Diante da possível saída de José Múcio Monteiro do Ministério da Defesa, o governo Lula cogita colocar o vice-presidente Geraldo Alckmin para comandar as Forças Armadas. As informações são da colunista da Folha de São Paulo, Mônica Bérgamo, divulgadas nesta quinta-feira, 19 de dezembro.
Alckmin comanda atualmente o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e teria a serenidade e autoridade necessárias para o cargo, além de contar com a confiança de Lula.
Múcio teria ventilado que sua missão de apaziguar a relação do presidente com as Forças Armadas já teria sido cumprida e deve ter uma conversa com Lula nos próximos dias para decidir sobre sua permanência no governo. O ministro só teria aceitado o cargo em nome da sua lealdade ao petista.
Entretanto, interlocutores dele e do presidente deixam claro que a verdadeira gota d’água para Múcio foi o vídeo da Marinha publicado no dia 1º de dezembro nas redes sociais ironizando os supostos benefícios de militares em plena discussão do acordo da inclusão das Forças Armadas no pacote de corte de gastos da equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Tanto Haddad quanto Lula teriam ficado muito irritados com a repercussão do vídeo e foram para cima de Múcio, que alegou desconhecer a campanha publicitária. O episódio pôs fim à autonomia que os militares tinham para criar campanhas sem precisar do aval do ministro da Defesa e ainda quase causou a demissão do Comandante da Força Naval, Marcos Sampaio Olsen. O Almirante de Esquadra segue na corda bamba.
Outras consequências foram o estremecimento da relação da cúpula dos militares com o governo, que já estava bem melhor em relação ao início de 2022, e a desistência de Lula de só adotar a idade mínima de 55 anos pra transferência pra reserva remunerada em 2043. Com a irritação do presidente, venceu a proposta da Fazenda de adotar completamente a regra já em 2032.