Forças Armadas

Militares dos EUA preocupados: China ganha acesso às reservas de lítio da Bolívia, estimadas em 23 milhões de toneladas

Mina de lítio no Salar de Uyuni na Bolívia, em imagem CBERS4. A uma altitude de 3.700m

Artigo publicado em revista militar dos Estados Unidos revela que tanto a Rússia quanto a China têm agora acesso às vastas reservas de lítio da Bolívia, estimadas em impressionantes 23 milhões de toneladas, as quais são consideradas as mais ricas do mundo.

Segundo o artigo na revista Diálogo Américas, publicação do SOUTHCOM financiada pelo Departamento de Defesa dos EUA, a Bolívia tem mostrado uma aparente preferência por essas duas nações, algo que gera inquietação entre especialistas e militares norte-americanos, devido aos padrões ambientais considerados questionáveis e às regulamentações frouxas que ambos os países aplicam às suas corporações, além dos riscos associados à corrupção e ineficiência.

O governo boliviano celebrou acordos significativos com entidades chinesas, incluindo o consórcio CATL BRUNP & CMOC (CBC) e a Citic Guoan Group. Além disso, em meados de dezembro, um acordo no valor de US$ 450 milhões foi assinado com a Uranium One Group, uma estatal russa e subsidiária da Rosatom. Este acordo concede à Rússia direitos significativos sobre as reservas bolivianas de lítio.

A Uranium One Group se comprometeu a investir na Bolívia ao longo de dois anos em um projeto-piloto na comunidade de Colcha K, em Potosi, que será desenvolvido em três fases. A primeira fase tem como objetivo a produção anual de 1.000 toneladas de carbonato de lítio, seguida por metas de até 8.000 toneladas na segunda fase e mais 5.000 toneladas na terceira fase. Este contrato marca o segundo acordo entre as partes, reforçando o papel fundamental da Rússia na extração de lítio na Bolívia e suscitando temores de um potencial desastre ambiental.

Por outro lado, a China solidificou sua presença na Bolívia com múltiplos acordos, incluindo um investimento de US$ 1,4 bilhão pela liderança do CATL no consórcio CBC para estabelecer duas plantas industriais de extração direta de lítio no Salar de Uyuni. Outro acordo com a Citic Guoan expandiu os direitos de exploração de lítio da China na mesma região, com um investimento adicional de US$ 90 milhões anunciado em janeiro de 2024.

A relação da CATL com o uso de trabalho forçado uigur foi criticada, destacando a ligação de parte significativa da indústria de lítio da China com violações de direitos humanos e trabalhistas, especialmente em Xinjiang, onde acusações de internação em massa e trabalho forçado de uigures e outros grupos minoritários foram credíveis.

A professora Stella Christina Schrijnemaekers, coordenadora dos cursos de Relações Internacionais, Comércio Exterior e Logística, no Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, enfatiza a importância da vigilância em relação aos impactos socioambientais negativos das atividades das nações vencedoras das licitações. Ela ressalta que, apesar das violações serem comuns à Rússia e à China, a responsabilidade pela proteção dos direitos humanos e do meio ambiente é global, cabendo também à Bolívia uma postura atenta. Este cenário ressalta a importância estratégica e a complexidade geopolítica que envolve as reservas de lítio na Bolívia, especialmente sob a ótica da defesa e segurança internacional.

Revista Sociedade Militar – com informações da revista Diálogo Américas

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Sociedade Militar