A Escola de Guerra Naval da Marinha, um dos centros de altos estudos onde oficiais fazem mestrado militar, precisou tomar medidas sérias de cortes de gastos administrativos pra fechar as contas.
Segundo reportagem da Folha de São Paulo divulgada nesta quinta-feira, 1º de agosto, os elevadores só podem ser usados por pessoas com restrições físicas ou que precisam transportar cargas. Todas as demais precisam subir e descer os 5 andares de escadas da instituição.
Outra medida foi a limitação do uso de ar-condicionado. Os aparelhos só podem ser usados se a temperatura na capital fluminense for igual ou superior a 27°C. Fora isso, servidores foram orientados a deixar portas e janelas abertas durante o expediente.
Duzentos funcionários ligados à construção de submarinos em Itaguai (RJ) também foram demitidos.
Trecho de um dos comunicados internos obtidos pela Folha diz que o militar escalado de Fiel de Avarias vai fazer rondas pra verificar o cumprimento das medidas e informará ao vice-diretor da Escola as possíveis discrepâncias observadas.
Na última quarta-feira, 24 de julho, a direção da instituição também enviou aos servidores um comunicado sobre recesso administrativo de 5 a 16 de agosto. O próprio informe admite que a motivação da paralisação é corte de gastos.
Todo o arrocho tem relação direta com o congelamento de parte do orçamento do Ministério da Defesa. Em nota à Folha, a Marinha reiterou que sofreu 54% de redução no orçamento nos últimos 10 anos e que, com menos dinheiro, foi necessário atrasar projetos, perder mão de obra especializada, comprometer o desenvolvimento tecnológico e impactar o Programa Geral de Manutenções.
Até mesmo o Programa de Desenvolvimento de Submarinos, Programa Nuclear e o Programa de Obtenção de Navios-Patrulha foram afetados.
Em janeiro, o Ministério da Defesa sofreu 70% de corte nas verbas para custear o dia a dia da sede. Em abril a Defesa perdeu outros R$ 280 milhões. Já na última terça-feira, 30 de abril, foi divulgado corte de R$ 675 milhões na pasta. Parte do valor poderá ser devolvido à Defesa dependendo do resultado das contas públicas até o fim de 2024.O ministro José Múcio Monteiro ainda está decidindo como vai dividir o novo corte entre as 3 Forças Armadas. Até pouco tempo, ele ainda tinha esperança de que sua pasta não seria afetada, mas foi frustrado pela equipe econômica liderada por Simone Tebet. “Aqui a gente não aguenta mais corte”, desabafou.