Mesmo diante de todo avanço bélico, os casos em que animais são utilizados como “espiões” e “agentes secretos” continuam sendo registrados. O caso mais recente envolveu uma baleia da espécie Beluga que foi encontrada morta, aparentemente a tiros, em uma praia da Noruega.
Apelidada de Hvaldimir” — uma combinação da palavra norueguesa para baleia, “hval”, e o primeiro nome do presidente russo Vladimir Putin, o dócil animal marinho foi visto pela primeira vez em 2019 na ilha de Ingoya, no norte da Noruega, a cerca de 300 km da fronteira marítima russa.
Na ocasião, a beluga tinha em seu corpo uma espécie de cinto com suporte para o que parecia ser uma pequena câmera. No cinto estava a inscrição “Equipment St Petersburg”. O serviço de inteligência da Noruega presumiu então que o animal vivia em cativeiro na Rússia, até mesmo porque ela se dava muito bem com as pessoas e não se intimidava com a presença de humanos, o que confirma o fato de que ela foi criada na presença de humanos.
Contudo, até hoje o governo russo nunca confirmou a história de Hvaldimir. Por outro lado, a marinha russa é conhecida por treinar baleias com objetivos militares. A ONG Marine Mind que acompanhava e monitorava a baleia está apurando o que pode ter causado a morte do animal. A baleia Hvaldimir viveu cerca de 15 anos, segundo estimativas dos biólogos da ONG, contudo, em condições normais na natureza, o animal poderia viver até 60 anos.
Por que animais são usados como “agentes secretos”?
A prática de explorar animais para usos militares é antiga. Diversos países ao redor do mundo já fizeram uso de animais na tentativa de sabotar exércitos inimigos, defender território ou espiar práticas militares de outros países.
Os animais são escolhidos para essas “tarefas” por possuírem habilidades especificas, como é o caso dos golfinhos que possuem ótima visão embaixo d’água e pela sua capacidade de ecolocalização, dos morcegos que possuem visão noturna, dos cães que são ótimos farejadores ou dos pássaros que podem sobrevoar espaços aéreos sem levantar suspeitas.
Os animais também são discretos, possuem ótima mobilidade e podem acessar locais sem serem notados, o que não aconteceria com os humanos. Isso sem falar no custo desse tipo de “abordagem”, muito mais barato do que desenvolver novas tecnologias, por exemplo.
Por outro lado, defensores dos direitos animais são críticos ferozes desse tipo de operação militar, destacando a exploração, sofrimento e risco que esses animais são submetidos.
8 vezes que animais foram “agentes secretos”
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Golfinhos da Marinha dos EUA
Os golfinhos são conhecidos por sua inteligência e habilidades de navegação subaquática, o que os torna úteis em missões militares. Desde a Guerra Fria, a Marinha dos EUA treinou golfinhos para localizar minas submersas, identificar submarinos e até mesmo impedir que mergulhadores inimigos se aproximem de navios. Com seus sistemas de ecolocalização, eles podem detectar objetos debaixo d’água com grande precisão.
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Pombos na Segunda Guerra Mundial
Durante a Segunda Guerra Mundial, os pombos-correio desempenharam um papel crucial na entrega de mensagens em áreas de difícil comunicação. Pombos foram usados para enviar mensagens confidenciais e evitar interceptação por inimigos. Um famoso pombo, chamado Cher Ami, salvou quase 200 soldados americanos ao entregar uma mensagem vital sob fogo inimigo.
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Gatos espiões da CIA
Na década de 1960, a CIA lançou um projeto secreto chamado Acoustic Kitty, no qual um gato foi equipado com dispositivos de escuta para espionagem. O objetivo era que o gato, aparentemente inofensivo, se aproximasse de alvos soviéticos para captar conversas. O projeto falhou porque o gato, na primeira missão, foi atropelado por um carro logo após ser solto.
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Golfinhos da Marinha Russa
Assim como os EUA, a Marinha Russa também usou golfinhos em operações militares. Na Guerra Fria, golfinhos foram treinados para localizar minas, detectar submarinos e, potencialmente, atacar mergulhadores inimigos. Durante a Guerra da Crimeia, relatos indicaram que a Rússia estava reativando programas de golfinhos treinados.
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Morcegos-bomba dos EUA
Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos desenvolveram um plano para usar morcegos como bombas vivas. A ideia era equipar morcegos com explosivos que seriam lançados sobre cidades inimigas. Esses animais se esconderiam em edifícios, onde os explosivos detonariam, causando destruição. No entanto, o projeto foi abandonado após uma série de testes malsucedidos.
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Leões-marinhos da Marinha dos EUA
Os leões-marinhos, assim como os golfinhos, foram treinados pela Marinha dos EUA para localizar e recuperar objetos submersos. Eles têm uma visão excelente debaixo d’água e são treinados para detectar minas e outros equipamentos militares.
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Corvos na espionagem moderna
Recentemente, houve relatos de que países como a China teriam usado corvos ou outros pássaros para operações de vigilância, equipando-os com pequenas câmeras ou dispositivos de escuta. Embora a viabilidade dessa prática ainda seja debatida, a inteligência de corvos os torna candidatos potenciais para missões de coleta de dados.
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Ratos como detectores de minas
Ratos, principalmente a espécie rato-gigante-africano, foram treinados para farejar minas terrestres em várias regiões afetadas por guerras, como a África e o Sudeste Asiático. Embora não sejam exatamente “espiões”, esses ratos contribuem para as operações militares ao localizar minas de forma eficiente.