O Comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, criticou as baixas remunerações dos militares das Forças Armadas no Brasil.
Em entrevista à colunista de O Globo, Bela Megale, em 8 de janeiro, o Almirante de Esquadra afirmou que “a remuneração dos militares entre todas as carreiras de Estado é uma das menores”.
Na conversa, Olsen também deu a entender que falta reconhecimento dos militares.
“Você não compensa militar com salário, mas demonstração de reconhecimento pelas condições a que estão sujeitos. Se não houver, por parte do comandante da Força, esse aspecto de valorização, de que maneira vamos demonstrar essa gratidão para aqueles que visam a atender a sociedade?”
Pedidos de transferência para a reserva em alta
O Comandante da Marinha ainda revelou que os pedidos de transferência para a reserva aumentaram 8 vezes na Força Naval após o início do debate sobre mudanças na aposentadoria dos militares.
À Megale, Olsen disse que o aumento considerável foi observado nos meses de novembro e dezembro.
“Temos uma taxa de evasão altíssima. O simples anúncio de que se discutia a mudança na aposentadoria já fez o número de transferências para a reserva a pedido ser muito grande (…) A gente tinha meia página de pedidos de militares e passamos a ter 4 páginas”.
Atratividade da carreira militar em crise
No dia 9 de janeiro a Sociedade Militar revelou que a debandada de pilotos da FAB (Força Aérea Brasileira), oficiais que recebem grande investimento para sua formação, continua a escalar.
Segundo levantamento feito pelo portal, só em 2025 já pediram baixa da FAB 1 engenheiro, 3 médicos e 8 aviadores, incluindo 1 major.
Outro levantamento feito pela Sociedade Militar, divulgado em 8 de dezembro, aponta que o número de interessados em concursos das Forças Armadas têm caído drasticamente nos últimos anos.
No caso da EAM (Escola de Aprendizes-Marinheiros), por exemplo, o número de inscritos caiu 58,47% em 2024 em relação a 2017.
Comandante da Marinha esteve perto da demissão
Resta saber se as novas declarações de Olsen causarão algum tipo de atrito com o governo. O Almirante de Esquadra ficou perto de ser demitido pelo presidente Lula devido à publicação de um vídeo em 1º de dezembro ironizando os supostos privilégios dos integrantes das Forças Armadas.
O período era de discussão sobre a inclusão da previdência militar no pacote de corte de gastos orquestrado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A peça recebeu muitas críticas dos civis nas redes sociais e foi interpretada como ataque direto ao governo, principalmente pelo Partido dos Trabalhadores, e estremeceu as relações do Comandante da Marinha com o presidente da República e com Haddad.
Múcio organizou um almoço para colocar panos quentes no atrito de Olsen com Lula e planeja fazer o mesmo em relação ao ministro da Fazenda.
O vídeo teve que ser excluído para Lula desistir, ao menos por ora, de demitir Olsen ou pedir a cabeça do Diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha, Contra-Almirante Alexandre Taumaturgo Pavoni. Entretanto, a postagem custou a autonomia que as Forças Armadas tinham de criar campanhas publicitárias sem necessidade do aval do ministro da Defesa.
Militares terão reajuste salarial de 9% até 2026
O governo reservou R$ 3 bilhões para conceder reajuste salarial de 9% aos militares das Forças Armadas após negociação de Lula e Múcio. O aumento, que abrange tanto militares da ativa quanto da reserva e pensionistas, será dividido em duas vezes: 4,5% em abril de 2025 e 4,5% em 2026.