Forças Armadas

200 veículos da ONU roubados, o Sudão em Chamas: como a guerra cria uma crise humanitária devastadora

A situação humanitária no Sudão tem se agravado, conforme informado pela Coordenadora Humanitária da ONU, Clementine Nkweta-Salami, que pediu o fim dos ataques a civis e trabalhadores humanitários. A ONU revelou que 18 funcionários humanitários foram mortos, enquanto outros foram feridos. Além disso, uma escola em Al-Geneina, Darfur Ocidental, usada como abrigo para deslocados, foi incendiada.

As violações do conflito estão aprofundando o sofrimento dos civis, resultando em milhares de mortos e feridos em mais de 100 dias de violência. A ONU relata que dezenas de trabalhadores humanitários foram detidos e alguns permanecem desaparecidos. Mais de 50 armazéns humanitários foram saqueados, além de 80 escritórios invadidos e 200 veículos roubados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para o aumento de ataques a serviços de saúde no país, com mais de 80% dos hospitais fora de operação devido à violência.

Com o início do conflito em 15 de abril, mais de 250 mil refugiados e repatriados fugiram para as províncias orientais do Chade, o país anfitrião, que também necessita de ajuda. De acordo com o Escritório de Assuntos Humanitários (OCHA), quase 90% dos refugiados são mulheres e crianças do oeste de Darfur, epicentro do conflito entre as tribos árabes e masalit. Eles se juntam a mais de 400 mil refugiados sudaneses que vivem no leste do Chade desde 2003 devido a crises anteriores.

A situação no Sudão levou ao aumento dos preços dos alimentos no leste do Chade devido à interrupção dos mercados e ao fechamento das fronteiras. Isso se soma aos já baixíssimos níveis de renda da população e à pressão sobre os meios de subsistência das famílias devido ao influxo de refugiados.

Imagem: @SudanTribune_EN

Cerca de 1,9 milhão de pessoas nas províncias orientais do Chade necessitavam de assistência humanitária antes do conflito, com taxas de desnutrição excedendo o limite crítico da OMS. Contudo, o Plano de Resposta Humanitária de 2023 recebeu apenas 18% dos US$ 674,1 milhões necessários para atender a 4,4 milhões de pessoas.

Desde o início dos combates no Sudão, a Agência para Refugiados (ACNUR) relatou que mais de 3,3 milhões de pessoas foram deslocadas internamente e através das fronteiras. Antes da crise, o Sudão abrigava 1,1 milhão de refugiados, principalmente do Sudão do Sul, Eritreia e Etiópia, e quase 4 milhões de deslocados internos.

Revista Sociedade Militar — Fontes Abertas / ONU — Robson Augusto

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Sociedade Militar