No dia 14 de dezembro de 2018, o Brasil deu um importante passo em sua defesa marítima ao lançar ao mar o submarino Riachuelo, o primeiro de quatro submarinos convencionais da classe Scorpène, projetados e construídos com modificações específicas para atender aos requisitos da Marinha do Brasil. Este evento marcou um avanço tecnológico significativo para o país e consolidou o Brasil como uma potência naval na América Latina.
A classe Riachuelo da Marinha do Brasil: tecnologia de ponta
A classe Riachuelo, baseada no modelo Scorpène, desenvolvido pela francesa Naval Group, apresenta várias modificações feitas para aprimorar sua capacidade de combate e adaptá-la às necessidades operacionais brasileiras. Comparado aos submarinos de outros países da América Latina, o Riachuelo se destaca como o mais moderno e com maior capacidade de combate da região. A versão chilena do Scorpène, embora também seja uma das mais avançadas, não alcança o mesmo nível de sofisticação.
Um dos aspectos que diferenciam a versão brasileira da versão chilena é o tamanho. O Riachuelo mede 71,6 metros de comprimento, 5,2 metros a mais do que o modelo utilizado pelo Chile, que tem 64,4 metros. Essa diferença não é meramente estética, pois o maior comprimento do submarino brasileiro permite mais espaço para armazenamento de combustível, suprimentos e outras melhorias logísticas, que se refletem diretamente na sua autonomia operacional.
Superioridade em armamentos
O Riachuelo também supera o Scorpène chileno em termos de poder de fogo. A versão brasileira pode transportar até 18 torpedos F21 de 533 mm e oito mísseis SM39, em comparação com os 18 torpedos e quatro mísseis da versão chilena. Essa superior capacidade de armamento confere ao Brasil uma vantagem estratégica em potenciais cenários de combate.
Além disso, a autonomia do submarino brasileiro é outro ponto de destaque. O Riachuelo pode permanecer até 70 dias no mar, enquanto o submarino chileno tem uma autonomia de 50 dias. Essa diferença de 20 dias a mais em operações contínuas é crucial para missões de longa duração e em águas distantes.
Desempenho e capacidade de submersão
Outro fator que posiciona o Riachuelo à frente de outros submarinos na América Latina é seu deslocamento e capacidade de submersão. Quando na superfície, o submarino brasileiro desloca 1.870 toneladas, enquanto submerso, seu deslocamento aumenta para 2.200 toneladas. O modelo chileno, por sua vez, desloca 1.525 toneladas na superfície e 1.668 toneladas submerso. Ambas as versões, no entanto, têm a capacidade de operar a uma profundidade máxima de até 300 metros.
A importância da transferência de tecnologia
Uma das maiores vantagens da classe Riachuelo em relação aos submarinos de outros países latino-americanos é a transferência de tecnologia associada ao projeto Scorpène. Diferente do Chile, Peru e outros países da região, que compraram submarinos prontos, o Brasil adquiriu o conhecimento necessário para modificar e até desenvolver seus próprios submarinos no futuro. Isso dá ao Brasil uma capacidade estratégica única, permitindo uma maior independência e flexibilidade para atualizar sua frota e adaptá-la às novas exigências de defesa.
O futuro da frota da Marinha do Brasil
O lançamento do Riachuelo é apenas o começo de um projeto ambicioso da Marinha do Brasil. O programa prevê a construção de outros três submarinos convencionais da mesma classe e, futuramente, o desenvolvimento de um submarino com propulsão nuclear, o Álvaro Alberto. Esse esforço é parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), que visa modernizar e ampliar a capacidade de defesa do país.
Com a classe Riachuelo, o Brasil reafirma seu compromisso com a soberania de suas águas territoriais e sua posição de liderança militar na América Latina. O desenvolvimento de submarinos de última geração, aliado à transferência de tecnologia, coloca o país em uma posição privilegiada para enfrentar os desafios geopolíticos da região e garantir a segurança de seus recursos marítimos.