Geopolítica

Canadá e EUA: em busca de cibersegurança no sistema de transporte marítimo

Em torno de 80% de toda cadeia de fornecimento global é dependente da infraestrutura crítica do setor de transporte marítimo. Em virtude disso, ameaças são de extrema preocupação aos países. Durante muitos anos, o foco tem sido os riscos físicos, como a pirataria. Contudo, um novo desafio se apresenta: os ataques cibernéticos. Entre fevereiro e junho de 2020, houve um crescimento de 400% de tentativas de interferência de hackers no sistema de transporte, influenciado pela pandemia da COVID-19, que acelerou o processo de automação e digitalização do setor. Desse modo, como o Canadá e os Estados Unidos (EUA), ambas potências marítimas dependentes deste serviço, estão enfrentando tal ameaça?

Primeiramente, é necessário entender a complexidade do sistema. Não existe uma autoridade única ou modelo de segurança cibernética que se aplique facilmente à infraestrutura dos transportes marítimos. Isso se deve pela segmentação de atores e organizações que o compõem. Desse modo, os Estados estão se movimentando para aprimorar sua própria cibersegurança. Assim, o Canadá anunciou no, início de 2021, a formação do Maritime Cyber Security Centre of Excellence, um centro de pesquisa e desenvolvimento de segurança cibernética marítima, que tem por objetivo examinar a cibersegurança em infraestruturas marítimas críticas e construir melhores sistemas para detectar e responder às atividades maliciosas.

Na mesma linha do Canadá, os EUA criaram uma série de centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, como o Maritime Security Center, e estruturas dentro dos principais atores do setor, como o Coast Guard Cyber Command e os Cyber Protection Teams na Guarda Costeira, em uma tentativa de proteção do setor. Indo além, devido a maior parte desta infraestrutura crítica pertencer ou ser operada pelo governo, com destaque para os portos com maior movimento de contêineres no país, como os portos de Houston (Texas) e Newark (Nova Iorque) o governo teve a necessidade de oficializar um plano de ação voltado para as ameaças cibernéticas.

No final de 2020, o governo Trump lançou o National Maritime Cybersecurity Plan. O plano governamental estabelece ações prioritárias para mitigação dessas ameaças no setor a partir de três grandes objetivos: riscos e padrões; compartilhamento de informações e inteligência; e criação de uma força de trabalho de segurança cibernética marítima. Observa-se que os dois países têm buscado investir no planejamento e no desenvolvimento tecnológico e científico para se cercar de medidas que possam conter ataques à sua infraestrutura e evitar consequências severas em suas economias.

Texto de Ana Carolina Farias e Jéssica Barreto

BOLETIM GEOCORRENTE No 151 • 11 de novembro de 2021 – Link para a publicação original https://www.marinha.mil.br/egn/sites/www.marinha.mil.br.egn/files/boletim-151_0.pdf

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Sociedade Militar