Nesta terça-feira, dia 21 de fevereiro, o presidente Vladimir Putin se dirigiu ao público russo em um discurso nacional que durou quase duas horas.
Durante o discurso, ele fez uma série de afirmações sobre a guerra na Ucrânia e criticou duramente os países ocidentais, inclusive, subindo o tom diversas vezes. O presidente russo declarou que iria suspender o histórico tratado histórico sobre controle de armas nucleares, o START, anunciou que novos sistemas estratégicos foram colocados em alerta de combate e ameaçou retomar com os testes nucleares.
O tratado START é último grande tratado de controle de armas entre Moscou e Washington. Ele foi assinado pelo então presidente americano Barack Obama e seu homólogo russo Dmitry Medvedev há mais de uma década atrás, em 2010, e visa(va) limitar o número de ogivas nucleares estratégicas que os países podiam ter.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, chamou a ação de Putin de “profundamente infeliz e irresponsável”. O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que isso torna o mundo um lugar mais perigoso e pediu a Putin que reconsiderasse sua posição.
Putin continuou seu discurso, dizendo que “As elites do Ocidente não escondem seu propósito. Mas também não podem deixar de perceber que é impossível derrotar a Rússia no campo de batalha”. O presidente russo também disse que a Rússia alcançaria seus objetivos na Ucrânia, e acusou os países ocidentais de tentar destruir seu próprio país.
“O povo da Ucrânia se tornou refém do regime de Kiev e seus senhores ocidentais, que efetivamente ocuparam este país no sentido político, militar e econômico”, disse ele.
Putin repetidamente fez alegações sobre o “regime neonazista” na Ucrânia como justificativa para a invasão do país pelo exército russo, embora nas últimas eleições parlamentares da Ucrânia, em 2019, o apoio aos candidatos de extrema direita tenha sido de apenas 2%, muito menor do que em muitos outros países europeus. Junta-se a isso o fato que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky é judeu e membros de sua família morreram no Holocausto.
O discurso de Vladimir Putin vem em meio ao aniversário de um ano da invasão do país vizinho, evento que desencadeou o maior confronto com o Ocidente desde a Guerra Fria.
O presidente Joe Biden também discursou nessa terça-feira, na Polônia, apenas horas depois de o Kremlin suspender o tratado de controle de armas nucleares. Biden disse que a Ucrânia “permanece forte”, um ano após a invasão da Rússia, e que Moscou nunca a derrotaria.
As declarações do presidente americano, em um discurso no Castelo Real de Varsóvia após sua visita surpresa à Ucrânia, visavam rebater o discurso do presidente russo, que acusou repetidas vezes o Ocidente de conspirar para destruir a Rússia.
Faltando apenas dois dias para o aniversário de um ano da invasão, em 24 de fevereiro, Biden reafirmou seu apoio “inabalável” a Kiev e o compromisso americano de fortalecer o flanco oriental da OTAN em frente à Rússia. Biden também rejeitou a alegação de Moscou de que o Ocidente planejava atacar a Rússia.
“Um ano atrás, o mundo estava se preparando para a queda de Kiev”, disse Joe Biden. “Hoje eu digo: Kiev está forte, Kiev está orgulhosa e, o mais importante, Kiev está livre. Quando o presidente Putin ordenou que seus tanques entrassem na Ucrânia, ele pensou que iríamos ceder. Ele estava errado”, declarou.
Biden acrescentou ainda que: “Os apetites do autocrata não podem ser aplacados. Eles devem ser combatidos. Os autocratas só entendem uma palavra: não, não, não. Não, você não vai tomar meu país.”
O presidente americano evitou mencionar a suspensão do tratado START da Rússia em seu discurso, mas disse que Washington e seus aliados não buscam controlar ou destruir a Rússia, mas prestar solidariedade a Kiev.
“O Ocidente não estava planejando atacar a Rússia, como Putin disse hoje… Esta guerra nunca foi uma necessidade. É uma tragédia. O presidente Putin escolheu esta guerra”, concluiu Biden.
Aliados da Otan e outros apoiadores enviaram à Ucrânia dezenas de bilhões de dólares em armas e munições de guerra cada vez mais pesadas, incluindo tanques de guerra modernos. Alguns países consideram atender aos apelos de Kiev por caças a jato e mísseis de longo alcance.
A Rússia sofreu três grandes reveses no campo de batalha na Ucrânia no ano passado, incluindo um revés ainda essa semana mas ainda controla cerca de um quinto do país vizinho e parece estar avançando em uma nova ofensiva no leste.
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