Uma onda de migração em massa de militares da Marinha para a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) chamou a atenção recentemente nas redes sociais. De acordo com a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Polícia Militar (SEPM), a imagem que viralizou e foi compartilhada no perfil Militar Audaz no Instagram, foi captada na Diretoria de Recrutamento e Seleção de Pessoal (DRSP), localizada em Sulacap.
A corporação esclareceu que os militares se apresentaram devidamente fardados, conforme previsto em regulamento, e estão na terceira fase do processo seletivo do concurso de soldados de 2023, preenchendo as Fichas de Informações Confidenciais. O que chamou a atenção foi o número expressivo de militares da Marinha presentes nesse grupo. A imagem divulgada gerou uma grande repercussão, especialmente pela quantidade de comentários que destacaram o fenômeno.
Um dos principais pontos discutidos foi a aparente insatisfação desses militares com suas carreiras nas Forças Armadas, levando-os a buscar novas oportunidades na Polícia Militar. Nos comentários da postagem, um dos usuários ironizou a situação ao mencionar os civis que perguntam se a Marinha está indo bem: “Os paisanos perguntando se a Marinha está boa, olha aí a resposta kkkkkkkk”. A discussão evoluiu para temas como salário, escala de serviço e plano de carreira, que muitos consideram melhores na PMERJ do que na Marinha.
Alguns relatos apontam que a insatisfação com a remuneração e as condições de trabalho nas Forças Armadas são fatores decisivos para essa migração. Um usuário explicou: “O plano de carreira nas PMs é infinitamente melhor. Além disso, entrar como soldado é apenas o primeiro degrau, pois eles podem ir para o curso de sargento e oficiais bem rápido”.
Outro ponto levantado foi a questão salarial, com usuários ressaltando que um soldado da PM do Rio de Janeiro chega a ganhar tanto quanto um terceiro-sargento da Marinha, além de passarem mais tempo em casa devido à escala de serviço. “Soldado da PM ganha igual a 3º sargento da Marinha, fora o tempo em casa. Mas são escolhas, pois também corre mais risco”, comentou outro.
A situação também foi analisada por Robson, editor-chefe da Revista Sociedade Militar e militar da reserva da Marinha do Brasil. Ele destacou que, enquanto na Polícia Militar o soldado recém-formado recebe um porte de arma, simbolizando um “atestado de credibilidade”, nas Forças Armadas, a realidade é bem diferente. “O militar na Marinha e nas Forças Armadas em geral recebe um ‘atestado de desconfiança’ diante dos superiores. Porte de arma? Isso é quase impossível, o que tem uma implicação simbólica muito grande, pois a negativa representa algo como ‘não confiamos em você’”, explicou.
Além disso, Robson apontou que muitos militares são obrigados a realizar tarefas que fogem do propósito militar, como pintar muros ou servir de garçom em eventos. Ele também destacou a escala de serviço desumana e os baixos salários como fatores que impulsionam a saída de militares para outras corporações. “A escala de serviço desumana, a questão salarial e a falta de progressão na carreira são fatores que pesam muito na decisão de abandonar a Marinha”, concluiu.
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