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A ingenuidade da direita – (Num país imbecilizado pela novela das oito, uma direita ingênua…)

Quando o movimento comunista internacional, renunciou à Guerra Revolucionária(luta armada), optando pela estratégia de Gramsci, o teórico italiano, cuja tese central é primeiramente (Hegemonia Cultural)“dominar corações e mentes”, tornou o comunismo “menos cruel”, entretanto, muito mais insidioso. Ao mesmo tempo, abriu espaço para o que há de pior na espécie humana, o líder enganador, pilantra, o mistificador, o falso messias, o “Salvador da Pátria”!

No período anterior, revolucionário, em que pese a premissa falsa de “libertar os oprimidos”, havia uma certa dignidade nas lideranças. A dureza das condições da “Guerra Revolucionária” não dava espaço para os fracos, os líderes apenas teóricos, ou meros aventureiros. As lideranças surgiam do calor da luta revolucionária que os depurava. A era gramsciana, eminentemente intelectual, abriu espaço para a classe média intelectualizada, teórica, pouca afeita à disciplina, ao trabalho produtivo, à produção física de bens, etc. Bem ao seu gosto, nesse cenário, surgiu o “comunista latino-americano”. Pouco dado ao trabalho, normalmente vivendo à sombra do Estado, e invariavelmente acometido de uma doença psíquica chamada imunização cognitiva, que é incapacidade de aprender coisa novas.

Gramsci, em síntese, preconiza que o comunismo renuncie à luta armada e adote um novo “modus operandi”. Passo a passo, domine as superestruturas de determinada sociedade, enfim, das instituições. O exemplo mais bem acabado é a Venezuela! Este país, tinha as Forças Armadas mais à direita do Continente, um judiciário conservador e os políticos totalmente alinhados com a Direita dos EUA, à época. O chavismo bolivariano, magistralmente aplicou, naquele país, a teoria de Gramsci: Dominando primeiramente o setor da educação, as escolas, as universidades, daí para o judiciário e finalmente para os quartéis. Foi a tomada do poder passo a passo, “dentro das quatro linhas da Constituição”!

No caso brasileiro, a primeira pergunta que se impõe é que Constituição é essa que autoriza bandidos receberem “visitas íntimas na prisão”, que concede a inimputabilidade penal para menores de dezoito anos, a imunidade parlamentar aos congressistas, a prescrição da pena depois dos 70 anos, a progressão da pena para delinquentes de todos os matizes e o mandato vitalício para os integrantes da Corte Suprema, onde os indicados, cujo único pré-requisito é que sejam “amigos do rei”?

Nesse cenário, surge, com perfil ideal, um Lula: pobre, nordestino, retirante, pouco letrado, mas astuto e ambicioso. Arquétipo do messianismo que será utilizado pelo movimento “passo a passo” de Gramsci.

Num país imbecilizado pela “novela das oito”, uma Direita ingênua, medrosa, muito preocupada com o “politicamente correto”, o laboratório gramsciano encontrou terreno fértil. O discurso ingênuo do Presidente Bolsonaro, homem honesto e sincero, mas dotado de uma cegueira estratégica, aliás, muito comum nas lideranças da Direita Latino-americana. A dificuldade em identificar os verdadeiros inimigos do nosso país, contribuiu para esgarçar o tecido social brasileiro e estarmos perdendo uma oportunidade histórica, de dar um golpe mortal na esquerda latina e mundial. Penso, que é aqui neste continente, que se travará a última batalha entre a NOM e o que resta da cultura Ocidental greco/romana.

É aqui, que restam as últimas regiões inexploradas de um planeta à beira da exaustão,onde ainda há espaços para produzir alimentos para grande parte da humanidade.

Por mais doloroso que seja, penso que a Europa Ocidental está encerrando o ciclo do seu processo civilizatório, cujo “toque de silêncio” é consequência, entre outras causas, a destruição do Iraque e da Líbia, e pela subserviência de seus líderes aos interesses da potência dominante, os EUA.

A pseudo democracia brasileira, chega ao atual estágio(político e geopolítico), com poucas coisas a comemorar. Aliás, disse um historiador: “o normal nas civilizações, no seu processo evolutivo, é que os povos nasçam, cresçam, evoluam, atinjam o apogeu e entrem em decadência”. O Brasil entrou em decadência antes de atingir o apogeu!? Dúvidas? Como pode um povo eleger, para Presidente, alguém comprovadamente corrupto e condenado por várias instâncias jurídicas? Se isso é democracia, que Deus tenha pena de nós!

A Direita brasileira não viu isso! Caolha, acomodada e sobretudo ingênua, acreditou que “dentro das quatro linhas da Constituição”, derrotaria o insidioso, astuto, cruel e dominador adversário que carcomia as entranhas do poder, a máquina pública, às escolas desde o primeiro grau, segundo grau, universidades, judiciário, etc.  Forças Armadas?!

Sobretudo, no campo geopolítico, a Direita brasileira sempre teve dificuldades em identificar o verdadeiro inimigo. No afã de agradar aos supostos aliados internacionais, assinou o TNP(Tratado de não proliferação de Armas Nucleares), sendo que anteriormente já havia feito constar na sua CRFB, a Constituição cidadã de 1988, a renúncia à arma atômica, declinando do domínio da tecnologia do átomo e seus corolários, a tecnologia do silício e do germânio. O Brasil abdicou de ser “player” mundial, para ser um mero coadjuvante no cenário internacional! Com estrategistas, desse quilate, não necessitamos de inimigos! Consequência imediata: perda da soberania sobre grande parte de seu território, a Amazônia. Acredito que hoje, estamos mais perto de uma secessão territorial, do que dar um encaminhamento à eterna crise brasileira.

A dinâmica da história às vezes é cruel! Em 1964, no apogeu da “Guerra Fria”, o regime que se instalou no Brasil naquele período, me considerou um “perigoso esquerdista”. Hoje, com as mesmas ideias, sou considerado, pela esquerda, um perigoso fascista, racista, negacionista, misógino e homofóbico de direita. Isto tudo dentro das “quatro linhas da Constituição”!

Entretanto, há que se reconhecer, a esquerda é competente, e aqui me socorro de um conhecido cancioneiro esquerdista, “vêm não vai embora, esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer”! A Direita brasileira desconhece esse princípio!

Luís XVI, Rei da França, acreditou no “Direito Divino”, até o momento em que a lâmina da guilhotina fazia seu movimento descendente!

Penso que o Sistema Político que emergiu da “Revolução Francesa” esgotou-se! O que virá depois, nem com bola de cristal dá para prever. Enfim, estas são meras reflexões de um cidadão brasileiro, que está cansando de ser otimista, mas continua acreditando que a árvore da vida precisa ser constantemente regada com suor e lágrimas, às vezes com as lágrimas e o suor dos justos (patriotas), às vezes com o suor e as lágrimas dos ímpios (traidores), hoje é a vez dos justos, amanhã será a vez dos ímpios!

Taquara-RS, novembro de 2022. / Vanderlino Horizonte Ramage – Maj Ref da AER/Administrador

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