Um artigo acadêmico publicado pela Escola Superior de Guerra (ESG), que acaba fazendo uma análise sobre a “inexistência de uma Grande Estratégia brasileira para o século XXI”, revela que o Brasil tem um gigantesco potencial para se tornar rapidamente uma das cinco maiores potências mundiais, baseando-se em quatro arquétipos geopolíticos fundamentais que posicionam o país como superpotência energética, alimentar, aquífera e ambiental.
O estudo, que acaba incomodando no bom sentido, já que chama autoridades e sociedade como um todo para as possibilidades que o país possui, propõe uma revolucionária “Grande Estratégia Nacional” fundamentada em três tríades estratégicas: “… formular uma Estratégia de Segurança Nacional, que saiba articular os elementos do Poder Nacional, transformando poder potencial em poder real e projetando o País no concerto das nações, notadamente a partir dos seus quatro arquétipos geopolíticos fundantes, que posicionam o Brasil como uma superpotência energética, uma superpotência alimentar, uma superpotência aquífera e ambiental (superpotência verde).”
Potencial estratégico nacional
O professor Guilherme Sandoval Góes, coordenador do Programa de Mestrado em Segurança Internacional e Defesa da ESG, destaca que “o Brasil é o único país com dimensão geopolítica suficiente para exercer a liderança regional, traçando um futuro autônomo para o mundo sul-americano”.
A pesquisa identifica que o país possui massa crítica significativa, com território de aproximadamente 14,2 milhões de quilômetros quadrados (incluindo a Amazônia Azul) e população superior a 203 milhões de habitantes, segundo o Censo 2022 do IBGE.
As três tríades estratégicas
O estudo propõe uma estrutura inovadora baseada em três eixos fundamentais:
- Tríade Sul-americana: Integração entre Arco Amazônico, Comunidade Andina e Cone Sul
- Tríade Atlântica: Amazônia Azul, projeção para África Ocidental e Frente Antártica
- Tríade do Poder Mundial: Relações estratégicas com EUA, Europa e China
Henry Kissinger, citado no estudo, ressalta que “o período que vai de 1948, talvez, até a virada do século marcou um momento fugaz na história humana em que era possível falar de uma incipiente ordem global”.
Converter poder potencial em poder real
O artigo identifica que o principal obstáculo que hoje existe para a ascensão brasileira está na conversão do poder potencial em poder real. Como destaca o documento, “o Brasil é considerado um dos maiores produtores de matérias-primas e detentor de biodiversidade no mundo, porém o processamento de muitas dessas matérias-primas não é realizado aqui, mas sim no exterior”.
Perspectivas
O Brasil, portanto, possui todos os elementos necessários para se tornar uma das cinco maiores potências mundiais. Entretanto, é preciso superar o momento político atual e desenvolver uma Grande Estratégia Nacional efetiva. A proposta apresentada no artigo publicado pela ESG oferece um caminho concreto para essa ascensão, baseado nas potencialidades naturais do país e em uma visão estratégica de longo prazo.
O estudioso deixa claro ainda que na sua visão o Brasil tem duas opções, ou será um eterno subordinado dos Estados Unidos ou assume de vez o seu papel na liderança regional e mundial.
… o Brasil é o único país com dimensão geopolítica suficiente para exercer a liderança regional, traçando um futuro autônomo para o mundo sulamericano. O apotegma é simples: “Ou o Brasil assume sua natural liderança na América do Sul, ou então se subordina geopoliticamente a um ou mais centros de poder, principalmente China ou Estados Unidos”
O sucesso – portanto – fica claro no texto, dependerá da capacidade do país em converter seu imenso potencial em poder real, através do desenvolvimento de núcleos estratégicos próprios e da implementação de políticas consistentes de desenvolvimento nacional.
Texto completo no site da ESG
Revista Sociedade Militar