O oficial general diz que há uma falsa crise, que nos 3 poderes há autoridades envolvidas em crimes e que troca de acusações é estratégia para negociar proteção
Políticos militares & Candidatos militares
Tendo recebido mais de 130 mil votos nas eleições de 2018, quando se candidatou para Senador por Brasília, o até então desconhecido Brigadeiro Átila Maia, mesmo não tendo sido eleito, é reconhecido por de fato ter realizado uma façanha no que diz respeito a captação de votos.
Desde então o oficial tem se dedicado a uma sistematizada pré-campanha para a presidência da república. Fazendo o que se chama de “comer pelas beiradas”, aparentemente tentando conquistar o eleitorado mais moderado, afastado dos dois extremos do espectro político, que na sua visão soma mais de 70 milhões de pessoas, o oficial-general desde 2019 tem viajado pelo país para apresentar suas propostas.
Um dos grupos aparentemente mais próximos de A.Maia é o formado por pensionistas militares, graduados e oficiais de baixa patente das Forças Armadas. É justamente o grupo de eleitores que sustentou Jair Bolsonaro desde o início de sua carreira política, considerado forte influenciador em locais como Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades onde estão instaladas organizações militares das três Forças Armadas.
Desde 2019 a parcela na reserva remunerada desse grupo e as pensionistas andam insatisfeitos, se consideram como os mais prejudicados pela nova lei de reestruturação das carreiras, aprovada em 2019 e que acabou proporcionando um “plus” salarial para quem está na cúpula das carreiras militares, atirando o ônus desse aumento justamente sobre praças de baixas graduações e pensionistas em geral.
Pra quem não sabe, as pensionistas passaram a descontar para a pensão militar e a nova regra acabou acarretando uma redução significativa em seus vencimentos.
Todavia, o oficial tem se encontrado também com outros grupos, pequenos e médios empresários e até com gente ligada à área cultural, como membros da liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.
No programa de rádio JORNAL DA NOITE, apresentado pelo repórter Naressi, Átila Maia foi questionado sobre diversos assuntos.
Sobre a atual tensão no campo político e a já clássica questão da intervenção militar, conhecedor dos corredores militares em Brasília, o oficial general disse:
“… não há nenhuma possibilidade de uma intervenção militar… eu conheço profundamente a solidez das instituições… é uma aparente tensão porque na verdade não existe tensão. O que a gente verifica nos três poderes, executivo, legislativo e judiciário são autoridades de alguma forma com algum envolvimento em crimes trocando acusações para negociar proteção… ”.
Sobre o prejuízo que a reestruturação das carreiras atirou sobre graduados na reserva e pensionistas:
“ … sempre que houver um confronto entre a lei e a justiça eu ficarei invariavelmente com a justiça… vamos recuperar os direitos perdidos… essa reforma estrutural foi um verdadeiro absurdo e esses segmentos foram prejudicados com uma mentira… uma questão orçamentária desviou 10 trilhões de reais… “
Sobre a tensão e aplicação de artigo 142 da CF 1988 o repórter insistiu na tese de que o povo estaria solicitando uma intervenção militar e perguntou: _ O povo está indo pra rua e o povo está pedindo a intervenção, mesmo assim o senhor acredita que não haverá intervenção? E… Caso a esquerda venha a ganhar o senhor acredita que a esquerda assuma?
Átila Maia respondeu e foi taxativo quanto a impossibilidade de intervenção militar.
“…o Brasil é um país democrático, aquele que ganhar a eleição vai assumir… não acredito que nenhum dos nossos oficiais generais apoiasse uma insanidade dessa natureza…”, disse Átila Maia
Jair Bolsonaro e o apoio popular
“… dizer que o presidente Bolsonaro tem o apoio popular é muito relativo… vamos nos reportar a eleição de 2020, ele não elegeu um único vereador em todo o país, que apoio é esse que ele tem? Tentou construir um partido político, não conseguiu o mínimo de filiações. Para quem teve 56 milhões de votos na eleição de 2018 eu pergunto: qual a dificuldade de conseguir 500 mil assinaturas?”
Extrema direita, extrema esquerda
“esse apoio popular não existe. Não existe esse apoio nem a extrema direita nem a extrema esquerda. Se somar esses dois extremos dará no máximo 30% e existe 70 milhões de brasileiros insatisfeitos com o atual governo… eu fui um dos que apoiou a candidatura do presidente nas eleições de 2018… pedi às pessoas as pessoas que votassem nele… A forma que eu encontre de compensar esse erro que eu cometi foi disponibilizar o meu nome para a eleição presidencial…”
Desde 2019 Maia continua se reunindo com militares em vários locais do Brasil, estamos acompanhando a evolução de sua pré-campanha.
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Revista Sociedade Militar
O vídeo completo com a entrevista: https://www.youtube.com/watch?v=ElclK-li7E8