Cientistas chineses alcançaram uma conquista histórica ao manter um plasma a mais de 100 milhões de graus Celsius por mais de 17 minutos em seu reator experimental. Esse feito coloca a China na vanguarda da pesquisa em fusão nuclear, uma tecnologia promissora para a produção de energia limpa.
O experimento, realizado no dispositivo conhecido como “sol artificial”, representa um importante avanço na busca por uma fonte de energia inesgotável e livre de emissões de carbono. A fusão nuclear, processo que ocorre no interior das estrelas, é vista como a “solução definitiva” para os problemas energéticos da humanidade.
Na última segunda-feira, o South China Morning Post noticiou a instalação Experimental Advanced Superconducting Tokamak (EAST), em Hefei, que atingiu a marca de 100 milhões de graus Celsius, temperatura seis vezes superior à do núcleo do sol, mantendo o plasma nessa condição por 1.066 segundos — o maior tempo já registrado.

Esse avanço supera o recorde anterior de 403 segundos, estabelecido pelo próprio EAST em abril de 2023, e representa um passo crucial no desenvolvimento de reatores de fusão nuclear. A fusão, processo que alimenta as estrelas, é vista como a solução para a geração de energia limpa, com potencial para suprir a demanda mundial sem os impactos ambientais dos combustíveis fósseis.
O projeto chinês, conhecido como “sol artificial”, visa simular as condições de fusão nuclear controlada na Terra. Para isso, o plasma precisa ser aquecido a temperaturas extremas e mantido estável por longos períodos, algo que foi demonstrado com sucesso nesta nova experiência. O resultado dessa pesquisa oferece uma visão promissora sobre a viabilidade de usinas de fusão como fonte contínua de eletricidade.
“Para obter plasma autossustentável e permitir que usinas de energia de fusão gerem eletricidade continuamente, um dispositivo de fusão deve operar de forma altamente eficiente em um estado estável por milhares de segundos”, explicou Song Yuntao, diretor do Instituto de Física de Plasma de Hefei. O recorde alcançado é uma etapa vital para atingir essa estabilidade, considerada um dos maiores desafios no caminho para a construção de reatores de fusão.
Embora o núcleo do sol atinja cerca de 15 milhões de graus Celsius, a fusão na Terra exige temperaturas bem mais altas devido à diferença de massa entre nosso planeta e a estrela. “Cruzar o limite de 100 milhões de graus e 1.000 segundos demonstrou nossa capacidade de simular o ambiente operacional de uma futura usina de energia de fusão”, disse Sun à agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
Com esse novo feito, os cientistas demonstraram que a simulação do ambiente operacional de uma futura usina de fusão é, agora, uma possibilidade mais tangível.
A marca atingida pelo EAST oferece aos pesquisadores da China uma vantagem significativa, colocando-os em uma posição de destaque na corrida pela fusão nuclear, cujas promessas incluem energia praticamente ilimitada e sem emissões de carbono.