Em um ano marcado por um gigantesco apagão tecnológico que paralisou o mundo, a Marinha do Brasil reforça sua capacidade de defesa cibernética com a criação do Esquadrão de Guerra Cibernética. Assim como o Exército já conta com o Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), a Marinha agora possui uma unidade especializada para proteger seus sistemas e contribuir para a segurança nacional no ciberespaço.
A nova organização militar, subordinada ao Comando Naval de Operações Especiais, tem como objetivo principal prevenir e combater ameaças cibernéticas que possam afetar navios, viaturas e aeronaves da Marinha. A iniciativa ocorre em um momento de crescente preocupação global com a segurança cibernética, após o recente apagão tecnológico que afetou serviços essenciais em diversos países.
Ameaças cibernéticas em foco
“Em 2023, o Brasil foi o país mais visado por hackers na América Latina e o quarto no mundo”, alerta o Contra-Almirante (Fuzileiro Naval) Luís Manuel de Campos Mello, Comandante Naval de Operações Especiais. “Muitas destas ameaças provêm de criminosos, entretanto há indícios de que ações cibernéticas veladas de origem estatal podem estar em cena, caracterizadas, principalmente, como sabotagem digital.”
O Almirante Campos Mello destaca a importância da independência tecnológica para garantir a segurança cibernética do país. “A dependência tecnológica externa contribui para ampliar ameaças em diversos aspectos, uma vez que passamos a não controlar todo o ciclo de desenvolvimento e integração de nossos sistemas”, explica.
Investimentos e preparação
O Esquadrão de Guerra Cibernética será responsável por compor forças-tarefa de guerra cibernética singulares, combinadas e conjuntas, sendo estas ações realizadas nos locais das operações ou mesmo remotamente. A Marinha está investindo na qualificação de militares para o desenvolvimento de tecnologia própria e o novo Esquadrão deverá centralizar tanto recursos humanos quanto materiais, ampliando a capacidade de dissuasão da Força Naval brasileira.
Colaboração internacional
A Marinha também participa de treinamentos internacionais para aprimorar suas capacidades. Em maio, militares participaram do Cyber Flag 24-1, um dos principais exercícios multinacionais de combate cibernético, coordenado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Essas iniciativas estão alinhadas à Política Nacional de Cibersegurança e ao Comitê Nacional de Cibersegurança, promovendo uma abordagem colaborativa entre governo, sociedade civil, academia e setor empresarial.