nessa última missão, em que 25.000 aliados participaram, a Artilharia de Mallet composta de três regimentos, o 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, o 2º Regimento Provisório de Artilharia a Cavalo e o 4º Regimento Provisório de Artilharia a Cavalo, teve papel destacado.

A Artilharia de Mallet estava presente na rendição de Angustura, em 30 de dezembro de 1868.

Na campanha da Cordilheira, com operações descentralizadas, características da guerra irregular, terreno acidentado, poucas estradas e em mau estado, impedem os fogos em massa da Artilharia.

Na fase final da guerra, já em Assunção, de 16 de abril de 1869 e parte de 1870, exerceu o Comando-Chefe das forças brasileiras o Conde d’Eu, Louis Philippe Gaston d’Orleans, casado com a princesa Isabel, filha de d. Pedro II, Conselheiro de Estado e Marechal de Exército.

No ataque a Peribebuí, em 12 de agosto de 1869, a Artilharia voltou a atuar centralizada, sob comando do recém promovido Brigadeiro Mallet.

A seguir na Batalha de Campo Grande, em 16 de agosto, a última da guerra com atuação concentrada da Brigada de Artilharia, integrada pelos 1º e 2º Regimentos, sob comando respectivamente dos coronéis Severiano da Fonseca e Gama Lobo D’Eça, cumpria missão de apoio de fogos.

No relatório do Conde D’Eu, além do elogio ao Brigadeiro Mallet faz constar que o inimigo deixou na batalha 2.000 mil mortos, 23 bocas-de-fogo, quase todas de bronze e raiadas, mil e trezentos prisioneiros, mais mil que se apresentaram posteriormente, grande número de carretas, a maior parte carregadas com munição de Artilharia e Infantaria.

Com a morte de Solano Lopez, estava terminada a guerra em 1º de março de 1870.

Do aprisionamento do vapor brasileiro (11 Nov 1864), Marquês de Olinda, que navegava pelo Rio Paraguai e transportava o governador da província do Mato Grosso, coronel Carneiro de Campos, à morte do caudilho em 1º de março de 1870, quase seis anos de guerra, e, como citado no livro fonte, a vitória exigiu grandes sacrifícios e quase cem mil vidas brasileiras.

Com foco no emprego da Artilharia foi expressiva a atuação da sua estrutura no escalão Brigada de Artilharia. Honra seja feita.

No mesmo viés dos fundamentos históricos, vale citar que o patrono da Artilharia — Marechal Mallet — como suplicante de um requerimento, “assentou praça voluntariamente de Cadete nas Brigadas de Artilharia a Cavalo da Corte”. Data da solicitação: 28 de novembro de 1823.

Outros documentos reportam a existência das Brigadas de Artilharia anteriormente.

Haja vista, na publicação na Gazeta do Rio, nº 122, 10 de outubro de 1822, com o seguinte texto:

“ Convindo que no Districto de Campos dos Goitaquazes haja uma Companhia permanente de Artilharia a Cavallo para guarnição e defesa dos pontos da costa que estejão mais expostos a qualquer ataque, Hey por bem mandar criar no referido Districto huma Companhia d’Artilharia a Cavallo, composta por hora de cinqüenta praças entre Officiaes Inferiores e soldados, ficando addida às Brigadas d’Artilharia da Corte…” Paço em dois de Outubro de mil oitocentos e vinte e dois. PRÍNCIPE REGENTE”

Outro aspecto interessante é a existência, hoje, das Brigadas de Artilharia Antiaérea, bem como já houve Brigada de Artilharia de Costa e Antiaérea. No passado por longo tempo, enquadrando regimentos e ou grupos de Artilharia de campanha em apoio à arma base.

A sopesar no raciocínio, a fidelidade às raízes históricas, o apego às tradições e, a projeção para o futuro da simbologia gerada, como componente de uma identidade maior aglutinadora.

A organização militar denominada brigada, seja de Infantaria ou Cavalaria, tem por missão atuar em operações defensivas e ofensivas enquadrada em uma Divisão de Exército da qual seja orgânica ou, outro grande comando, onde seja necessária.

A essência está na flexibilidade desse elemento de emprego adequando-se às necessidades e condições de combate.

A Artilharia Divisionária mantém uma relação rígida com a Divisão de Exército, inclusive as duas organizações têm mesmo número que as identificam.

Assim, diz-se “Artilharia Divisionária da 3ª Divisão de Exército, AD/3”.   

As brigadas da arma base, orgânicas da Divisão de Exército não têm essa vinculação rígida, nem o mesmo número.

Não existe a expressão “Brigada de Infantaria da 3ª Divisão de Exército, BdaInf/3”. Um engessamento desnecessário.

Perder-se-ia a flexibilidade de integrá-las a qualquer outro grande comando.

A identidade que a identifica permite ser alocada em outro dispositivo na sua plenitude portando a mesma flâmula, estandarte e distintivo.

Ocorreu no passado de lutas com a Brigada de Artilharia — Brigada Mallet — que a cada momento da Guerra do Paraguai mobiliou os grandes comandos envolvidos, de acordo com as missões a cumprir e, as condições do terreno, do inimigo em presença e, dos meios disponíveis.

Apoio de fogo efetivo aos elementos de manobra, lado a lado vencendo o inimigo audaz.

É muito importante a preservação do patrimônio histórico-militar, seja o intangível, marcado pelo nome de um combatente herói, líder, ornado pelos louros das vitórias, bravura, seja o concreto, a envolver fardamento, medalhas, armamento do herói ou fortaleza, sítio testemunha de grandes feitos.

Vários dos heróis que comandaram as brigadas de Artilharia e o Comando-Geral de Artilharia (no mesmo nível das divisões), são reconhecidos e homenageados pela pátria e pelo Exército Brasileiro em monumentos e estandartes históricos, a destacar o Marechal Emílio Luiz Mallet, patrono da Artilharia, o Brigadeiro Hilário Maximiano Gurjão, o Marechal Louis Phillip Marie Ferdinand Gaston d’Orleans, o Conde D’Eu.

Quer como Brigada de Artilharia ou Artilharia Divisionária e, recordando os escalões normais de emprego da Artilharia de Campanha, tem-se:

– Bateria de Obuses, Canhões ou Lançadores Múltiplos de Foguetes

– Grupo de Artilharia de Campanha

– Agrupamento-Grupo

– Agrupamento de Artilharia

– Artilharia Divisionária

– Artilharia de Exército

As baterias são as unidades de tiro dos Grupos de Artilharia de Campanha.

Os Grupos podem ser orgânicos de Brigada de Infantaria ou Cavalaria, de Artilharia Divisionária ou Artilharia de Exército.

A Artilharia Divisionária além dos Grupos de Artilharia de Campanha pode incluir Baterias, como por exemplo, Bateria de Busca de Alvos ou de Lançadores Múltiplos de Foguetes.

A Artilharia de Exército compreende um número variável de Comandos de Agrupamentos de Artilharia e unidades de Artilharia.

O Agrupamento de Artilharia compreende um número variável de dois a seis Grupos de Artilharia de Campanha.

O Agrupamento-Grupo ocorre diante da ausência de Agrupamento de Artilharia, situação que pode ocorrer quando um Grupo atua em proveito de uma Brigada de Infantaria ou Cavalaria que já tem o seu Grupo orgânico, sendo o comandante de um deles o comandante do Agrupamento-Grupo.

Como se pode verificar a Brigada de Artilharia de Campanha pode desempenhar o papel quer da Artilharia Divisionária, quer da Artilharia de Exército, quer do Agrupamento de Artilharia, simplificando sobremaneira as relações táticas de comando.

A flexibilidade na composição da estrutura organizacional da Brigada de Artilharia permite a mescla de materiais de emprego, seja de calibre, alcance, mobilidade, tipos de propulsão e dos alvos a serem abatidos.

Quanto à formação Agrupamento-Grupo, embora de emprego eventual, há que ser previsto; pode ocorrer quando um grupo precisa atuar contribuindo com apoio de fogo juntamente com o grupo orgânico da brigada de Infantaria ou Cavalaria.

A Brigada de Artilharia em outros países. Exemplos.

  1. Reino Unido – 1st Artillery Brigade composta das seguintes unidades: 1 Royal Horse Artillery, Royal Horse Artillery, 4 Regiment Royal Artillery, 19 Regiment Royal Artillery, 26 Regiment Royal Artillery, 101 Regiment Royal Artillery, 103 Regiment Royal Artillery, 104 Regiment Royal Artillery, 105 Regiment Royal Artillery, NRHQ Royal Artillery

2.Estados Unidos da América do Norte – 75TH Field Artillery Brigade, 65th Field Artillery Brigade.

  1. Sérvia – Mixed Artillery Brigade, com as seguintes unidades:

HQ Battalion, 1st Cannon and Howitzer Artillery Battalion, 2nd Cannon and Howitzer Artillery Battalion, 3rd Cannon Artillery Battalion, 4th Cannon Artillery Battalion, Mixed Missile Artillery Battalion, 69th Logistic Battalion

Observação – A Brigada de Artilharia Mista foi formada em 4 de junho de 2007 e continua a tradição da 203ª Brigada de Artilharia Mista que esteve em operação de 1988 a 2006.

  1. Rússia

– 26ª Brigada de Artilharia 

– “A Rússia continua a reforçar suas baterias de mísseis anti-navio no Mar Negro, restabelecendo o sistema de mísseis de defesa costeira de Utyos, na Crimeia, com possíveis planos para rearmá-lo com novos mísseis. Atualmente, as unidades de defesa costeira russa no Mar Negro incluem: a 15ª Brigada Costeira de Artilharia de Mísseis, a 11ª Brigada Costeira de Artilharia de Mísseis e o 854º Regimento Costeiro de Mísseis.”

– “O 11º Regimento de Tanques foi criado em janeiro de 2019. O novo regimento pertence ao 11º Corpo de Exército das forças terrestres da Frota do Báltico. Antes da formação do regimento de tanques, o 11º Corpo do Exército já incluía: a 79ª Brigada Mecanizada, o 7º Regimento Mecanizado, a 244ª Brigada de Artilharia, a 152ª Brigada de Mísseis armada com sistemas de mísseis balísticos de curto alcance e o 22º Regimento de Mísseis Antiaéreos.” 

  1. China – Notícias colhidas da internet de periódicos chineses

Uma nova brigada de artilharia da Região Militar do Tibete

Agência de Notícias Xinhua, Lhasa, 13 de novembro (Chen Huaixiang, Teng Jie) Nos últimos anos, uma certa brigada de artilharia da Região Militar do Tibete explorou ativamente as características e os potenciais para desenvolver novas capacidades de combate, efetuou treinamento real e treinamento conjunto e teve a coragem de inovar e ousar superar.”.

“Um exercício tático de artilharia ao vivo organizado por uma brigada de artilharia no teatro do sul.

Em 22 de agosto, uma certa brigada de artilharia no teatro do sul organizou um exercício tático de tiro ao vivo da unidade de artilharia de longo alcance para testar a capacidade da força de atacar em um ambiente geográfico desconhecido.”.

“Uma Brigada de Artilharia do 73º Exército: Abordagem de Treinamento Inovador Próximo do Combate Real

O método inovador de treinamento de uma brigada de artilharia do 73º Grupo do Exército está próximo do combate real.”

Obviamente o que orienta a reunião sob um mesmo comando, de unidades ou grandes unidades, é a natureza das operações (centralizadas ou descentralizadas), o poder de fogo do armamento, a preservação do ser humano em função da automação do artefato bélico e, o grau do poder militar que se pretende como objetivo e, a capacidade econômico-financeira da nação-estado de concebê-lo e executá-lo.

O permanente estudo das ciências militares e as condições futuras vão determinar o padrão de defesa e persuasão que o Brasil Gigante deve ter.

Em se tratando do emprego da Artilharia de campanha, pode ser que se faça necessário o escalão Divisão de Artilharia enquadrando Brigadas de Artilharia.

O modelo “Artilharia Divisionária da 10ª Divisão de Exército” não dispõe tal nível de flexibilidade.

Atenção para o tipo de guerra não linear, múltiplos eixos, a exigir a estruturação de batalhões, regimentos e brigadas para taticamente atuarem independentes, em combates de encontros, com apoio de fogo, de curto e longo alcance.

E até Batalhões de armas combinadas com seção de mísseis, seção de morteiros e bateria de artilharia.

As inovações táticas não podem ser de improviso. Há que se considerar que em termos de Artilharia é fundamental a coordenação do apoio de fogo em todos os níveis, a preponderar a linguagem e canal técnicos comuns.

A especialização a cada dia exige mais conhecimento no manuseio dos artefatos bélicos. O fogo amigo é a pior das experiências.

Coordenação do apoio de fogo, que nos níveis mais elevados, envolve tropas do ar, da terra e do mar.

Estudar, planejar, instruir, executar e avaliar o adestramento de cada elo da estrutura organizacional, a envolver pessoal, material e logística.

Em sendo Brigada de Artilharia, as tradições, o passado de glórias registrado na História e a atualidade se entrelaçam.

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Referências bibliográficas

HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI – Gen Augusto Tasso Fragoso

INTERNET

MALLET O PATRONO DA ARTILHARIA – J. V. Portela Ferreira Alves

PORTAL ELETRÔNICO DO EXÉRCITO BRASILEIRO

RAÍZES HISTÓRICAS DO 18º GRUPO DE ARTILHARIA DE CAMPANHA – Ernesto Caruso

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Sociedade Militar